sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Fase filmes.


Aula? Pra quê? Trabalho? Bobagem! Corrida? Depois.


Por agora só quero filmes, filmes, muitos filmes.


E esse tempinho chato tá agravando a minha fissura...


Três dos que eu vi ultimamente me tocaram especialmente e mereciam que eu escrevesse linhas e linhas sobre cada um... mas como o DVD tá no pause, a pipoca já tá cheirando e o meu sofá chamando, por enquanto fica só a dica: O passado, Cão sem dono e Nome próprio.

CÃO SEM DONO



NOME PRÓPRIO (nos cinemas)



O PASSADO

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

enfant terrible

Existe um fascínio nas pessoas que só fazem da vida aquilo o que gostam. Quando, além de viverem plenas, essas criaturas ainda produzem um trabalho de primeira, a admiração fica quase antropofágica! Sobre mim, pelo menos, o efeito é exatamente esse. Tô falando do Nelson Motta. Não, não tenho vontade de deitar o homem numa tábua, fatiar e saltear na manteiga pra depois comer com fritas, não é isso. Mas cada crônica, cada livro, e até aqueles programetes radiofônicos dele na Itapema me dão ganas de passar um tempo andando com o cara 24h por dia, sabe? Assistir in loco a quando ele recebe uma demo de uma banda desconhecida e acha o maior barato, presenciar encontros casuais dele com gente sagrada (tipo o Chico) e ouvir aquele papo de amigos de anos, de mesa de bar, espiar por cima do ombro enquanto ele lê o jornal e destila comentários sarcásticos, divertidos, e nem por isso menos lúcidos e oportunos...

Minha fixação pelo Rio da Bossa Nova se deve muito à leitura de Noites Tropicais: com 12 anos de idade eu estava convicta de que tinha nascido no lugar e na época errada! Quem me demoveu dessa constatação um tanto desesperadora foi o próprio Nelsinho (meu faixa!): ao longo dos anos, lendo tudo o que me caía na mão envolvendo o nome dele, percebi que o cara é mestre na arte do saber viver.

Quando os maiores artistas da MPB se reuniam em apartamentos da zona sul carioca pra jams vespertinas, ele tava lá. Aquele encanto, aquela ebulição, ele não só viveu como narrou, deliciosamente, em antologias, biografias - geniais -, romances, entrevistas,... Em Nova York, bebeu o melhor da cultura americana, olhou pro país e pro povo com a veneração que ora mereciam e com o deboche a que amiúde fazem jus... Enfim, a biografia da pessoa não dá um livro, dá uma biblioteca, com prateleiras recheadas de música, malandragem, poesia... Mas o que eu queria falar (mania de ficar me desviando!) era da admirável capacidade que ele tem de seguir ao pé da letra aqueles velhos lemas no estilo "viva intensamente o presente", "nunca deixe de aprender", e outros clichês afins. Amigo do peito da Elis, sim. Íntimo de jazz e blues. E fã de CSS, por quê não? Vasto histórico de noitadas regadas a muito álcool e pó, é verdade, e ele não nega. Assim como não abre mão das caminhadas à beira-mar, da yoga, da natação. Andou casando com a mulher mais chique (não gosto dessa palavra, mas pra Conztanza Pascolato, cabe) e elegante desse país... sem nunca deixar de falar do submundo - o carioca, em especial - como se fosse o protótipo do malandro, sujo e sem-vergonha.
Nelson Motta não se limita, não fica parado, não teme paradoxos e contradições, não se prende aos mesmos gostos, lugares e itinierários por medo de se descaracterizar. E assim, só confirma o que é: um cara com um repertório invejável de assuntos, causos e opiniões, mas que nem por isso se torna um pedante, cego e surdo ao novo. Pelo contrário, é de uma humildade e de uma abertura ímpares. Muito cool. Um carioca, enfim. (Nasceu em São Paulo, mas suspeito que o Rio seja culpado por parcela importante do ser que se formou ali.)
Vale o clique: www.sintoniafina.com.br.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Em tudo.

Um desses atores novos da Globo. Nada contra ele especificamente, mas é que são todos meio parecidos e até fazerem algo que os diferenciem, continuarão sendo para mim "um desses atores novos da Globo". Anyway, em uma dessas entrevistas rápidas, quase um questionário, uma das perguntas era: "Palavra que mais odeia:". Resposta do menino (nem tão menino assim): "Política".

Me chamou atenção. Até porque é resposta corriqueira, já ouvi inúmeras outras vezes, até mesmo em comentários de amigos, do tipo "ai, eu odeeeeio política". A pergunta é: odeia política, em seu sentido amplo, ou odeia ESTA política que é feita aqui?

