sábado, 17 de maio de 2008

equilíbrio

Exercício do dia: abdicar de preencher cada segundo de meio sábado de folga para sentar e escrever, sem pressa, sem stress. Tema livre.
Fazia tempo que eu não ficava completamente só. A casa vazia, e eu quieta aqui. Não tinha me dado conta, mas andava fugindo da solidão feito diabo da cruz. Logo a solidão, minha velha amiga, que costumava ser tão bem vinda... Fazia tempo que eu não desfrutava, na prática, de um período de verdadeiro ócio, um tempo entre mim e eu mesma. Tempo livre andava servindo pra correr, cozinhar, ler, pagar contas, encontrar alguém. Há tempos que eu só deitava a cabeça no travesseiro quando meu corpo estivesse esgotado, pra acordar ansiosa antes do despertador tocar.
Por que essa dificuldade em lidar com aquilo que me dói, se a angústia é bem mais massacrante do que a tristeza, e se a dor só vai embora depois que a gente deixa ela entrar e fazer uma visita completa, com bolo, cafezinho e muitos dedos de prosa?
Começo a me convencer disso. Não por mera obra da minha perspicácia ou de uma aguçada auto-crítica, devo confessar. Mas o fato é que não importa se o alerta veio de fora, eu ouvi e acatei.
A verdade é que não faz sentido levar tudo o que se gosta aos extremos da intensidade. Se eu amo cozinhar e quero trabalhar com isso pro resto da vida, pra que passar 20 horas ininterruptas na cozinha e sair de lá um caco delirante? Se correr me faz tão bem, o que eu busco correndo 3 horas sem parar, sugando toda a minha energia e inundando meu corpo de ácido lático? Amo vinho, mas 3 garrafas são realmente necessárias?
Parece auto-flagelo, ou uma necessidade inconsciente de transformar meus maiores prazeres em sacrifícios penosos, pra alimentar o ciclo paixão-excesso-abandono.
Não quero mais isso. Quero a vida integral, paz de espírito, capacidade de contemplação. Quero ir pra praia no frio e passar horas olhando o mar, andando na rede, comendo negrinho da panela (sem converter calorias em quilômetros a serem percorridos). Quero levar um saco de bergamota pro parque e lagartear até o sol ir embora. Quero ter tempo de secar o cabelo depois do banho, sem precisar sair correndo pro próximo compromisso. Quero trabalhar e depois sair caminhando sem pressa pelas minhas ruas preferidas da cidade. Quero ver todos os tons do outono em Porto Alegre. Quero papear sem pensar em sair dali. Quero acordar tarde e ficar um tempão na cama. Quero sentar em um café e ficar vendo a vida passar. Quero ir ao cinema no meio da tarde. Quero sentar no sofá com meus irmãos e um cobertor bem grande, vendo um filme bem bobinho. Quero encontrar aquelas amigas de anos atrás e ouvir todas as histórias do tempo que a gente passou sem se ver. Quero conhecer aquela pessoa de verdade, bem aos pouquinhos. Quero conversar com a minha bisa e continuar atenta quando ela começar a variar. Quero escrever sobre tudo isso de vez em quando. Quero cada momento, bom ou ruim, mas inteiro.
E agora que eu lembrei o que eu quero, quero mais é desligar o computador e curtir o que resta do meu sábado.

domingo, 4 de maio de 2008

Preciso aprender a ser só

1 hora da madrugada, 3 horas da madrugada, 4 horas da madrugada, 5 horas, 6 horas. Chega! É o meu limite! Não dá mais.
Me levanto e enxáguo o rosto tentando tirar a fúria da minha pele, e da cabeça, o pensamento que me tira o sono. Preciso dormir e não posso. Não estou à vontade... é como se eu dormisse com o inimigo. Chegaste ao teu limite.
Vamos ser companheiros ou não?
Te quero tranqüilo e não exaustivo.Me quero tranqüilo e não exaustivo.
É horrível me dar conta de que somos uma coisa só. Me sinto como tu te sentes e não consigo nos separar. Gostaria de separar. Não o corpo, mas os sentimentos. Está tudo misturado e... delirante. No meio do caos não encontro os pedaços de nós mesmo.
Ahhhhhh.... só quero estar bem, ficar bem e esquecer isso. Isso!
Porque me abalar? Porque um sentimento traz outro, outro e outro?
Tenho pavor de carência. Tudo é tão complicado assim. Quero a vida sempre assim, mas sem você perto de mim quero, também, ser feliz. Falta uma questão que não sei se conseguirei:
preciso aprender a ser só e sofrer menos.
Porque é tão difícil criar e manter minha vida a partir de mim mesmo? Que raiva de saber que outros têm poder, dado por mim mesmo, de mudar minha rotina, nem que seja de um único dia. A nossa carência leva a burrice e a burrice ao descontrole. É... nós somos um mal para nós mesmos.
Preciso aprender a ser só.

...pensamentos, teorias e devaneios...