quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Duas experiências, uma dúvida e nenhuma conclusão



Cheguei de mais um carnaval memorável no Rio de Janeiro e, no auge da minha velha conhecida "deprezinha-pós-Rio", fui ver "Os Descendentes". Canditaço ao Oscar em várias categorias, o filme é sensível, tocante, além de nos trazer na bandeja um George Clooney cada vez melhor (em TODOS os aspectos!!). Mas como as nossas experiências são as responsáveis diretas pelas sensações que qualquer tipo de arte nos provoca, esse post não é sobre a história ou a moral do filme, mas sobre uma fala específica do personagem principal, a introdução de todo o roteiro e que se encaixa tão bem no turbilhão que povoa a minha cabeça a cada volta do Rio de Janeiro. Diz o personagem principal, que vive no Hawaii, que os havaianos, ao contrário do que acham os que vivem no continente, não são imunes a vida. Que a dor deles não é menor, o sofrimento não é mais ameno. Pois então.

Toda vez que eu vou para o Rio de Janeiro a minha vida parece acontecer como tem que ser e me bate essa vontade absurda de simplesmente largar tudo e ficar por lá, essa impressão de "me pertence", de "eu pertenço", essa familiaridade que não parece existir por acaso. Ao mesmo tempo, eu me pego pensando se tudo isso não se deve muito à eventualidade. Minha válvula de escape, o lugar que eu vou quando estou a ponto de explodir em Porto Alegre e de onde sempre volto plena. Será que não é isso que faz do Rio um lugar tão especial para mim? Será que morar lá me traria a mesma satisfação - ou algo próximo dela - que me trazem as visitas esporádicas? Afinal, como o Hawaii de Clooney, o Rio não pode ser imune à vida.

O problema é que o mesmo pé no chão que me traz esses questionamentos, me diz que uma identificação tão grande não vem a toa e que eu deveria tentar. Porque o Rio pode não ser imune à vida, mas ele é, para mim, o que eu quero da vida. É vivo. Vício. É bom.

...pensamentos, teorias e devaneios...