segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

FELIZ 2009


Pois é, e não é que 2009 tá aí mesmo?

E vai saber o que esperar dele... se o horizonte está um pouco nebuloso com a possibilidade de uma crise em proporções inimagináveis (falam até de colapso do sistema) e com a situação no Oriente Médio tensa novamente, prefiro acreditar no meu lado otimista inveterado: depois de um ano em que o país mais poderoso (e possivelmente racista) do planeta elegeu um presidente negro e que o Bush levou uma sapatada, eu só consigo pensar que vem coisa boa por aí! E ainda passando a virada no Rio, com aquela paisagem indescritível na minha frente, rodeada de amigas, vendo um show de fogos espetacular e ouvindo a Mart'nalia cantar "don't worry, be happy"... ahhhh, meu bem, como diria um amigo meu: 2009 vai ser mara!

E HAJA SÃO JORGE, MUITO VERMELHO E VERDE!

Feliz Ano Novo, até 2009!!!!!!!!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

le scaphandre et le papillon

Não costumo escrever sobre cinema. Pelo menos não criticamente, me falta uma capacidade analítica mais apurada, e pelo menos neste blog, os demais integrantes fazem isso muito bem.
Por isso que só falo de filmes quando saio do cinema - ou levanto do sofá, como há pouco - com um sentimento que pede pra ser colocado pra fora com urgência, sob pena de se esvair.
O Escafandro e a Borboleta começou me causando um déja vu. E pela natureza da memória despertada, trouxe junto um assombro: um olhar que demora a distinguir formas, cores, vozes. A constatação de que é inútil tentar se comunicar, a voz não sai, as palavras não se articulam. O diagnóstico. Virar objeto de estudo de acadêmicos de medicina. A súbita complexidade de tarefas tão corriqueiras quanto escrever um bilhete. Os olhares compadecidos.
Jean-Do ficou apenas com o olho esquerdo. O suficiente pra escrever um livro, pra fazer uma mulher chorar, pra fazer escárnio. Correção: o olho esquerdo, a imaginação e a memória. O suficiente pra descer uma montanha esquiando, pra beijar a mulher amada na beira do mar, pra fazer a barba do velho pai. Não voltou a ser editor da Elle, bon vivant, paizão, e assim não precisou repensar o que tinha sido até ali e como seria dali pra frente. Maldisse o médico, teve tesão pela fonoaudióloga, riu com os entregadores que acharam a coisa mais engraçada do mundo um paciente incapaz de falar recebendo um telefone.
Não sei se em algum momento eu me comovi pura e simplesmente pela história contada ou se me identifiquei o tempo todo, mesmo porque acredito que ambas sensações se complementam.
Acho que o que eu quero dizer é que nessa época de balanço, depois de um ano movimentado, com vários tipos de medo batendo, tudo o que eu precisava era ver em outro o que se passou comigo. Porque eu costumo minimizar, fazer graça, nunca penso em como foi foda, e daí pra eventos menores me deixarem em pânico não precisa muito.
É isso, ando angustiada, e tava precisando me olhar desde outra perspectiva.
E o filme é lindo!

Um dia já pode fazer um bem danado: andar com a minha irmã pela Redenção em clima de cumplicidade, ver meu tio amado virar um pai babão, falar muito na análise, criar uma receita, assistir a um bom filme. Mas ainda acho que tudo ficou melhor porque hoje a Olívia veio ao mundo!

Amor ao bom velhinho

Querido Papai Noel, acho que já conversamos muitas vezes sobre a gente. No fim eu fico sempre com medo de ter falado mais de mim do que ter te ouvido. Imagino como tu possas te sentir, mas às vezes é inevitável. De qualquer forma, acho que conseguimos falar de ações e sentimentos pessoais e, no fim, nos reconhecemos. Nós nos reconquistamos nesse ano que passou! Desculpa a minha insegurança e as mentiras. Eu errei principalmente porque naquela conversa que tivemos no início do ano no bar do Alaska eu prometi que nunca mais mentiria pra ti. Mas é impossível. A mentira é para o cérebro o que a fumaça do cigarro é para os pulmões: um falso bem estar.

Quero que entendas que estou arrependido e que faço isso porque tudo é muito difícil para mim. A minha cabeça a o meu coração estão uma pilha. Mas estou conseguindo parar com as mentiras. As troquei pelo cigarro e pelo uísque. Espero que o senhor entenda que é preciso ter uma compensação. Sábado passado, porém, aconteceu algo inusitado. Senti meu peito apertado a minha cabeça inquieta. Era início da tarde e nem as drogas conseguiram me tirar aquela sensação horrível. Deve ter sido Deus, nosso senhor, que me mandou o telefonema da Verdadeira Luz, minha tia. Fui pra casa dela e passei a tarde toda lá. Contei tudo a ela. Eu precisava e me fez tão bem. Precisava de um abraço materno e de um colo pra banhar de lágrimas.

