quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Saudade de acordar de manhã e não saber como o dia vai acabar... Escolher a linha de metrô com mais nomes curiosos e andar por ruelas desconhecidas... Esquecer a fome, ignorar os pés doloridos, caminhar, caminhar... aceitar o convite de gramados ensolarados e bancos solitários a um dolce far niente... Aprender mapas, línguas, pessoas...
Me fazem falta também os dias cheios, compromissos cronometrados, quando sentar em um café, parar alguns instantes sob o sol e cantar uma música a plenos pulmões têm um gostinho de pequenas e deliciosas transgressões.
O que anda sobrando: um curso cada dia mais insuportável onde eu devo dar as caras diariamente, de segunda a SÁBADO; ter que pensar nas compras pro almoço às 8 da manhã; o trânsito (leva e traz das crianças, hora do rush, horário eleitoral, impossível de ler um livro no trajeto); TPM (nunca fui disso...); reclamações e caras feias (dos outros, as minhas eu guardo pra mim); tempo (quanto mais se tem, menos se faz); filmes em cartaz (como posso não ter visto nenhum ainda?); conforto incômodo.
Transições. São assim mesmo, né? Vai passar, em breve, eu sei. Ciente do que deve ser feito, e devidamente abastecida de cafeína, com licença, que eu vou à luta. Um bom dia!

domingo, 24 de agosto de 2008

ressaca

Preciso parar de beber tanto... Não excluir o álcool da minha vida, não sou - mais - tão radical. Mas a primeira frase é dita e pensada a sério, não é o discurso vazio e mentiroso que a gente faz quando acorda como se um hipopótamo estivesse sentado sobre a nossa testa. Até porque o hipopótamo curiosamente não senta mais sobre a minha testa nas manhãs pós-bebedeira. Ou ele perdeu peso. Não tenho mais ressaca! "Mas que maravilha", me dirias tu. Beber litros, misturar de tudo um pouco, e acordar pronta pra corrida matinal: parece o melhor de dois mundos!
Acontece que não é bem assim. Quando se deixam de perceber os sintomas do trago, é porque o corpo já anda tão acostumado a ser inundado por vinho, cerveja, mojito e afins, que não dá mais a mínima. Comporta-se normalmente, como se na noite anterior o proprietário da carcaça tivesse tomado um copo de leite morno, assistindo à Noviça Rebelde no dvd.
O resto do quadro pós-etílico é mais ou menos igual: acordar de manhã e se ver com a roupa da noite anterior; encontrar um pé da bota ao lado da cama, e o outro um lance de escadas abaixo; conferir o celular com medo do estrago eventualmente feito (nem foi tanto assim... erros de ortografia teriam me incomodado mais); e passar as primeiras horas do dia meio sem saber o que fazer. Hoje, em particular, eu pretendia sair pra correr logo que levantasse, mas Porto Alegre tá em seus dias de lousy weather... talvez ainda vá caminhar a esmo com minha sombrinha-marquise, já tava mesmo sentindo falta de caminhadas chuvosas. Por ora, fiquei no computador lendo blogs, baixando músicas, ouvindo Piaf e pensando que eu não quero acabar como ela...

sábado, 23 de agosto de 2008

CARA NOVA

Mudei a cara do blog.


Como a Mari e o Pato não estão dando as caras por aqui ultimamente, me senti à vontade para tanto.

Do outro jeito tava muito cheio de coisas, estampas, elementos de mais. Como eu tô numa fase mais clean, que assim seja.
Escrever.



Como eu queria escrever bem. Porque escrever, passar para o papel (ou para a tela) desordenadamente pensamentos, teorias, reflexões, qualquer um faz (como eu, aqui neste blog). Agora escrever BEM...ah, isso é outra coisa. Definitivamente.

O mesmo que eu comentei uma vez aqui sobre a arte, se aplica à escrita para mim.: não sei analisar técnica. Aprecio um texto quando ele me toca e principalmente quando ao ler, eu penso: "é isso mesmo! é verdade! como é que ele pôde perceber isso?".

