quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O Purfa está de mudança. Esse é o último post por aqui, mas seguimos escrevendo aqui! Todos os posts foram junto, mas também seguem aqui, como sempre estiveram. Mas coisa nova, só lá. Venham junto!!!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Leila Diniz

Voltando para o Purfa com Leila Diniz: "Sei que me arrisco a ficar sozinha e mesmo a um isolamento maior e absoluto, mas eu pago para ver. Não é só atitude, é necessidade, é ser. Não vou deixar de procurar em mim, saber minhas coisas, meu caminho, minhas verdades e ser como sou. Fiz essa escolha, essa opção na vida e acho que vale as consequências. Não vou parar pra me acomodar às coisa mais 'bonitinhas e limpas', às situações protetoras (que são também limitadoras e podadoras), prefiro ficar aí. No meio da briga, no meio da zona, nua. Parando em tudo aquilo que me interessar. Somando, subtraindo, dividindo, multiplicando, tanto faz, tudo isso. Me interessa o saldo. E esse fica dentro de mim. É minha base, meu alimento, meu estofo, é disso que eu vivo. E se vivo assim é porque para mim é essencial esse tipo de busca, de vida. Não posso sair, nem me proteger erradamente, nem me acomodar, não me importa também o fim, 'aonde que eu vou chegar'. Importa ir. Sei que me arrisco à solidão, se é isso que me perguntam, mas eu sei viver assim". Leilas, Luizas, Marias. A gente. Que venha a primavera!

domingo, 20 de maio de 2012

Certas imagens dispensam legenda.

Desejo uma semana cheia de disposição para todos nós.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Irritando Luiza Lemos

Se eu participasse de um desses concursos de miss e me perguntassem o que eu mais odeio no mundo, ia ficar longe do lugar-comum "miséria", "fome" e "desmatamento" e ia direto ao ponto: burocracia, hipocrisia, politicamente correto e gente reclamona. God, como me irrita esse quarteto! O politicamente correto é o mal do nosso tempo, a hipocrisia a irmã mais velha dele. O pior é que essa família anda fazendo a cabeça de um bando de formador de opinião por aí: bastou o Rafinha Bastos soltar uma piada envolvendo o bebê da Wanessa (que sempre será Camargo, sorry marketing!) e o mundo cai em cima dele. A tirada foi mesmo infeliz, mas vamos combinar: nada muito diferente do que o CQC vinha fazendo desde que nasceu ou do que o Pânico sempre fez. Essa é a MORAL desses programas, achincalhar o próximo, sem qualquer piedade. Ou alguém acha mesmo que o Rafinha comeria um feto ou estava incitando a pedofilia? Quer ser politicamente correto, se filia no Greenpeace e vai salvar orcas virgens na Antártida. Parece que não chegou stand-up comedy ainda por lá. E os reclamões? Nossa, eles vem galgando posições no meu pódio de irritações. Nada está bom, nada é realizado e, quando é, está mal feito. Fazer que é bom? Nada. Reclamar? Sempre. Quer ver? Cresci ouvindo que deviam reformar a orla do Guaíba, torná-la "habitável". Óbvio, torcia para que fosse feito também. Mas basta se mexerem, viabilizarem o projeto e chamarem um arquiteto bam-bam-bam para pôr os planos em prática, que o bando de reclamões vem à tona protestar por... não terem chamado um gaúcho! Hein? Quer dizer que o que se deve analisar no momento de contratar um arquiteto é a sua procedência? Bem pensado, gente chata. Depois veio a ciclovia. Porque no nosso desejo-de-mundo-sustentável-ecologicamente-perfeito a bicicleta é a saída para todos os males. Não que eu tenha algo contra elas, pelo contrário: quisera eu ter físico e disposição para andar para lá e para cá sobre aquelas duas rodas. O chato é que antes a histeria era pelo absurdo de não haver ciclovias em Porto Alegre (e era absurdo!), mas a ciclovia é inaugurada e... só escuto reclamações. Nem um mísero elogio, ainda que pela iniciativa. Nossa Senhora da Bicicletinha, dai-me equilíbrio para lidar com esse pessoal! Olha, se não tivessem esquecido a minha Caloi, eu ficaria agradecida por finalmente ter um espaço para transitar com ela sem o risco de ser esmagada por um T-Qualquer-Coisa! De início, pelo menos sairia para dar uma volta-teste, ao invés de ficar em casa postando no facebook o quanto todo mundo faz tudo errado o tempo todo. E não pensem que esse é um post político, defendendo a prefeitura ou algo do tipo (sim, eu já me antecipo aos reclamões). A burocracia também me agonia profundamente e quase surtei ao ver que uma ação sensacional como aquela feita por uns guris portoalegrenses, de colar adesivos nas paradas de ônibus para que os próprios passageiros preenchessem quais linhas passavam por ali, foi considerada ilegal pela EPTC. Em suma, me deu vontade de enfiar a Zero Hora no "azulzinho" dos azulzinhos!!!! (e acho que mais gente teve essa mesma vontade, já que depois de um tempo a EPTC voltou atrás e abraçou a proposta). Teve ainda o episódio do pobre (obviamente no sentido figurado) do Gabriel Pensador, que cobrou por sua participação em uma feira literária do interior do RS e foi crucificado, como se cachê fosse pecado e escrever não devesse ser nada além de uma forma de filantropia. E eu não estou defendendo o valor cobrado, talvez tenha sido excessivo mesmo. Mas vão encher os ouvidos de quem contratou o cara, de quem liberou a verba, não do artista / escritor que cobrou o seu preço por ser este o seu ganha-pão. Fato é que eu poderia escrever mais uma bíblia aqui com um bilhão de exemplos de situações que me tiram dos eixos, mas como tenho medo de parecer justamente o tipo reclamona que eu tanto desdenho nesse post, deixo para o Gabriel Pensador e o tapa com luva de pelica que deu ao responder para os manés da situação descrita. Porque eu me esqueci de comentar lá no início que, em um concurso de miss, ao ser questionada sobre o que eu mais admiro no mundo, deixaria de lado as respostas-padrão "honestidade", "integridade" e "generosidade" e ia direto na "inteligência". Não acha? Então ouve o Pensador aí e muda de idéia.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O lado B de Maria Ribeiro

