sexta-feira, 31 de julho de 2009

A crise dos vinte e poucos anos...

Recebi um email de uma amiga com um texto que se chamava “a crise dos vinte e poucos anos”. Vinha com asteriscos, exclamações e entusiasmadas recomendações para todos lerem. Abri avidamente, já que o meu aniversário de 24 anos, comemorado há pouco, desencadeou, além da comemoração de sempre, uma séria crise de idade, punk mesmo, como eu nunca tinha tido.

Pois bem, tenho que dizer que a minha identificação é maior com o bigode do Sarney do que com aquele texto! Fora uma ou outra consideração acertada, a crise descrita ali em nada se parece com a minha. Me pareceu que o autor justifica a crise por ter ido ficando mais solitário com o tempo, ter ido percebendo que certos amigos não eram verdadeiros, ter se distanciado de outros tantos que gostava.

Já o ponto central da minha crise é justamente o contrário: eu acho os “vinte e poucos anos” a melhor fase da vida, disparado. Olha só: a adolescência é um barato, marcante. Cheia de novas descobertas, pouca preocupação, só escola e deu, o resto é festa. O problema é que nela ainda mora o controle mais extremo dos pais, a inconstância, os hormônios borbulhando, a busca constante por descobrir qual a nossa verdadeira personalidade, o que, diga-se de passagem, não é nada fácil. O fim de um namoro parece o fim da vida! A gente sente aquela obrigação de ser amigo de todo mundo, de ir em todas as festas, de usar as coisas da moda, de ir nos lugares onde todos vão. Saco. É a época dos nerds e dos populares, das gírias grudentas, da necessidade de falsificar a identidade para entrar em algum lugar decente, de muitas vezes fingir ser quem a gente não é. O corpo mudando, a personalidade se formando, decisões complicadas a tomar, pura pressão.

Já os vinte e poucos trazem uma maturidade na mistura certa com o que sobrou daquela inconsequência adolescente. No meu caso: já descobri o que quero fazer da vida, o que é um alívio e tanto. Não me obrigo a mais nada, só saio quando realmente estou afim e com quem estou afim. Sei perfeitamente que relacionamentos acabam, mas que inevitavelmente novos surgem. Já faz tempo que sei quem são meus amigos verdadeiros e com quem realmente posso contar e quais são puro “fazer social”, alguns companheiros de festa, outros somente colegas. Já vou onde quero, quando quero e na hora que quero, sem dar maiores explicações para ninguém. Trabalho e ganho meu dinheiro, mas ainda moro com a minha mãe, o que deixa a minha “pequena fortuna” reservada para ser gasta só naquilo que eu gosto: viagens, jantas, roupas. Já sei exatamente qual o meu estilo e o que me cai bem, não uso nada só porque tem muita gente usando. Aprendi a conhecer as minhas mudanças de humor e o que fazer para resolvê-las. Tem toda uma responsabilidade quando o assunto é trabalho/estudos (ninguém mais te cobra nota a essa altura da vida), mas alguma insensatez adolescente ainda é bem vinda. Acabou a fase de guerra com a família e de mau humor sem explicação, pai e mãe são amigos.

Depois dos vinte vem os trinta e é hora de estabilizar a vida, estar em um bom emprego, com alguém legal do lado, depois ter filhos e toda aquela “vida adulta” que a gente conhece. Nesse ponto já não dá mais pra “loquear”, viajar aos montes, gastar só comigo mesma. Isso, meu bem, só nos vinte.

Aí é que entra a minha crise: como essa é a idade do poder-fazer mas ainda sem o precisar-estabilizar, eu tenho MUITOS planos pros meus vinte e poucos anos. O problema que nos 24 ouvi a buzina ressoar: não vai dar tempo! Não vai dar tempo! Vá lá: eu preciso me formar; quero fazer mochilão pela Europa e passar um tempo em Nova York; queria fazer um pós em Paris ou na Espanha; queria morar sozinha em Porto Alegre, mas queria morar um tempo no Rio também; quero viajar pela costa brasileira de carro; preciso decidir se quero concurso ou advogar. Se o primeiro, preciso estudar e passar. Se o segundo, preciso me firmar em um bom escritório.