Cada um com o seu gosto, mas a política como ciência, com arte, como agir, não é tão fácil de ser odiada. Uma das definições para ela no dicionário é "habilidade no trato das relações humanas". Bingo!!!!!!!! Como odiar isso?

Mesmo olhando as outras duas definições, ela ainda me parece um tanto atraente:
1. Ciência dos fenômenos relativos ao Estado.
2. Arte de bem governar os povos.


Ora, fênomenos relativos ao Estado são muitos, quase todos os fatos que interessam uma universalidade de pessoas (e não o particular) é um fenômeno relativo ao Estado. E arte de bem governar os povos, melhor ainda, quem nao quer entender desta arte, ao menos para saber se está sendo bem governado ou não?


A realidade é que estamos sempre fazendo política. Gostando ou não, se interessando muito ou nada, a nossa realidade está impregnada dela. É no trato com as pessoas no trabalho, ao lidar com uma difícil situação familiar, ao estabelecer prioridades em nossas vidas, ao tentar convencer um amigo de alguma coisa. Os clubes de futebol, paixão nacional, são feitos de política (e - difícil de admitir - acaba sendo ela quem define o quão vencedor será um time, da contratação da comissão técnica e jogadores, até o relacionamento com a torcida).

Então, em vez de sair gritando que "odeeeeia política" da próxima vez, vale a pena tentar entendê-la um pouco. Porque só com mais gente entendendo e se interessando é que se poderia mudar alguma coisa. E aí sim, transformar essa política que está sendo feita aí. Porque ESSA eu também odeio...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

100% de aproveitamento

Uma constatação que eu fiz em uma das inúmeras tardes ensolaradas da época em que trabalhava em um escritório de advocacia na beira do Guaíba: cada minuto livre pode ser aproveitado de inúmeras - e deliciosas - maneiras. Ali, na hora de buscar um cafezinho, eu olhava pela janela e via o rio, o Marinha, ambos como que me provocando: "vem, Mariana, dá uma escapadinha pra correr vendo o pôr-do-sol na orla... tomar um chimarrão na grama, que tal, hein? Vem!". Eu ignorava com muita dificuldade, acabava voltando logo pra outro cafezinho, e daí a dependência de cafeína que me acompanha desde então.
Nos dias de chuva, não pense que a tentação não existia. Ela começava antes, na minha cama. Ao longo do dia, ressurgia, na forma de pequenos lampejos: "quantos filmes imperdíveis estão passando no cinema, mesmo?". Ou "quantos cafés estão abertos neste momento, com uma cadeira reservada especialmente pra sentar-se por longas horas, terminando de ler aquele livro viciante, ou começando a ler aquele outro?". By the way, "quantos livros não lidos empilhados na mesa de cabeceira, hein?".
Mas eu seguia lendo (processos, leis, pareceres,...), escrevendo (petições, relatórios, correspondências,...), telefonando, indo ao Foro, à Justiça, ao Tribunal, ao diabo a quatro... e por mais que meu dia-a-dia fosse agradável, a sensação era de que eu não pertencia àquela vida, que poderia ser muito diferente. E tanto poderia, que assim foi.
Ultimamente, o tempo livre anda sobrando, mas isso não é mais um problema. Afinal de contas, além dos livros, dos filmes e das corridas, meus dias são preenchidos com receitas na cozinha, e nessas horas eu me sinto, finalmente, fazendo o que eu deveria estar fazendo. E plenamente satisfeita com isso. Meu horário de trabalho não é fixo, e jamais coincide com o da maioria dos meus amigos: escolhi pegar no batente na hora em que o resto se diverte. Sem problemas quanto a isso, adoro aproveitar os parques e cinemas vazios, quando eu ainda não comecei a minha jornada e 90% da população está em plena atividade. E sempre dá-se um jeito de encontrar quem a gente ama, a exemplo do Pato, nosso ator-boêmio e amigo-amado. (Ainda que eu não veja a cara do ser aquático há muito tempo.)
Sinto falta da regularidade de um emprego, não vejo a hora de entrar em um restaurante, mas sobre isso eu já falei. E pelo menos pelos próximos dias, a necessidade está suprida: até sábado, bato ponto na Mostra ZH Nacional Gastronomia. A programação tá maravilhosa: Alex Atala, Fabrice Lenud, Erick Jacquin, João Leme, Jordi Roca, Neka Menna Barreto, Sérgio Arno, Emmanuel Bassoleil, Luigi Tartari... Para aqueles a quem esses nomes não dizem lhufas, o equivalente é: comida deliciosa, de todos os tipos, criatividade, sabores surpreendentes... uma delícia! Quem puder prestigiar, não vai se arrepender. 5º andar, estacionamento do Shopping Iguatemi.
E agora eu vou correr, que o dia tá lindo e eu só começo às 18h... Bom apetite!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

