quarta-feira, 26 de maio de 2010

Antes ele, agora ela.

A fase Caio Fernando Abreu passou e agora começou a imersão Clarice Linspector. Juro, eu estou en-can-ta-da por tudo que ela escreve! E quando me encanto, sai da frente: leio, releio, floreio. A quantidade de sublinhados nos livros dela que eu tenho é uma coisa bizarra e para todos eles eu teria algum comentário. Como ainda não me inspirei pra fazer um texto decente com essas reflexões, deixo aqui um aperitivo, só as palavras dela.

E fica a dica: Clarice.

"A lucidez perigosa

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes."

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“Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."

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E por fim: “LIBERDADE É POUCO. O QUE EU DESEJO AINDA NÃO TEM NOME".

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Escalações

Na função da escalação do Dunga e de toda a polêmica que ela causou, entre Gansos e Grafitis, resolvi colocar aqui as minhas escalações. Nem pensem que tem alguma coisa a ver com futebol, são só algumas das listinhas de 10 mais que eu fico sempre elaborando quando não tenho muito o que fazer. Aff, e como é difícil!

Vale lembrar que elas não são permanentes, já que a minha cabeça é à la Raulzito: uma metarmofose ambulante! E vale lembrar também que ali não tem ordem de preferência, é tudo no mesmo nível.

Podem discordar a vontade, é bom para mostrar que para qualquer escolha de "seleção" há controvérsias...

Aí vai:

OS 10 + FILMES:

1 - Cidade de Deus
2 - Brilho eterno de uma mente sem lembranças.
3 - Dogville
4 - Crash - No Limite
5 - Closer
6 - De olhos bem fechados
7 - Match Point
8 - Bastardos Inglórios
9 - Kill Bill (1 e 2)
10 - Magnólia

OS 10 + EU QUERO:



1 - Cauã Reymond
2 - Rodrigo Santoro
3 - Josh Holloway
4 - Will Smith
5 - Jake Gyllenhaal
6 - Javier Bardem
7 - Clive Owen
8 - Patrick Dempsey
9 - Reynaldo Giannechini
10 - Brad Pitt

(Jamais esquecer: Fernandão, Jude Law e Ryan Phillip entrariam na lista fácil).

OS 10 + PROGRAMAS DE TV:


1 - Project Runway
2 - Marilia Gabriela Entrevista
3 - Friends
4 - Irritando Fernanda Young
5 - Sex and the city
6 - Saia Justa
7 - Bem amigos
8 - Caldeirão do Huck
9 - Manhattan Connection
10 - CQC

AS 10 + INVEJINHA BRANCA:



1 - Natalie Portman
2 - Scarlet Johansson
3 - Kate Moss
4 - Grazi Massafera
5 - Gisele Bundchen
6 - Kate Winslet
7 - Aline Moraes
8 - Camila Pitanga
9 - Adriana Lima
10 - Carol Trentini


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E quanto a lista do Dunga efetivamente, vale ler a crônica do Luis Fernando Veríssimo de hoje (link: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2905999.xml&template=3916.dwt&edition=14703§ion=70)

Certo ou errado, sei lá, mas com certeza disposto a encarar uma dividida!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sobre casamento.

Os meus 25 estão chegando...aff, 25! Não estou em crise de idade nem nada, acho que essa já deu as caras para mim ano passado (tem até post aqui sobre isso). Mas de qualquer jeito, não tem muito como não ficar confabulando, nem que seja um pouquinho, sobre o futuro. Porque ele já não parece mais tão distante, aliás, ele tá logo ali na frente. "O que você vai ser quando crescer", "com quantos anos vai casar", "quantos filhos vai ter", já não são mais perguntas aleatórias, daquela época em que a gente acha que tem poder para decidir essas coisas. Quer ser atriz, casar cedo ou ter 3 filhos? Vai atrás, filha, tic-tac-tic-tac-tic-tac!

No meio dessas confabulações, principalmente nos neurônios fervilhantes da cabeça feminina, sempre está presente a idéia do casamento. Claro: 3 em cada 4 comédias românticas americanas mostram o casamento como o objetivo último de felicidade da mocinha. E 3 em cada 4 mocinhas com quem eu convivo acreditam nessa idéia. O que me preocupa, meus caros, é que eu não.