A coisa mais importante que aconteceu na casa dela foi eu me dar conta de que, independente de qualquer coisa que possa acontecer comigo ou contigo, independente de qualquer escolha nossa, eu não quero te perder de novo. Estou fraco e só preciso saber que tu estás aqui, do meu ladinho. Não me abandona de novo e nem me trata daquela forma distante. Não quero reviver 2005. Quero o belo... ao teu lado. Lembra dos pedidos dentro da bota? No meu dizia BELEZA.

Nunca vou me esquecer da festa de aniversário da tia Afrodite, onde a vizinha Pobreza seduziu e embebedou o tio Recurso que estava na sua, observando tudo. Eles acabaram ficando juntos e no fim da noite transaram e tiveram um filho: Eros, o Amor. Um lindo menino. Depois daquela festa vi que tudo na minha vida tinha mudado. O amor não é apenas da riqueza, mas, sim, da humilhação, do barraco.

"Dei pra mal dizer o nosso lar, pra sujar teu nome,te humilhar e me vingar a qualquer preço. Te amando pelo avesso."

Hoje sei que nosso amor é verdadeiro, tenha ele puxado mais a vizinha ou o tio. Não importa.

Beijo.
Hípias.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

...

Tem horas que o melhor remédio é escrever.

E tem horas que tudo que se quer é escrever, em que há tanto pra falar, bilhões de coisas por dizer, mas se olha o computador e... nada. De repente porque sentimentos à flor da pele não são descritíveis, ao menos para uma não-gênia-das-letras como eu. Porque eu concordo plenamente com a crônica aí de baixo: grandes gênios de qualquer tipo de arte são aqueles que têm a sensibilidade de passar a dor das suas vidas para o papel, microfone, tela. Eu, entretanto, que só vou escrevendo sem maiores habilidades, tenho uma séria dificuldade em escrever no meio do turbilhão. Só quando tudo se acalma, a maré baixa, a rotina é retomada, é que dá para identificar o que se sentiu, como aconteceu, tirar conclusões e aí sim escrever.

A maré já baixou, a calmaria voltou e a rotina tá uma delícia, nesse clima de fim de ano que eu tanto adoro! Muitos programas, eventos, novidades, planos. E sol...ah, o sol!É engraçado como a gente se engana nas previsões do nosso próprio futuro: às vezes só pensamos na tristezinha que será um "the end" e não nos damos conta da alegria muito maior que é o "let's start again"!

2009, BABY. QUE VENHA!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Sentir - Senti - Sem ti

Ontem recebi uma carta de uma amiga querida, porém muito distante que nunca me escreve. Pois quando eu a abri, lá estavam as suas histórias tão bem escritas e tão bem contadas que seriam capazes de comover qualquer leitor mesmo sem conhecer o remetente. E no fim, a frase que mais me chamou a atenção:
- Estou triste e precisava colocar alguns dos meus tantos sentimentos para fora, nem que fosse numa folha de papel para ver se me livro de alguns e/ou se, pelo menos, os organizo.

Fiquei pensando nas emoções em geral e principalmente na tristeza. Depois de ler a biografia das principais cantoras do mundo, pelo menos para mim, que não sou nenhum crítico de música, mas que, sim, aprecio a arte feita com alma: Elis Regina, Billie Holiday e Édith Piaf. O que estas três mulheres fenomenais teriam em comum? Uma vida desgraçada? Não exatamente. O que percebi foi que todas elas acumularam durante suas trajetórias uma tristeza pela vida, mas, ao mesmo tempo, uma vontade tão grande de viver. Talvez e provavelmente sejam as trapaças que o destino de um o aplica e a sua fantástica habilidade de amar. Tudo em um só corpo e alma. É isso. O que falta na arte e no mundo são emoções e a sabedoria de senti-las e degustá-las.



Esses dias ainda ouvi nosso grande poeta Vinícius de Moraes me dizer que não se faz samba sem tristeza. Mas justo samba que é tão animado? Pois é assim mesmo. De certo para se fazer arte é preciso ter os sentimentos a flor da pela, exalando sensibilidade por todos os poros de nossos corpos. Talvez não seja também só uma questão de arte. A tristeza é uma qualidade inerente ao ser humano. E com ela evoluímos e vamos nos transformando aos poucos em pessoas melhores. De repente, quando ela vier é bom deixá-la fermentar e amadurecer dentro de nós como o vinho em um barriu de carvalho. O carvalho também há de ficar melhor.