Sensibilidade. Aí está o segredo de um bom escritor.

Cada um a sua maneira, em romances, poesias ou em crônicas do cotidiano, os bons escritores para mim são aqueles que tem a sensibilidade de transcrever coisas - triviais ou profundas - que todos notamos, mas que não temos o dom de perceber que sabemos. Eu gosto muito de um texto, quando ao ler penso que aquilo que está sendo dito É ÓBVIO, como é que eu nunca tinha pensado????

Dando uma bisilhotada pelos blogs, me deparei com o da Carol Teixeira. Filósofa e figura conhecida aqui de Porto Alegre, entrei só para ver uns lances do casamento dela que tinham me contado e não consegui mais sair. Fiquei h-o-r-a-s lendo, lendo, lendo. Amei os textos, amei as citações, amei as dicas. Tudo que eu lia, pensava: "putz, é mesmo", "bah, beem assim", "comigo também", "meu deus, como é que ela se deu conta disso?", "lindo isso", entre outras milhares de constatações do tipo. Ou seja, pela minha definição de bom escritor, só tenho a dizer: MUITO BOM.

Vai lá: http://www.carolteixeira.com.br/

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Telona verde-amarela

Adoro, amo, gosto muito de filme brasileiro. Acho que, quando bem feito, a gente se identifica, recnhece a nossa realidade na tela, se espelha nos atores e acaba se emocionando em dobro. É claro que tem muita porcaria, mas os bons são MUITO BONS. Cidade de Deus, sem dúvidas, está entre meus dez filme favoritos... de TODOS que eu já assisti. Dois filhos de Francisco e Ônibus 174 (é documentário, mas entra na lista), são outros dois que eu gostei muito. Porque emocionam - emocionar é um dom dos bons filmes brasileiros - além de retratar a realidade como poucos. Tem ainda Central do Brasil, Casa de Areia, Abril Despedaçado,Não por acaso... E agora assisti um que, apesar de alguns probleminhas técnicos pequenos, me tocou muito, muito mesmo. Ainda não estreou em Porto Alegre, então por enquanto só vendo o trailer (MAS QUANDO CHEGAR, VEJAM CORRENDO!!!!!!):

ERA UMA VEZ



Ainda tô na expectativa de mais três filmes brasileiros que eu acho que vão ser muito bons também: Linha de passe, que ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes e é do já consegrado Walter Salles, Os desafinados, que conta um pouquinho da história da Bossa Nova e Nome próprio, baseado no livro da Clarah Averbuck com a Leandra Leal no papel principal (vale a pena ver o blog do filme: http://nomepropriofilme.blogspot.com).




Heath Leadger




S - E - N - S - A -C -I -O -N -A -L
Não sou a maior fâ de filmes de super heróis, nem desses filmes americanos de ação, com muitas perseguições, efeitos especiais, malabarismos técnicos. Sempre fui da opinião que um bom roteiro vale muito mais que um orçamento gigante e pirotecnia... todo o poder de um filme, na minha opinião, está no roteiro.
Só que "Batman - The dark knight" me fez concluir que um bom ator também tem esse poder.
Heath Leadger está incrível como Curinga. Ele entrou no personagem, desviando com destreza do provável erro de torná-lo caricato demais e tornando-o palpável. Foi, sem sombra de duvidas, o maior responsável pela qualidade do filme.
Ficaram duas certezas: um, que perdemos um ator magnífico. Dois, que filmes do Batman não terão mais o Curinga - ficou impossível alguém interpretá-lo agora.
Foi uma daquelas poucas atuações para entrarem na história do cinema.
E a frase do filme:
"Ou você morre herói, ou vive o suficiente para se tornar o vilão"

É de pensar, não?