O cerne da crise é o seguinte: é uma fase intensa e que deve ser aproveitada, mas, como é a que mais decide as seguintes, traz ainda mais atividades à lista de afazeres. Isso, meus caros, é o que me apavora!

Porque se nos vinte eu quero fazer tudo isso e nos trinta eu quero estabilizar, ao longo desse monte de viagens e andanças eu preciso achar um bom emprego e um cara legal, para, lá adiante, acalmar com os dois. Eu quero loucurinhas, viagens legais, aproveitar, mas ao mesmo tempo eu preciso me preparar para uma carreira e uma vida. Não é fácil não.

Bom, mais de um mês depois do meu aniversário, vou dizer que o mar serenou, a crise passou e a tranqüilidade voltou a povoar a minha pessoa. Mas o estopim da crise e as idéias que a embasavam seguem na minha cabeça. Já daquele texto, a única coisa que eu guardei foi a “cervejinha que serve de desculpa para conversar um pouco”. É o que eu estou indo fazer agora...

(se quiser ler o texto mencionado: http://www.upalele.com/2008/06/17/crise-dos-20-e-poucos/)

terça-feira, 28 de julho de 2009

Humor, inteligência e mais daquela viagem.

“Senso de humor e inteligência” – parece ser a resposta padrão de toda famosa (ou almejante) ao ser interrogada sobre as características necessárias para se interessar por um homem.

Posso então parecer manjada, repetitiva, charlatona, mas tenho notado o quanto essas duas características efetivamente me atraem e fazem alguém que antes passava desapercebido me chamar – e muito! – a atenção. Para exemplificar, não vou nem falar da vida real, de pessoas que convivem comigo e que eu encontro no dia a dia, mas dos artistas mesmo, aqueles que aparecem na TV e que até o meu cachorro conhece.

Quando perguntam para qualquer mulher um artista que ela acha lindo, as respostas provavelmente não vão exalar muita criatividade: Pitt, Clooney, Santoro e por aí vai. Lindos, perfeitos, unanimidade.

Só que agora, com essa profusão de artistas invadindo a internet, com blogs, Twitter e assemelhados, eu tenho me pegado analisando um pouquinho mais a fundo: fulaninho escreve bem? Pelo menos pensa??

E quando a resposta é sim, pode escrever, meu radarzinho começa a apitar. A minha primeira paixãozinha-platônica-por-artistas-que-nunca-saberão-quem-eu-sou, em razão do que eles pensam e não da beleza, foi pelo Pedro Neschling. Conhecia ele de um ou outro trabalho na TV, lembro de ter sido um dos irmãos Sardinha, mas nunca achei nada demais. Comecei a ler o blog dele e plaft: inteligente, interessado por tudo que me interessa, tranquilão. Apaixonei.

Depois, notei que meu interesse pela inteligência aumentava quando ela vinha acompanhada de humor. Notei isso com o CQC - programa, na minha opinião, de humor inteligente. Comecei achando eles só engraçados, daí vem uma boa tirada daqui, uma piadinha inteligente dali e quando eu vi tava achando uns três dali ótimos, par ideal, marido perfeito! E olha que nenhum é muito bonito não... Outro dia, novo episódio confirmando a minha tendência recém-descoberta: o Marcelo Adnet, da MTV, foi dar uma entrevista no Jô. Indiscutivelmente a primeira impressão que o Adnet passa é de uma pessoa feia, meio esquisita, narigão, orelhão. Pois então: não precisou nem acabar o primeiro bloco do programa para eu estar achando ele O charme da vida!!!!

Já um bando de galãzinhos globais, rostinho perfeito, corpinho malhado, passam batido por mim quando eu entro no blog e não acho nada além de “tava iraaado”, “a novela ta maaaassa” e “beijããão galera”. Não que atração física não seja importante, mas que uma boa dose de inteligência e humor ajudam a fazer com que ela seja descoberta... aaah, como ajudam!

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E ainda no clima de depois daquelas férias...