Todas estas frases acima que estão em forma de afirmações, são apenas indagações que surgiram conforme fui observando o meu infinito particular. Aceito críticas, doam o que doer. Afinal: “...no fundo, toda a dor tem uma pontinha de prazer...”

sábado, 6 de dezembro de 2008

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Dez para as seis: acordar e ir correr. Casa, banho, seca cabelo. Correndo pro cabeleireiro, hora marcada pra fazer as unhas. Trabalho. Muitos prazos hoje. Urgente, é urgente. Almoço. Mais trabalho. Trânsito, aula. Casa, internet, TV. Dar uma lida antes de dormir. Acorda mais cedo pra estudar para uma prova. Trabalho sem intervalo pro almoço pra estudar mais um pouco. Prova, escreve seis folhas. Encontrar as amigas para desestressar e pôr os papos em dia. Acorda cansada da saída de ontem. Correr. Trabalho. Trânsito. Aula. Que sono, mas preciso acabar o livro! Chegando o fim-de-semana, vamos naquela festa? Vamos, mas antes tenho que ir no super. Devolver o filme na locadora. Dar uma olhada no Orkut. Se arrumar para a festa, maquiagem, secador, escolher uma roupa. Ops, não tirei dinheiro, passa num caixa. Acorda com uma mensagem. Ficou com ele? Foi bom? Ressaca. Obrigação de aproveitar o dia, sol, parque, chimarrão. Chopinho de noite. Almoço em família. Cinema. Ver as amigas de novo, contar do fim-de-semana. Acordar cedo, correr, comprar um presente de aniversário. Ele ligou? Vai mandar email. Procurar pousadas pra viagem do fim-de-semana. Pagar contas. Churras do pessoal da praia. Mandou o email? Não, mas o chefe mandou, tenho que chegar mais cedo amanhã. Trânsito, atrasei. Não dá pra perder a aula, não posso ter mais faltas. Colocar gasolina, tá na reserva. Viagem no fim-de-semana, dirige 5 horas. Festa. Praia. Arruma as coisas rápido pra não pegar trânsito na BR. Chega, vê a família. Acorda cansada da viagem. Putz, esqueci algo importante lá. Concentra, tem três contestações pra fazer. Sai rápido pra almoçar com a amiga que brigou com o namorado. Depilação. Pagar contas. Jogo do Inter, trânsito na volta, dormir tarde. Janta com a família. Discurso da mãe: tá, eu sei. Tá chegando o fim-de-semana de novo, o que vamos fazer mesmo? Relatório, pra entregar até o meio-dia. Levar o irmão num curso. Reencontro do pessoal do colégio. Sono no trabalho, traz um café! Aula, fez a pesquisa? Sair hoje? Jura? Não sei, tenho que acordar cedo amanhã. Ligar. Decidir. Sair. Pensar, a cabeça não pára. Ler. Escrever. Dançar. Dirigir. Falar.




PAUSA.


Tem horas que tudo que se precisa é e uma pausa. Descansar. Ficar em casa sem fazer N-A-D-A. Desligar a cabeça. Just for a while...

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Quisera eu...

Não sei o porquê dessa polêmica toda em torno da diferença de idade e todo esse blábláblá... é só olhar para ver um sentimento bonito rolando ali. Alguma dúvida de que é isso que importa?





"Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
Pode ser cruel a eternidade
Eu ando em frente por sentir vontade

Eu quis te convencer mas chega de insistir
Caberá ao nosso amor o que há de vir
Pode ser a eternidade má
Caminho em frente pra sentir saudade..."