Esses dias falei por aqui sobre os atores/famosos/celebs em geral por quem eu tenho certa admiração, digamos assim, intelectual. Mencionei vários e esqueci da Maria Ribeiro, atriz e de quem as únicas informações que eu tinha era de que já foi casada com o Paulo Betti e agora é mulher do Caio Blatt (fontes confiabilíssimas: Caras e Contigo). Até que ela virou colunista da TPM (Trip para Mulheres) e eu me encantei com o que ela escreve. Não tem uma única coluna dela que eu não goste e a do último mês eu achei tão a minha cara que resolvi reproduzir aqui. Se eu fosse casada, tivesse um filho e escrevesse bem, podia perfeitamente ser a autora. Sente só:


Cobrir travessas com PVC e não planejar a morte do fabricante, deixar o celular em casa nos fins de semana, ler menos jornal e mais Paulo Mendes Campos, aprender as 237 funções dos três controles remotos da minha TV: são nobres os desafios deste meu abril de 2012.

Há algum tempo substituí a lista de metas românticas que me impunha a cada janeiro por um punhado de propostas mensais, menos ambiciosas e, portanto, mais simpáticas, como ir ao hortifrúti toda sexta-feira e adquirir somente uma revista de moda por mês. A satisfação é imediata e o método, infalível: quando chega o dia 30 e vejo que cumpri apenas um item, como o importantíssimo “não comer o pote inteiro de sorvete de doce de leite em uma só madrugada”, me sinto a musa do verão.

Sei que nada disso importa mediante a crise na Síria e a recessão na Europa, mas arrisco dizer que, se não fôssemos ingênuos por natureza, nos contentaríamos com este que é o único movimento verdadeiramente possível da existência: a própria mudança.