Eu sei que uma viagem me marcou quando eu volto completamente nostálgica; quando basta uma breve menção ao lugar onde eu estive para que eu me encha de suspiros de saudades; quando eu quero profundamente voltar assim que possível.

Porque para mim existem dois tipos de viagens: (1) aquelas em que eu conheço lugares que, por mais maravilhosos que sejam, não me tocam profundamente e (2) aquelas em que eu conheço lugares que, maravilhosos ou não, me marcam demais.

No primeiro caso é assim: eu acho lindo, aproveito a viagem, percorro o lugar, tiro minhas fotos, mato as minhas curiosidades e pronto: é um lugar a mais conhecido, uma experiência nova. Voltar? Até pode ser, mas não faço questão, ante a possibilidade de desbravar novos horizontes... Já no segundo caso, sabe-se lá que sintonia acontece, se é o astral do lugar, as companhias da viagem, as pessoas que eu conheço lá, o acaso. Eu só sei que eu crio uma ligação imediata (mas que eu só vou percebendo com o tempo), uma afinidade absurda e parece que eu meio que “pertenço” àquele lugar também. Ao ir embora a vontade é ficar. Não sendo possível, a vontade é voltar. Voltando, a vontade é repetir de novo, e de novo, e de novo. Que delícia quando acontece isso!

Pouquíssimos lugares tiveram esse efeito sobre mim. Até agora Nova York, onde eu fiquei por meros 5 dias e já me sentia em casa, o Rio, lugar que eu já considero quase como uma segunda morada (sem base nenhuma para isso) e para onde eu sei que sempre vou voltar e agora Itacaré.

O engraçado é que eu noto que não tem um padrão para determinados lugares “fazerem a minha cabeça”: Nova York eu fui com a família, é o símbolo da urbanidade. O Rio não, já é uma mistura de vida urbana com praia, já fui com várias pessoas diferentes e sempre voltei suspirando de alegria. Itacaré, por fim, é roots total, praias mil, trilhas, reggae e forró.

Tudo que eu sei é que eu ainda quero conhecer muitos lugares, mas com certeza quero voltar para esses três. Muitas e muitas vezes.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Depois daquelas férias...


- Voltar de férias descansada, há quanto tempo que eu não conseguia essa proeza! Porque geralmente meus períodos de descanso só me cansam mais, é sempre aquela correria para ver tudo, fazer tudo, conhecer tudo. Agora não, tive tempo. Tempo de conhecer, ver, e ainda assim criar uma pequena rotina, aquelas rotinas deliciosas que só boas férias nos proporcionam. Conhecer gente. Abanar para elas na rua e me sentir em casa em um lugar onde nunca tinha estado antes. Tomar um café delicioso, colocar as Havaianas e o primeiro vestidinho leve que eu visse pela frente. O cheirinho gostoso de protetor solar. O almoço / janta com a cervejinha das seis da tarde. O sono sagrado até umas nove. O pife. A noite, sempre igual, mas sempre diferente. Os dias lindos e os coqueirais fazendo fila na minha frente. O mar, ah, o mar. O sotaque que não me largava. Os companheiros de viagem, melhor impossível. Difícil aterrissar na terra dos zero graus Celsius, dos dias mais frios em três anos, da volta ao trabalho e à rotina não tão deliciosa assim. Mas isso que é bom das férias: o gostinho de quero mais e começar a programar as próximas.

- Na minissérie “Som e Fúria”, da Globo, teve um diálogo que eu achei bem interessante. Assistindo a Romeu e Julieta, a personagem da Andrea Beltrão diz odiar ver aquela peça, porque sempre que vê se sente uma merda, já que aquele tipo de amor certamente nunca vai acontecer na vida real. Ela ainda complementa, dizendo que é uma peça que tem que obrigatoriamente ser encenada por jovens, para que eles acreditem pelo menos um pouco na história que estão contando. Daí o personagem do Felipe Camargo retruca: “eu acho uma peça extremamente realista. Dois jovens se apaixonam, são felizes por um curto espaço de tempo e depois dá merda. Como sempre acontece na vida”. Eu, nesse meu ceticismo incurável, não pude concordar mais. Com os dois.