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

personas

Venho reparando há algum tempo nos grupos de pessoas que freqüentam o lugar onde eu gosto de ir pra dançar. Eu sei, não é nada in ficar reparando nos outros no meio underground, mas é da minha natureza observar humanos. De preferência à distância, mas de tempos em tempos eu me misturo a eles, a la Pampa Safari.
Ciente de que estou em um momento meio bronco do meu já acanhado jeito de ser (à exceção de alguns rompantes de extroversão), de início pensei: pessoalzinho divertido, hein? Rock´n´roll no pau de puta, amor (?) livre, visual indie, camisetas engraçadinhas, cabelos bagunçados... Me senti em casa, dançando como desse vontade, podendo ir pra noite sem precisar passar mais do que 15 minutos me arrumando, usufruindo o open bar no meio da semana... tudo isso ao som de bandas que eu gosto e outras tantas que eu fico conhecendo ali.
Maravilha. Passadas algumas noites, bateu um repé: comecei a me sentir meio deslocada, e como eu já mencionei, não andava numa fase muito boa... pronto, comecei a achar que o problema era comigo, que talvez eu não fosse tão livre quanto eu imaginava, ou que não entendesse as diversões ensandecidas, que eu fosse uma chata, basicamente.
Dei um tempo, comecei a tomar antibiótico, duas semanas sem beber, quieta no meu canto. Essa semana decidi voltar ao meu estudo antropológico e pude confirmar a tese que eu começava a desenvolver. Passemos aos fatos e às constatações decorrentes:
1º momento da noite: encontro minha amiga, que chega com um grupo. Conheço alguns, nunca vi outros, amiga mesmo, só a primeira mencionada. Eis que nos abraçamos e subitamente um indivíduo de aproximadamente 1,90m, liderando um bando de mais dois ou três, inadvertidamente faz um montinho hard core sobre nós. Bati com a cabeça na parede, não quero nem pensar em como ficou meu vestido e entrei no lugar um tanto atordoada...
2º momento: o menino com quem a minha amiga vem ficando, que foi pra noite com ela, simplesmente se enrabichou com uma outra rapariga lá pelas tantas. A amiga, puta da cara, mas cheia de classe, elegantemente sentou em um sofá diante do casal e esperou até que o cidadão se apercebesse da presença dela. Enquanto isso, um outro da trupe insistia pra que eu me achegasse mais a ela, desse uns beijinhos, quem sabe? "Mas por quê não? Tu não acha ela bonita? Mas aqui pode tudo, qual o problema?". Tentei explicar pra pessoa que sim, eu só tenho amigas lindas, e que o ambiente democrático era irrelevante, já que caso eu quisesse beijar ou agarrar minhas amigas, não precisaria de um barzinho descolado pra me autorizar a fazer isso. Eu simplesmente não tava a fim. Mas pela cara do menino, era como se eu falasse javanês...
3º momento: já conformada com a diferença de freqüência entre mim e o environment, fiquei de espectadora. E aí vi gurias se esfregando pra chamar atenção, hormônios descontrol levando três pessoas que se agarravam ao chão, em um tombo espetacular, e outras tantas cenas que me deixaram pensativa... Já não pareciam mais pessoas livres e despreocupadas, não eram mais os adoráveis hedonistas de algumas semanas atrás. Porque não se via ali uma busca pelo prazer genuíno, zero de espontaneidade. Parecia que aquelas pessoas (que não eram a maioria dos freqüentadores, tô falando de um grupo restrito) estavam permanentemente preocupadas em protagonizar uma cena de impacto, em provocar, em transgredir. Mas transgredir o quê, mesmo? Quem, ali, dizia pra eles que alguma coisa era proibida? De onde viriam olhares de censura? Por que razão aquela meia dúzia de pessoas, que no seu dia-a-dia sabem conversar e se comportar de maneira tranqüila, quando botam os pés em determinado lugar parecem animais selvagens, recém libertados de um longo período de confinamento?
Volto ao caso do menino que pisou na bola com a minha amiga: gosta dela, tão juntos direto, mas ele não consegue decidir por si próprio que vale a pena deixar de ser porra-loca, abrir mão de pegar qualquer uma, aparentemente porque o personagem que ele incorporou não admite variações. E aí os seres livres do início do post se mostram escravos do estereótipo que eles adotaram.
Enfim, já divaguei bastante... minha conclusão não é novidade pra quem me conhece, e é uma idéia que meus amigos compartilham comigo: não adianta tentar evitar o contraditório. Cada um de nós é cheio de paradoxos, e é isso que faz as pessoas tão interessantes. O anseio em se tornar imprevisível só traz uma previsibilidade das mais aborrecidas. Beco sábado e missa no domingo? Pode! Sonic Youth e Wanessa Camargo no iPod? Por quê não? All Star e stilettos lado a lado na sapateira? Nada impede! Um urbanóide cibernético que adora uma cabana de praia isolada? Sem crise, colega!
Acho que no final das contas, a única regra é o bom caráter e uma dose suficiente de amor próprio.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Dom Quixote de la América?

No dia em que saiu o resultado das eleições nos Estados Unidos fiquei feliz de saber que um democrata com discurso eloqüente e aparentemente humilde e elegante havia sido eleito para governar o país e certamente se meter no governo do resto do mundo também. Aliás, a decisão do novo presidente dos EUA é tão comentada em todos os lugares, com uma cobertura de 24 horas da mídia e de real importância para o futuro do planeta que deveríamos todos os povos poder votar em democratas ou republicanos. Mas acredito que foi votado para o melhor. “Já estava na hora de mudar!”, pensei. Pelo menos parece que a maioria da população mundial e principalmente os veículos de comunicação concordam comigo.

Porém, minutos depois da divulgação do nome do novo presidente da América, houve dentro de minha própria residência um bombardeio: de e-mails, comentários nas rádios, a televisão só falava nisso, os jornais com capas e mais capas, as revistas perguntando aos pobres leitores brasileiros se este negro americano poderia salvar o mundo? Chegaram a me dizer que havia nascido um novo herói.
- Mas assim tão rápido? Ele nem fez nada ainda! - eu falava com meus botões.

Também nunca tinha visto os veículos de imprensa gaúcha mencionarem alguma nota sobre o Quênia e de repente, não mais do que de repente:
- É feriado no Quênia!, gritavam na TV.
Confesso que fiquei um pouco chocado com aquilo. Não com o fato do feriado em si, mas da importância que aquilo tinha para as pessoas que não foram capazes de me dizer que dia 2 de novembro tinha sido Corpus Christi.