Explico: não é que eu não quero casar, é que eu simplesmente não vejo como uma festa no Plaza para 400 pessoas pode ser o meu final feliz. No auge do meu romantismo eu até imagino uma declaração de amor inesperada numa viagem como o meu final feliz, a descoberta de uma gravidez desejada, a decisão de morar juntos tendo a mais completa certeza de que isso é o certo a se fazer. Já o vestidão branco e o buquê na mão... hmmm, não me dizem muita coisa não! Encontrar alguém com quem eu tenha total sintonia eu quero, tomar chuva de arroz com ele... não sei. Amor sim, casamento não.

E quando eu digo que isso me preocupa eu estou sendo sincera. Porque eu acho tão mais fácil simplesmente ser tradicional às vezes. Conforme o tempo vai passando e eu vou vendo as pessoas tomarem os seus rumos, eu vou percebendo que certas gurias são - e sempre foram, é muito fácil perceber - "casadouras", por assim dizer. E essas gurias, eu digo com a mais absoluta certeza, VÃO se casar. Não sei se com o amor da vida delas, não sei se serão felizes, mas aquele "final" é um objetivo tão concreto na cabeça delas, que vai acontecer.

Já o tipo das não-casadouras, no qual eu me auto-insiro, é tão mais complicado... É o tipo que tem muitos objetivos além de uma vida a dois: tem os planos profissionais, viagens, tem uma vida pessoal e social bem feliz, mesmo estando sozinha. E isso não quer dizer que elas não queiram casar, todo mundo quer alguém, óbvio. Mas simplesmente precisam de muito mais para abrirem mão de tudo que querem conquistar. Aliás, precisam conciliar - e conciliar, meu bem, ah, conciliar não é nada fácil!

Aí eu, que sempre me orgulhei da minha independência, de gostar de ir no cinema sozinha às vezes, de não ver problema algum em simplesmente tacar meu carro e pegar a estrada, começo a pensar se isso não é um peso às vezes. Lendo a biografia da Simone de Beauvoir (livro que eu a-mo! #ficadica), noto que admiro demais pessoas que não seguem o estipulado, que trilham o seu próprio caminho(alguém quer saber a história de vida do cara certinho que paga todas as contas em dia, casou, tem filhos e come macarronada todo domingo? NOT!). O problema é que nas biografias dessas pessoas admiráveis acaba ficando evidente, também, que isso muitas vezes traz sofrimento. O Sartre dizia que "ser livre era assutador. A maioria das pessoas fugia da sua liberdade". E não é?

Sobre o casamento, diz Simone: "falo de amor de forma mística, sei o preço. Sou muito inteligente, muito exigente e muito engenhosa para alguém ser capaz de se encarregar completamente de mim. Ninguém me conhece nem me ama completamente. Só tenho a mim". E completa: "para mim, uma escolha nunca é final: está sempre sendo feita (...) O horror da escolha definitiva é que envolve não só o eu de hoje, mas também o de amanhã, razão pela qual fundamentalmente o casamento é imoral". Um bocado extremista, claro, mas não deixa de ter certa razão.

O engraçado é que ela fez sim a sua escolha defintiva: muito embora não tenham se casado e tenham tido diversos relacionamentos paralelos, Simone e Sartre ficaram juntos do início da juventude até a morte dele, após 51 anos de convivência e de um dos amores mais bonitos que já me descreveram. Eu não devo ser nada tradicional mesmo, pois acho que prefiro um amor verdadeiro e puro como o deles, ainda que entremeado por escândalos e casos paralelos, do que um casamento Doryana.

Eu sei, eu sei. Eu avisei que o meu caso era preocupante!


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E no extremo oposto dessa minha convicção, acabo de ser convidada para a festa de noivado (sim, eu disse NOIVADO - isso ainda existe!)da minha mãe! Admito que achei meigo e bonitinho.

...pensamentos, teorias e devaneios...