Pois bem. A supraeu acordaria cedo. Faria um suco verde com folhas orgânicas enquanto leria os colunistas políticos e as resenhas de lançamentos literários. Nada de pão com manteiga vendo notícias da TV. Aliás, nada de TV. Às 11 da manhã eu já teria feito ioga e estaria pronta pra ir com meu filho pequeno à pracinha. Eu acharia uma delícia ir à pracinha e brincaria não só com meu filho, mas com vários bebês (e se um bebê empurrasse meu filho eu jamais teria raiva, imagine!). Uma hora depois eu estaria no carro com meu outro rebento para levá-lo à escola, e no caminho iríamos ouvindo as principais sinfonias de Beethoven, um absurdo essa gente que se rende a Michel Teló.

Minha casa teria flores frescas e luz indireta. Pouca carne vermelha. Uma obra de arte displicentemente deixada no chão do lavabo. Luminárias estilosas. Eu receberia os amigos – todos fiéis e espirituosos – com um vinho bacana que não fosse caríssimo (a supraeu jamais seria óbvia e ostensiva), saberia fazer um peixe assado com amêndoas e queijo de cabra, teria livros de arte na sala que foram realmente vistos (e não uma pilha de cadernos de cultura que jamais lerei).

Iria ao teatro todos os fins de semana. Peças de três horas? Delícia. Cinema também estaria no pacote, claro, mas nada de Hugh Grant. Anne Hathaway? Eu não saberia de quem se trata. A supraeu frequentaria mostras, reveria todos os Bergmans e, o que é melhor, compreenderia todos os Bergmans, e daria aquelas risadas pra si de quem faz parte do restrito e maravilhoso mundo da inteligência.

Propaganda enganosa

Livros seriam consumidos na velocidade da luz, e eu jamais xingaria quem fecha cruzamentos. Escreveria romances. Tiraria a maquiagem antes de dormir. Usaria com disciplina espartana vitamina C em volta dos olhos. Acharia roupa nova uma tolice.

Eu teria Twitter e Facebook, faria fotos lindíssimas no Instagram, editaria meus próprios filmes, seria um ser eletrônico e mecânico.

Eu não fumaria. Não beberia. Não tomaria calmantes nem antibióticos. Saberia sempre onde está o passaporte e o carnê do IPTU. Falaria pouco.

Mas existe uma coisa em mim que vale o ingresso, um defeito de fábrica que eu não mudaria por nada: o prazer de fazer má propaganda de mim mesma e saber que só permanecem comigo quatro tipos especialíssimos da categoria humana: meus filhos, meus pais, meu marido e aqueles seres estranhíssimos que gostam inclusive dos meus piores defeitos.

Por esses cristãos, a quem chamamos amigos, exibo meu lado B – talvez o único possível – e agradeço, comovida.


(Quer ler mais Maria Ribeiro ou a TPM todinha sem gastar um tostão, o conteúdo está todo disponível no site. #ficadica)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

The show

Dos filmes candidatos ao Oscar de melhor filme em 2012, talvez Moneyball seja o mais fraquinho - o que não quer dizer que não seja bom. Aquela coisa: história real, falando de esporte e com o Brad Pitt, muito ruim não podia ser. Mas, muito além de tudo isso, a melhor parte do filme acaba sendo a música do final. Se não viu o filme e não quer estragar a surpresa, nem olha, se não se importa... just enjoy the show:



I'm just a little bit caught in the middle / life is a maze and love is a riddle / I don't know where to go / can't do it alone / I've tried / And I don't know why

I'm just a little girl lost in the moment / I'm so scared / But I don't show it / I can't figure it out / It's bring me down / I know / I got to let it go / And just enjoy the show

Slow it down / Make it stop / Or else my heart is going to pop / Cause it's to much / Yea, it's a lot to be something I'm not / I'm a fool out of love / Cause I just can't get enough

terça-feira, 3 de abril de 2012

Don't watch it... if you can.