Aquelas bombas foram estourando e estourando e eu me agarrando de nojo e de nojo que já não agüentava mais ouvir falar no tal do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, do responsável pelo momento que ficará marcado na história do planeta Terra, do homem revolucionário que veio para mudar: o novo Abraham Lincoln - assassinado com um tiro na nuca durante uma peça de teatro -, o novo John Fitzgerald Kennedy - assassinado com um tiro no pescoço e outro na cabeça durante um desfile de carro na cidade de Dallas -, o novo Martin Luther King Jr. - assassinado baleado por um ex-presidiário -. Só espero que ele também não seja morto como todos esses marcos da história norte-americana. Se bem que se morrer agora ou no dia da sua posse, pelo menos para a sua imagem, pode ser bom, pois aí sim ele ficará mesmo marcado como um super-herói e um salvador do mundo. Claro, não vai nem correr o risco de cometer os erros que ninguém espera ou de não conseguir mudar nada que todos esperam. É mais ou menos como a história de Romeu e Julieta: o amor indiscutível e o relacionamento perfeito. Sim, eles nem chegaram a morar juntos e conviver de mais para cometerem erros e perceberem os problemas um do outro.

Não me lembro de ver reportagens assim tão emocionantes - uma edição perfeita, com os cortes certos, imagens de fotos tratadas da pessoa feliz ao lado da família, depoimentos apaixonados e, é claro, uma música de ritmo emocionante e mensagem condizente com o fato - desde a morte do Airton Senna. Aquelas mensagens que eles espremem, espremem até a gente chorar. O Senna pelo menos chegou no mundo e mostrou a que veio. Se tornou através do seu trabalho um grande esportista. Vamos ver o que será que será do próximo presidente americano.

Se tornará esta mais uma história de um falso-herói? O personagem mais célebre de Miguel de Cervantes é cria dos livros de cavalaria que o tornaram um cavaleiro andante graças aos milhares de livro sobre o assunto que lera e que o transformaram em um louco que achava poder salvar as pessoas e combater os moinhos de vento. Será Barack Hussein Obama um Dom Quixote de carne e osso, porém filho da mídia? Cervantes também conta na mesma história que o personagem Sancho Pança foi se aventurar junto a seu herói Quixote graças às promessas que este o fizera de que poderia governar uma ilha. Pois neste caso, volto a fazer uma analogia em forma de indagação: seremos nós realmente o retrato de um personagem do renascimento espanhol com almas desesperadas por melhorias nas condições de vida e por promessas? Será que nos tornamos todos Sancho Pança’s?

Tomara que possa, de fato, concretizar tudo o que prometeu e o que a população mundial espera dele. Mas quero ter meus pés no chão, fazer um esforço para me lembrar de que ele, pelo menos ainda, é um ser humano e que pode, sim, não salvar o planeta.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

romantismo x pragmatismo

Numa dessas minhas fases “leitora voraz”, que vão e vem de época em época, me deparei com um livro que me surpreendeu: O animal agonizante, do Philip Roth. Super recomendação de amigos, é um livrinho fininho, mas que me passou um bocado de sensações. É basicamente o relato de um tiozão, com seus sessenta anos e personalidade bem peculiar. Por sinal, me lembrou muito “A casa dos budas ditosos”, do João Ubaldo Ribeiro, mais erótico, mas também ótimo.

Mas enfim, tem inúmeras passagens do livro que eu queria comentar, diversas falas do tiozinho que eu queria palpitar sobre, mas vou deixar isso para outra hora, por enquanto vou para outro lado.

Ao tentar fazer a lista dos meus dez filmes preferidos, um dos primeiros que eu lembro é Closer, sempre. Nossa, eu sou a-l-u-c-i-n-a-d-a por este filme. Desde a cena inicial, da Natalie Portman com a trilha do Damien Rice, até a cena final, da Natalie Portman com a trilha do Damien Rice (nunca vi uma música tão bem empregada em um filme, por isso ficou ótima empregada duas vezes!), o filme TODO merece comentários. E assim como o livro do Philip Roth, eu teria inúmeras cenas para palpitar sobre por aqui, o que não farei agora também.

Na real eu falei dos dois para chegar onde eu queria: apesar de eu ter adorado os dois, eu percebi que tenho que tomar cuidado com esse tipo de filme ou livro por uma simples razão – que deve ser a razão pela qual eu gosto tanto deles: em relação a relacionamentos, eles são EXTREMAMENTE realistas, pragmáticos, objetivos. Sendo eu também demasiado assim, tenho que cuidar para não jogar o que me resta de romantismo pela janela.

No Closer, vemos que relacionamentos não são perfeitos, que a verdade nem sempre é a melhor saída, que muitas vezes só gostar não adianta, que sexo faz sim diferença (mas também não é tudo), que nem todos são o que parecem ser, mesmo após anos de convivência. Enfim, que não há receita, que a expressão “pessoa certa” é muito relativa e principalmente: que, na maioria das vezes, não gostamos da pessoa pelo que ela realmente é, mas pela personalidade que nós mesmos atribuímos a ela, pelo que decidimos que ela é. Essa eu acho uma verdade incontestável, acontece sempre, com todos.

O livro também vai por aí, mas em um sentido mais prático: o personagem é completamente contra o casamento, que acredita ser uma instituição fadada ao insucesso e dá inúmeros exemplos neste aspecto.