assim é, se lhe parece

Por alguma razão ignorada, no sábado à noite, em um bar barulhento, conheci um psicólogo e engatei um típico papo-cabeça, com ele e com a minha amiga Rafaela. Pensando que na manhã seguinte eu pouco me lembraria do que foi dito, fui surpreendida pela quantidade de vezes em que o assunto voltou à minha cabeça de lá pra cá, e agora ando até meio incomodada com a pulga que se instalou atrás da minha orelha.
O rapaz trabalha com uma linha chamada psicoterapia cognitivo-comportamental. Nunca tinha ouvido falar, leiga que sou, então fui ao google, depois de já ter ouvido a explicação do meu interlocutor. Basicamente, a PCC (não confundir!) parte da premissa de que os comportamentos indesejados são fruto da maneira como os indivíduos interpretam os fatos e eventos que vivenciam combinada com a forma como a pessoa se vê. Assim, esses comportamentos podem mudar rapidamente, se o cidadão se re-condicionar, com a ajuda de um terapeuta. Meu conhecimento é raso, e meu espeço é curto, mas foi mais ou menos isso que eu entendi. Enfim, meu novo amigo Paulo (o psicoterapeuta em questão), em termos mais sutis, disse que a PCC vem sendo comprovadamente eficaz, e que a psicanálise anda ultrapassada, é história pra boi dormir, Freud viajou na maionese, etc...
Me caiu os butiá do bolso! Eu, que bato ponto três vezes por semana no divã! Que atribuo à psicanálise a superação dos meus transtornos mais cabeludos! Segundo o Paulo, os psicanalistas já começam a se tornar suspeitos justamente aí: indaga ele, "por quê submeter uma pessoa a um tratamento longo, caro, criando como que uma relação de dependência analista/paciente?". Um tratamento sob as diretrizes da PCC seria muito mais rápido, eficaz e barato! Será?
Ele falou dos atrativos da psicanálise, de todos os paralelos estabelecidos com a mitologia, com as artes e com a filosofia... disse que justamente em função disso é que a psicanálise é tão forte em lugares como Paris e Buenos Aires. Mas que por mais interessante que seja enquanto tema de livros e debates, é ba-le-la. Não serve pra nada. Cheguei a ler em um site da PCC que para os casos em que a psicanálise foi considerada eficaz, não se pode afirmar se o sucesso decorreu do tratamento ou se o problema desapareceu em função da simples passagem do tempo! Ooohh, meus sais!
Não engoli muito, mas não pude deixar de pensar. Acho pouco provável que em poucas sessões com outro profissional eu pudesse ter chegado aonde cheguei até o momento com a minha analista. Segundo o Paulo, os temas que com ela eu custei a conseguir falar, na PCC teriam vindo à tona muito mais rápido. Mas é aí que eu pergunto: sem uma escarafunchação (é essa a palavra, se não existe eu acabei de inventar) constante, sem dar muita bola pro passado, pras experiências da infância, como é possível mapear a maneira como uma pessoa enxerga seu mundo e a si própria? Pra mim, tá tudo ligado! Essa coisa do aqui e do agora, pra mim, não funciona, e isso vai de McDonald´s a tratamento psicológico.
Porém, eu me questiono. Comecei a seguir essa linha de pensamento segundo a qual a PCC me pareceu muito superficial, muito fast-food, muito manual de auto-ajuda. E e aí que entra a pulga: será que realmente é assim? Ou será que as próprias críticas que eu já faço ao método são um espelho da aceitação da psicanálise entre pacientes e psicanalistas? Explico: como eu já mencionei, a psicanálise faz sucesso em pólos de cultura, entre pessoas intelectualizadas, que se recusam a enxergar o tratamento psicológico como algo que pode ser simples. A rejeição à PCC sria, então, um sinal de arrogância, e de amor a todas as interpretações estabelecidas por Freud e por tantos que vieram depois. Seria eu, então, uma resistente, que prefere rechear seu passado com figuras mitológicas, relacionando fatos e experiências segundo uma lógica toda particular, em vez de buscar um tratamento menos sofisticado, ainda que mais eficaz?
Acho que não vou parar de divagar tão cedo... Meu novo amigo ficou de me emprestar um livro a respeito do assunto, não vejo a hora de ler! Mas por enquanto, sigo (resistente? arrogante?) paciente - sim, porque na PCC é cliente. Não gostei disso também.

...pensamentos, teorias e devaneios...