- Tô louca para assistir o documentário sobre o Caetano, Coração Vagabundo. O trailer só fez aguçar a minha curiosidade sobre esse cara que, a cada entrevista que eu leio, me surpreende mais e mais pela inteligência, talento e humildade. Chegando aqui, to lá. Enquanto isso, dá um conferes: http://www.youtube.com/watch?v=uz8tUA-qMdk.

terça-feira, 7 de julho de 2009

this too shall pass

Depois do último post, confesso que meu estado de espírito ainda não mudou de todo, mas os prenúncios não poderiam ser melhores: amanhã, neste mesmo horário, pretendo estar circulando pelo pelourinho, de havaianas e óculos de sol, habituando meus ouvidos ao sotaque musical dos baianos.
Me ponho a pensar nos próximos dias e as simples projeções já melhoram meu humor: quero andar pelas ruas de Salvador; quero ouvir percussão; quero guias, patuás e mandingas; quero experimentar frutas esdrúxulas; quero falar baianês; quero acarajé, vatapá e caruru; quero papear com as baianas rendeiras; quero regatear na feira; quero amanhecer e anoitecer na beira da praia; quero trilhas; quero dormir na rede; quero noites de forró; quero café-da-manhã de pousada; quero pouca roupa; quero cheiro de protetor solar; quero reggae; quero sal; quero rir com as pessoas; quero andar na areia sozinha... quero que o tempo passe beeem devagar.
Na volta, além do bronzeado e dos temperos na bagagem, um novo dialeto e muito mais do que dois dedos de prosa... Axé!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

De tudo um pouco, mas nada demais.

Ouvi falar, não dei bola, entrei, titubeei, não entendi, tentei de novo e agora plaft! Me rendi ao Twitter.

O melhor dele, na minha opinião, é o trinômio rapidez / criatividade / economia. Eu, que adoro ir de blog em blog, tenho ali um resumo deles, com atualização automática, direto na minha página principal. Fora que é ótimo ver a demonstração de criatividade das pessoas, postando comentários memoráveis, normalmente engraçados, em apenas 140 caracteres. Para mim é um exercício escrever em tão pouco espaço (basta ver o tamanho dos meus textos aqui no blog). Aliás, acho que o talento de expressar o que quero, com precisão, bem escrito e em poucas palavras eu não tenho. Preciso de treino.

E falando em talento para escrever pouco e bem, vou dizer que os comentários do Millor Fernandes todo dia na minha página principal são uma das melhores coisas que o Twitter pode oferecer. Aliás, como bem disse um amigo meu no próprio site, o Twitter foi feito pro Millôr Fernandes! Quer ver? Algumas pérolas:

“Só as mulheres que variam muito de homens podem dizer que os homens são todos iguais”.

“Eu posso não ser um bom exemplo. Mas sou um bom aviso”.


“Enquanto espero o Juízo Final vou usando o meu mesmo, um tanto precário”.

“O homem sempre se cura sozinho. A natureza produziu o médico apenas para mandar a conta”.

E por aí vai...

No mais, tem ainda os comentários do Rafinha e da turma do CQC em geral, que sempre divertem. Notícias do New York Times em tempo real, da política brasileira através do Lauro Jardim. Dá ainda para dar uma espiada no que alguns famosos pensam e como escrevem, saber o que tá rolando com o Inter,...tudo rapidinho, tudo resumido.

No fim, acho que o Twitter acaba sendo uma confirmação da característica mais marcante desses tempos em que vivemos: TODO MUNDO tem alguma coisa a dizer sobre qualquer assunto, mas NINGUÉM tem muita paciência de escutar – diga-se , de ler. A não ser, claro, que tenha no máximo 140 caracteres. Acho que tai a fonte do sucesso do Twitter.

Ainda não conhece? Vai lá: www.twitter.com

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Meu time voltar a ocupar o topo da tabela e não deve sair mais de lá. Rumo ao tetra!