Portanto, eu, que já acredito em muito disso (apesar de não ser tão rigorosa em relação ao casamento), acabo aumentando o meu rol de teorias a respeito e diminuindo drasticamente as minhas concepções mais românticas. É claro que quando eu estou apaixonadaça eu esqueço tudo isso e acho que vai ser para sempre, que ultrapassaremos todas as barreiras e blábláblá, mas no meu estado normal, cada vez diminui meu romantismo - e isso não é bom. Porque, no fundo, eu admiro muito os românticos e sonhadores...

Acho que to precisando alugar Titanic e dar uma lida em Polyana...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Textinho a publicar (ou não) no jornalzinho da família...

O Ché me pediu para escrever alguma coisa para o jornalzinho da família. Da outra vez a Lelena já tinha pedido, o que me faz crer que o Tio Quincas, por algum motivo desconhecido, colocou na cabeça dos filhos que eu escrevo bem. Anyway, bem ou mal, agora cá estou (qualquer reclamação, favor direcionar-se à mesa da Tia Arabela).

Eu adoro as festas da família. Não estou aqui babando ovo não, eu realmente gosto muito. De repente porque sou fruto dessa família por todos os lados, para qualquer direção da minha árvore geneológica que se vá, se chega na Vó Quinota. Ou então porque desde que eu me conheço por gente meus pais são separados e acaba sendo na festa da família o único momento em que estão as duas famílias, de pai e de mãe, reunidas. Mas na verdade, na realidade mesmo, eu acho que esses motivos até ajudam, mas posso listar dezenas de outros que me fazem sofrer se tenho que faltar uma festa.

Esse ano, por exemplo, não poderei comparecer. Motivos mais fortes me levam ao litoral catarinense, fazer o quê... mas juro que fico muito chateada de perder, porque só tem uma vez por ano. Perdeu? Só ano que vem. Eu lembro que quando eu estava na Austrália me enviaram o jornalzinho da festa: eu chorei lendo. Provavelmente não tinha nenhuma notícia triste, nem uma única singela nota mais emocionante, mas eu chorei lendo. E é lembrando disso que eu consigo elencar os motivos que me fazem gostar tanto da festa.

Reencontrar todo mundo, muitos dos quais acabamos vendo só ali mesmo; ler e dar risadas com os jornaizinhos e com eles se inteirar dos acontecimentos do último ano (quem casou, se formou, viajou,...); os doces das tias, sempre um espetáculo; a cervejinha gelada e a animação progressiva (meu pai diz que eu tenho que me cuidar nesse sentido, é muita genética para uma pessoa só!); ver a minha família reunida, o que acaba sendo difícil, na correria do dia a dia; encontrar o pessoal do Tio Ruy, pois acaba sendo só na Festa da Família (ou por causa dela) o meu contato com eles; a mesma coisa com a Tia Lalá e companhia, que eu até vejo com mais frequência, mas não com a necessária; a Tia Bira querida, sempre presente; aquele batalhão da família da Tia Wanda, uma alegria só, que anima a festa; rir com os filhos da Tia Ara, que eu já considero tios de verdade, como se fossem irmãos dos meus pais; ouvir o discurso do Ché (sempre tem, né?); descobrir o que a comenda do ano aprontou de novidade; a eleição da nova comenda, sempre um show de risadas; descobrir o quanto eu cresci ("como tu cresceu") - e agora que eu já passei dessa fase, ver como as crianças crescem rápido (desespero!).

Enfim, por essas e por outras que a Festa da Família significa muito para mim. Eu acho que tem que ter todo ano sim e que a gente não pode deixar morrer. Porque no fim, a família é tudo que nós temos e o sentimento de união que a festa passa deve permanecer sempre. Foi pouca gente em um ano específico? Paciência, quem foi se divertiu. Mas que se faça sempre.

Até porque, no fim das contas, eu não posso viver sem os discursos do Ché...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

OBAMA FOR CHANGE



Impressionante o carisma. A habilidade em trazer com a democracia um sinal de esperança, em fazer as pessoas se engajarem pela causa.

"I ask you to believe..."

I believe, Obama. I believe.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Que merda quando a gente sabe EXATAMENTE o que tem que fazer, mas impulsivamente teima em fazer o contrário...

A gente já sabe o que vai acontecer se fizermos o que sabemos que não devemos. Sabemos perfeitamente todas as consequências de um ato, aquele tipo de coisa que já fizemos um milhão de vezes e em 97% delas nos arrependemos depois. Portanto, seguindo a razão é óbvio: NÃO FAZ, TU VAI TE ARREPENDER. FATO. Mas e a emoção? E aqueles 3%?? Porque vendo de fora é fácil, mas no meio do turbilhão, os 3% parecem chances gigantescas e o impulso vem com tudo!

Ai, como eu queria ser uma pessoa muito mais racional nessas horas...