Uma insônia do cão vem me acompanhando noite a noite durante toda essa semana. Não adianta, não tem jeito de dormir, é um rola-rola (e não rala-e-rola, o que definitivamente seria preferível) na cama que não para. Até o livro mais chato que habita o meu quarto já foi convocado e nada. O sono não vem.

Nesse intervalo, me distraio como posso, e não é que até acho umas coisas legais? Esse vídeo da Puma é uma delas. Fica aí para os demais insones que passarem por aqui.



"Because in the end the night deserve to be played and channel surfing is not a sport".

sábado, 31 de março de 2012

Sobre melecas e iphones


Desde que surgiu na minha vida essa maravilha chamada smartphone e, mais ainda, esse vício chamado iPhone, que eu venho notando nascer em mim uma relação de amor e ódio. Apesar de AMAR o meu e dele não abrir mão, eu fui aos poucos notando a capacidade que esse aparelhinho diabólico tem de aumentar a minha ansiedade a níveis extremos. Ele simplesmente deletou da minha rotina o "parar e observar". Eu não espero mais o elevador olhando os números dos andares irem diminuindo em cima do botão, pego o telefone e dou um olhada no que andam falando no twitter. Sala de espera de consultório não significa mais ouvir Antena 1 e pensar no que eu ainda tenho que fazer no dia, mas abrir o Instagram e ver como são lindas as fotos daquela amiga que eu sigo. Parei no sinal? Não olho mais o tiozinho do carro do lado tirando meleca do nariz, mas abro o facebook e dou um suspiro pela quantidade de baboseiras que atolam a timeline. Pior: é visível como, ao invés de aumentar, diminuiu a quantidade de conteúdo que eu consumo. Conteúdo, não fragmentos de conteúdo. Ando lendo menos livros, comprando menos revistas e vendo menos filmes. Ainda que eu continue fazendo tudo isso, às vezes me pego parando a minha leitura e dando uma olhada geral no celular para ver o que anda acontecendo pelas redes sociais. Pode?
O David Coimbra escreveu uma crônica excelente na Zero Hora de ontem dizendo, basicamente, que a sua capacidade de ler é bem inferior à quantidade de livros que o interessam, razão pela qual ele não pode perder tempo - e precisa estabelecer critérios. Diz, assim, que não se dá ao luxo de perder uma hora no facebook quando podia estar terminando a 50ª página de um bom livro. A Cláudia Laitano, na Zero Hora de hoje, comenta que na era da superabundância de informação, eleger prioridades tem se tornado cada vez mais difícil: cultura pop e cultura erudita, diversão e notícias, presente e passado. São muitas as vozes que disputam nosso tempo e nossa atenção. Sem foco, piramos na rotina alheia e esquecemos de alimentar a alma.
Eu não sou tão extremista quanto o David, valorizo as facilidades decorrentes desse novo momento tecnológico. Usufruo delas, inclusive. Me incomoda, contudo, notar o quanto elas alteraram a minha própria rotina - e em diversos aspectos para pior. Pior para mim. As possibilidades que o Twitter traz, a aproximação que o facebook acarreta e a admiração que uma foto de um momento especial postada no instagram gera são maravilhosas. Mas preciso tratar isso como um pequeno momento do meu dia e voltar a acalmar o espírito, chegar em casa, largar o celular de um lado, deixar o computador desligado e devorar 50 páginas do meu livro. Conseguir ver dois filmes seguidos sem pensar em qualquer conectividade que não seja com a trilha sonora. Dormir lendo a Piauí. Preciso voltar a conseguir não fazer nada. É isso: a meta é conseguir voltar a rir sozinha, sem fazer nada, ao pegar os tiozinhos no flagra tirando meleca do nariz no sinal fechado.

domingo, 25 de março de 2012

Tudo que eu gosto. Tudo que eu quero.



Gostar ou não de uma música, na minha humilde opinião completamente sem embasamento técnico, é muito mais consequência das nossas experiências pessoais do que de grandes análises técnicas - pelo menos para a grande maioria dos mortais. Muito além da análise da voz, da melodia ou do solo de guitarra perfeito de determinado som, é ao que aquela voz, melodia ou solo nos remete que nos faz gostar mesmo dele. Uma música que nos toca, em síntese, é muito mais reflexo das sensações que ela nos evoca do que qualquer outra coisa.