sexta-feira, 15 de agosto de 2008

MARAVILHOSA

Eu sempre fui muito bairrista. Adoro o Rio Grande do Sul e sou extremamente ligada com as minhas "origens". Morro de saudades de Porto Alegre, Mostardas e São Simão quando viajo e é só alguém falar mal de qualquer um desses lugares para eu ficar no mínimo irritada.
Eu gosto de me sentir "em casa" nos lugares, e aqueles em que eu cresci e que eu conheço cada cantinho me proporcionam isso.
Acho que por isso eu nunca ambicionei muito morar fora. Enquanto minhas amigas sonhavam em morar na Europa, em Santa Catarina, na Austrália, eu sempre quis ir, mas voltar para cá. Viajar sim, viajar muito, mas voltar no final.
Amo viajar, se eu posso coloco o pés na estrada, mas gosto de saber que a minha cidade, as minhas coisas, minha família e meus amigos me esperam na volta. Pode ser uma viagem longa, de mais de ano, mas preciso saber que eu vou voltar.
Apesar de eu ser louca por praia e verão, gosto das estações do ano bem definidas, como é aqui. Não sei bem, mas sempre tenho a impressão de que a gente precisa do inverno para dar o devido valor ao verão.
Bom, discorri bastante só para dizer que todas essa convicções caem por terra quando o assunto é o Rio de Janeiro.
Porque eu gosto tanto do Rio????
Já conheci muitos lugares na minha vida, mas poucos me tocam como o Rio me toca.
É por ser praia? Com certeza ajuda, mas definitivamente não é só isso.
Já conheci praias incríveis, mas nenhuma me deu vontade de ficar para sempre. Nem é preciso ir muito longe, Santa Catarina, aqui do lado, repleta de praias estonteantes, adoro visitar, mas - ao contrário de 99% dos gauchos - não tenho vontade de MORAR em Floripa.
Mas amaria morar no Rio. E eu acho que é porque eu sinto o Rio como uma cidade VIVA.
Fiquei parecendo meio viajandona???Isso porque é meio difícil explicar uma sensação, vamos ver se eu consigo: o Rio exala vida. Há vida nas ruas, se caminha muito, apesar de toda violência que a gente acompanha pela TV. Muito comércio "de calçada", coisa que não se vê mais por aqui - a não ser no Centro. Uma lojinha de sucos naturais a cada esquina, calçadão,lagoa, a cidade te chama para a rua, a cidade chama saúde, exercício, boa alimentação, alto astral! E tudo isso sem muito esforço.

Se pararmos para pensar, nos "bairros nobres" de Porto Alegre não há vida nas ruas. Se não for especificamente com o intuito de se exercitar, as pessoas não caminham, só saem de carro, todos os prédios são gradeados.
Para comprar alguma coisa ou buscar algum lazer, normalmente temos que nos enfiar dentro de um shopping.
No Rio não. As ruas são cheias, caminhar é sempre uma opção. Se quiser fazer compras, tem lojas nas ruas por todos os bairros. No Leblon tem cinema "de calçada", tu sai dele e está na rua, toma um sorvete na sorveteria da frente, passeia pelo bairro com aquele solzinho de fim de tarde maravilhoso.
Quiosques na beira-da-praia, muito esporte ao ar livre.

Além disso, tem as OPÇÕES: é difícil não ter o que fazer por lá. Uma programação cultural intensa, muitas peças de teatro em cartaz. Cinema então, nem se fala, além das noites, com coisa boa em qualquer dia da semana.
Somado a isso tudo, é claro, está a natureza estonteante, suficiente para se passar do stress à contemplação em segundos, somente por se deparar com um pôr do sol em Ipanema. Uma praia mais linda que a outra, cada uma com a sua característica peculiar. Dias lindos.
Nunca se sabe o que a vida nos reserva, mas se eu pudesse escolher, com certeza moraria um tempo no Rio. Seja para desfrutar disso tudo que eu falei, seja para desmistificar essa visão que já se tornou um sonho na minha cabeça.

...pensamentos, teorias e devaneios...