(e a agonia continua...)

domingo, 26 de outubro de 2008

sunday

(todo mundo no trago. não nos levem em consideração)
1. terapia grupal bebunzal: tema - relacionamentos
Porque falar sobre isso? por que isso sempre vem a tona? pq mulheres em conjunto não conseguem se desvencilhar deste tema??é complexo, é difícil, é totalmente fora de questão...
A gente sabe que as mulheres passam seus dias pensando em trabalho..ok, trabalho e nas horas vagas nos homens...
Porque temos tantas indecisões...porque tantos problemas quando o assunto é relacinamento?
OK. Fiquei com ele, fiquei cm ele, it was perfect...
E Mariana assume o comando! Antes que a Paula fale mais do que deve, melhor tirar ela de circulação. Ou pelo menos fora de publicação. Fácil, é só atrair a atenção dela com música ou cerveja. O único efeito colateral indesejado é se a pinta resolve cantar, mas paciência.
Sei lá, acho que no momento esses papos de relacionamentos não andam fazendo muito sentido pra mim... vejo muitos atrativos na vida descompromissada, desde a própria solidão até - e principalmente - os momentos de diversão. Dos quais também não convém falar muito neste espaço...
Cada um com seus probelas como dizem, mas na verdade as amigas que são amigas, sabem dizer muito melhor que qualquer psiquiatra pode faze a diferença...e nao que as amigas possam fazer a diferença..mas quer saber...elas fazem, e elas te fazem abrir a cabeça comom ninguém, nem seu psicologo ou sua mãe ou realmente não existe mais niguém no mundo que possa te distinguir de todas as outras, pq sim, vc é especial, pode não ser para todos , mas para elas vc é especial, e vcs se entendem, elas te entendem, e sabem que tudo o que está sentindo no momento faz sentido. Na verdade, faz todo sentido do mundo..elas são tuas amigas e vão fazer o possível para te fazer olhar o lado bom....
Na verdade esse assunto começou com relacionamentos, mas na real....acabou mostrando o quanto importante são as amizades...pq não tem graça falar sobre amores, se não tem quem compartilhe, sua, alegria, suas dores ou suas tritezas....pq no fundo elas é que fazea grande difernça.
E sim, ok, um diA vamos casar, e vamos cntinar com nossas duvidaws, e vamos continuar nos dando força para o que der e vier...
O verdadeiro casamento, hoje, e é o que eu preciso mesmo, é o casamento com minhas amias, aquelas que estarão lá para o que der e vier,...e divórcio..pode existir, na real, todo dia existe, e isso sim, que é casamento de verdade..divorcia num dia, mas no outro, se mata por aquela pessoa que é única na sua vida.
Love you guys..you make my life soooo easy!!!
Bah, que trago! Luiza assumiu o camando agora e eu não entendi bulhufas do que a Paula escreveu...mas a moral é que a gente passou o dia bebendo e discutindo e flosofando...o que? homens, homens, homens. Assunto nº1. Sempre. Porque uma namora muito e sempre enquanto a outra tem sérios problemas pra engatar um relacionameno? O que que acontece? Qual o segredo? A moral é que não tem terapia que pague essa terapia dominical em Equipe. Se pa algum dia a gente vai chegar numa conclusão boa. Por enquanto...traz mais uma Brahma Extra...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Despejando


- É impressionante como alguma coisa, um simples acontecimento, um mero fato, entre tantos que vão acontecendo entre a rotina de aula, trabalho, aula, trabalho, pode fazer com que tudo vire de cabeça para baixo de repente. Sem escolher, sem saber porque,de repente alguma coisa toma uma dimensão não imaginada e as certezas - que pareciam tão fortes! - desaparecem. E que trabalhão para realinhar as idéias e seguir andando...

- Esse "climinha verão" tá me contagiando! As minhas amigas dizem que eu tô louca, que nem tá clima de verão ainda, mas eu juro que já consigo sentir um cheirinho dele no ar! E daí ressurge aquela empolgação que só o verão traz... a vontade de ir correndo pra praia sempre que der, a saudade de Santa, do mar, do pé descalço na areia, do chimarrão na tardinha, da cerveja bem gelada depois de um dia quente e estressante. Parece que o inverno deixa tudo isso meio adormecido e até faz a gente esquecer o quanto é bom... bom, eu já me lembrei, que venha o verão...e logo!

- Grande parte das pessoas que eu conheço que fazem Direito não gostam tanto. Ou pelo menos reclamam muito. Nada contra, acho que é meio chato mesmo, entre tantas coisas possíveis de se fazer... O problema é que eu gosto. E isso não seria problema, se eu aproveitasse o "gostar" para realmente estudar e me puxar. Mas não, difícil ir em aulas com professores meia-boca, difícil estudar em casa trabalhando 8 horas, passando mais 4 na faculdade, tendo que ver as amigas, correr, ver a família. Me irrita muito o meu próprio desleixo nesse sentido!

- Por fim, nestas despejadas de pensamentos: que coisa boa quando começa a época de planejar e ter o que esperar. Organizar para onde se vai no Reveillón, combinar um fim-de-semana na praia, esperar por uma festa de formatura...

domingo, 5 de outubro de 2008

Alô

Passei por um período de sérios problemas...no meu computador!