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Que maravilha quando a gente comprova que o tempo e a distância simplesmente não abalam certas amizades. Esse findi recebemos aqui em Porto um amigão made in Austrália. Na real é carioca, mas ainda mora por lá. É incrível como algumas pessoas, de alguma maneira, se tornam super especiais nas nossas vidas, por menos tempo que tenhamos convivido com elas. Deve ser aura, química, sintonia, os santos se batem, sei lá. Enfim, é esse o caso do amigo.

Após quase quatro anos sem nos vermos o encontro foi igual aos da época em que a gente comia pão de ontem e saia das noites de Manly gargalhando... que alegria essa constatação!

Edson, caso tu leia isso aqui – apesar de eu estar ciente que tu acha pessoas que escrevem engraçadas – thanks pela visita. E pelas Tim Tams! E até a próxima. Que seja em breve.

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Faltam só dois dias para eu sair em umas férias que nunca foram tão necessárias! A partir de quarta o blog provavelmente vai entrar em recesso, visto que as co-autoras mais assíduas estarão sob o sol baiano comendo acarajé. Oxenti, mainha!

sábado, 4 de julho de 2009

Precisava?

Neste exato momento eu sinto um misto de raiva, e dor, e incompreensão e... sono, por isso não vou me demorar. Já aviso de antemão que ninguém vai se beneficiar minimamente da leitura, portanto, se você tem mais o que fazer, não perca seu tempo lendo mais um desabafo estúpido.
Mas tu, tu pode ler. E não, não vou usar o português correto das nossas últimas correspondências. Soube recentemente que de vez em quando tu dá as caras por aqui, então se existe um mínimo de curiosidade quanto ao que eu senti depois dessa noite, é assim que eu pretendo te contar.
Nunca pensei que tu fosse sádico. Não costumo te ligar nas madrugadas - ou em momento algum. Acredito que no 6º ano de faculdade já esteja claro que eu freqüento o caarbaré, em todas as suas edições. Te escrevi, há pouquíssimo tempo, uma carta na qual derramei tudo o que eu sinto e penso, sem pudores, sem orgulho.
Tu? Continuou me tratando bem. Me convidou pra almoçar no lugar onde a gente tinha o hábito de comer juntos. Me perguntou duas vezes sobre o maldito caarbaré. Não mencionou tua namorada nem ao responder àquela carta.
Pequenas coisas que me deixavam feliz. Não animada, nem esperançosa, só feliz. Por te ver, interagir contigo, sentir que muito da nossa sintonia ainda existia. E quem saberia o que esperar do futuro? Eu já tinha deixado de ter expectativas. Pelo menos a curto prazo - como que me acostumei à idéia de que a gente acabaria se reencontrando pela vida.
Cheguei na faculdade faceira. Com as minhas amigas, na festa que eu adoro, uma das últimas antes da formatura, sabendo que tu poderia estar lá. E tu foi a 1ª pessoa que eu vi. Me veio aquela inquietação adolescente que não me envergonha nem um pouco, mas me deixa as bochechas mais vermelhas do que já são. Dei uma volta, e quando retornei, perguntei pro César se tu tava sozinho. Era quase uma pergunta retórica, pensava ser óbvio que tu não traria a menina justamente pro caarbaré. E a resposta foi negativa. "Não tá sozinho". "Veio com a namorada?". "Veio".
Naquele momento, a música parou na minha cabeça. O quentão perdeu o gosto. Minha visão ficou turva. Não demorei pra constatar com os meus olhos o que me parecia incompreensível, inacreditável.
Não vou entrar em detalhes sobre como eu me senti dali pra frente. Tu já me viu sofrer, chorar, sentir dor... desnecessário descrever o quadro.
Mas vou falar um pouco da dor além da dor: como na mensagem que eu mandei, o sentimento de inadequação. De ter me sentido próxima de ti ainda que nada de mais acontecesse entre a gente, de ter tomado coragem pra ser absolutamente sincera contigo. Há poucas horas percebi o engano. Nós somos estranhos e acho que foi isso que tu quis deixar claro. E é por isso que eu escrevo aqui. Não saberia usar um tom mais confessional e falar com clareza, só pra ti, do que eu senti ao te ver com uma guria na festa da nossa faculdade depois dos últimos acontecimentos. Seria persistir na inconveniência.
Enxerguei canais que não existem entre a gente. Nossos olhares não se reconhecem, vi errado. Redimensionar tudo o que eu achava que nós tínhamos e teríamos pra sempre talvez demore um pouco.
Meu deus, como esse semestre demorou pra acabar...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Música