Tudo isso para dizer que viciei nesse som e não paro de ouvir. Até dá para não gostar de hip hop, odiar o Snoop Dog, mas quem tem pelo menos um pouquinho de "young", algum desejo de "wild" e uma adoração pela sensação "free", vai - se não gostar - pelo menos entender.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Vivendo



Disse Rilke:

"O senhor é tão jovem, tem diante de si todo começo, e eu gostaria de lhe pedir da melhor maneira que posso, meu caro, para ter paciência em relação a tudo que não está resolvido em seu coração. Peço-lhe que tente ter amor pelas próprias perguntas, como quartos fechados e como livros escritos em uma língua estrangeira. Não investigue agora as respostas que não lhe podem ser dadas, porque não poderia vivê-las. E é disto que se trata, de viver tudo. Viva agora as perguntas. Talvez passe, gradativamente, em um belo dia, sem perceber, a viver as respostas. Talvez o senhor já traga consigo a possibilidade de construir e formar, como um modo de viver especialmente afortunado e puro; eduque-se para isso.

Mas aceite com grande confiança o que vier, e se vier apenas de sua vontade, se for proveniente de qualquer necessidade de seu íntimo, aceite-o e não o odeie. A carne é um fardo, verdade. Mas é difícil a nossa incumbência, quase tudo o que é sério é difícil, e tudo é sério. Se o senhor reconhecer apenas isso e chegar a conquistar, a partir de si, de sua disposição e de seu modo de ser, de sua experiência e infância e força, uma relação inteiramente própria (não dominada pela convenção e pelo hábito) com a carne, então o senhor não precisa mais ter receio de se perder e se tornar indigno de sua melhor posse".

Vivendo as perguntas, para um dia, sem perceber, viver as respostas.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Duas experiências, uma dúvida e nenhuma conclusão



Cheguei de mais um carnaval memorável no Rio de Janeiro e, no auge da minha velha conhecida "deprezinha-pós-Rio", fui ver "Os Descendentes". Canditaço ao Oscar em várias categorias, o filme é sensível, tocante, além de nos trazer na bandeja um George Clooney cada vez melhor (em TODOS os aspectos!!). Mas como as nossas experiências são as responsáveis diretas pelas sensações que qualquer tipo de arte nos provoca, esse post não é sobre a história ou a moral do filme, mas sobre uma fala específica do personagem principal, a introdução de todo o roteiro e que se encaixa tão bem no turbilhão que povoa a minha cabeça a cada volta do Rio de Janeiro. Diz o personagem principal, que vive no Hawaii, que os havaianos, ao contrário do que acham os que vivem no continente, não são imunes a vida. Que a dor deles não é menor, o sofrimento não é mais ameno. Pois então.

Toda vez que eu vou para o Rio de Janeiro a minha vida parece acontecer como tem que ser e me bate essa vontade absurda de simplesmente largar tudo e ficar por lá, essa impressão de "me pertence", de "eu pertenço", essa familiaridade que não parece existir por acaso. Ao mesmo tempo, eu me pego pensando se tudo isso não se deve muito à eventualidade. Minha válvula de escape, o lugar que eu vou quando estou a ponto de explodir em Porto Alegre e de onde sempre volto plena. Será que não é isso que faz do Rio um lugar tão especial para mim? Será que morar lá me traria a mesma satisfação - ou algo próximo dela - que me trazem as visitas esporádicas? Afinal, como o Hawaii de Clooney, o Rio não pode ser imune à vida.

O problema é que o mesmo pé no chão que me traz esses questionamentos, me diz que uma identificação tão grande não vem a toa e que eu deveria tentar. Porque o Rio pode não ser imune à vida, mas ele é, para mim, o que eu quero da vida. É vivo. Vício. É bom.

...pensamentos, teorias e devaneios...