Tem um site (http://www.planetarei.com.br/100anos/index.htm) que mostra as 100 músicas mais tocadas nas rádios brasileiras de 1904 a 2008. Mais de um século de sucessos registrado. É de se perder analisando, lembrando de fatos, fazendo conexões. Eu achei bem interessante e fiquei um bom tempo fazendo isso.

Dando uma olhadinha nas 100 mais tocadas de 2008, por exemplo, eu marquei 16 que me marcaram de alguma forma: Extravasa, Low, Bubbly, I Kissed a girl, Coisas que eu sei, No one, Tem que ser você, Amado, Ciumenta, Don´t stop the music, Borboletas, American boy, If I were a boy, Burguesinha, Vida boa e Midnight Bottle. Não que eu adooore elas, mas por terem me marcado de alguma forma. É impressionante como músicas marcantes tem o poder de nos transportar fácil para outra realidade vivida! Só de cantarolar baixinho essas eu já me transporto para o Rio, para o Carnaval, para alguma noite na Cidade Baixa, paro o meu carro no inverno, para o meu quarto submerso em reflexões, para uma noite em boa companhia.

Além das minhas próprias lembranças, peguei as listas e resolvi fazer relações. Em 1957, ano em que o meu pai nasceu, o que tava bombando nas rádios era Maysa, Elvis, Aracy de Almeida, Dóris Day, Dorival Caymmi. Bom hein? Olhando por cima, acho que 70% das músicas eram brasileiras. 1991: ano em que o meu irmão nasceu. A análise da lista é um sopro de inspiração para qualquer DJ de Balonê: Paralamas, Roupa Nova, Roxette, RPM, Madonna, Kid Abelha. Até “noite preta”, de Vamp, consta lá. Eu já saí cantarolando “balada noite preta, noi-te pretááá...” e com a vontade de brincar de colocar os sapatos da minha mãe e desfilar. Era minha brincadeira preferida na época.

Da lista de 2008, observei ainda certas coisas: 15 das mais tocadas são sertanejas. Sinal claríssimo que foi o estilo que voltou com tudo no ano que passou (olha o programa da Regina Casé aí!). Em 2007 foram só 8 e nos anteriores com certeza deve ter sido ainda menos. Outra coisa que me chamou atenção foi o número de músicas em inglês, especialmente americanas: 51, ou seja, a maioria. Para um país do tamanho do nosso e com tantas opções e estilos musicais, que tem na lista de mais ouvidas de Marisa Monte a Mc Creu, do reggae no Natiruts ao sertanejo do Bruno e Marrone, é uma mostra clara do quanto a gente realmente consome cultura americana. Não pude deixar de notar, ainda, que tem 2 músicas da Wanessa Camargo na lista. Sério, alguém ouviu a voz dela alguma vez no ano passado? Eu só vi fotos, no alvoroço do casamento, mas nada de voz. Se me dissessem que ela tinha ficado muda eu acreditava fácil. E por fim, “blusinha branca” consta na lista!?? Essa deve estar na minha lista de mais ouvidas de 1995, juntinho com a Wanessa Camargo antes de emudecer.

Anyway, quem tiver curiosidade, passa lá e dá uma olhada.

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Tô no impacto do texto da Mari aí em baixo, profundamente conexo com a minha fase de caos – profundo – interno – sem explicação atual. Eu até quis escrever comentando, mas como é uma fase ainda presente, nem eu sei o que quero dizer. O engraçado é que a Mari sabe. Nada melhor, então, do que deixar nas palavras dela.

Me impressiona como as coisas se tornam muito mais claras sob o efeito do tempo e da diferença de perspectiva.

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No fim, só uma frase bonitinha para reflexão:

"o coração, se pensasse, pararia"

(Fernando Pessoa)

E não é?

...pensamentos, teorias e devaneios...