Ainda estou na real, por isso aproveitei essa passagem por Mostardas para dar uma escrevida por aqui e ressucitar o blog, que já tava na UTI.

O pior é que a Mari co-autora resolveu começar a trabalhar, além das duas faculdades e várias atividades extra, o que obviamente deixa ela com zero tempo para escrever também. O Pato há muito esqueceu que isso aqui existe, vida de produtor não é fácil!

Ai, e eu ainda tinha muuuuitos assuntos para comentar: eleições, Fernando Meirelles, a máquina que pode acabar com o mundo, a nova lei dos estagiários, tendências desse verão, minhas listas dos dez mais em várias categorias, uns livros que eu andei lendo...aff! O problema é que tô sem tempo por agora, então desta vez só vim dar um alô mesmo.

Mas em breve vou despejando meus assuntos por aqui...

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Fase filmes.


Aula? Pra quê? Trabalho? Bobagem! Corrida? Depois.


Por agora só quero filmes, filmes, muitos filmes.


E esse tempinho chato tá agravando a minha fissura...


Três dos que eu vi ultimamente me tocaram especialmente e mereciam que eu escrevesse linhas e linhas sobre cada um... mas como o DVD tá no pause, a pipoca já tá cheirando e o meu sofá chamando, por enquanto fica só a dica: O passado, Cão sem dono e Nome próprio.

CÃO SEM DONO



NOME PRÓPRIO (nos cinemas)



O PASSADO

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

enfant terrible

Existe um fascínio nas pessoas que só fazem da vida aquilo o que gostam. Quando, além de viverem plenas, essas criaturas ainda produzem um trabalho de primeira, a admiração fica quase antropofágica! Sobre mim, pelo menos, o efeito é exatamente esse. Tô falando do Nelson Motta. Não, não tenho vontade de deitar o homem numa tábua, fatiar e saltear na manteiga pra depois comer com fritas, não é isso. Mas cada crônica, cada livro, e até aqueles programetes radiofônicos dele na Itapema me dão ganas de passar um tempo andando com o cara 24h por dia, sabe? Assistir in loco a quando ele recebe uma demo de uma banda desconhecida e acha o maior barato, presenciar encontros casuais dele com gente sagrada (tipo o Chico) e ouvir aquele papo de amigos de anos, de mesa de bar, espiar por cima do ombro enquanto ele lê o jornal e destila comentários sarcásticos, divertidos, e nem por isso menos lúcidos e oportunos...

Minha fixação pelo Rio da Bossa Nova se deve muito à leitura de Noites Tropicais: com 12 anos de idade eu estava convicta de que tinha nascido no lugar e na época errada! Quem me demoveu dessa constatação um tanto desesperadora foi o próprio Nelsinho (meu faixa!): ao longo dos anos, lendo tudo o que me caía na mão envolvendo o nome dele, percebi que o cara é mestre na arte do saber viver.

Quando os maiores artistas da MPB se reuniam em apartamentos da zona sul carioca pra jams vespertinas, ele tava lá. Aquele encanto, aquela ebulição, ele não só viveu como narrou, deliciosamente, em antologias, biografias - geniais -, romances, entrevistas,... Em Nova York, bebeu o melhor da cultura americana, olhou pro país e pro povo com a veneração que ora mereciam e com o deboche a que amiúde fazem jus... Enfim, a biografia da pessoa não dá um livro, dá uma biblioteca, com prateleiras recheadas de música, malandragem, poesia... Mas o que eu queria falar (mania de ficar me desviando!) era da admirável capacidade que ele tem de seguir ao pé da letra aqueles velhos lemas no estilo "viva intensamente o presente", "nunca deixe de aprender", e outros clichês afins. Amigo do peito da Elis, sim. Íntimo de jazz e blues. E fã de CSS, por quê não? Vasto histórico de noitadas regadas a muito álcool e pó, é verdade, e ele não nega. Assim como não abre mão das caminhadas à beira-mar, da yoga, da natação. Andou casando com a mulher mais chique (não gosto dessa palavra, mas pra Conztanza Pascolato, cabe) e elegante desse país... sem nunca deixar de falar do submundo - o carioca, em especial - como se fosse o protótipo do malandro, sujo e sem-vergonha.
Nelson Motta não se limita, não fica parado, não teme paradoxos e contradições, não se prende aos mesmos gostos, lugares e itinierários por medo de se descaracterizar. E assim, só confirma o que é: um cara com um repertório invejável de assuntos, causos e opiniões, mas que nem por isso se torna um pedante, cego e surdo ao novo. Pelo contrário, é de uma humildade e de uma abertura ímpares. Muito cool. Um carioca, enfim. (Nasceu em São Paulo, mas suspeito que o Rio seja culpado por parcela importante do ser que se formou ali.)
Vale o clique: www.sintoniafina.com.br.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Em tudo.

Um desses atores novos da Globo. Nada contra ele especificamente, mas é que são todos meio parecidos e até fazerem algo que os diferenciem, continuarão sendo para mim "um desses atores novos da Globo". Anyway, em uma dessas entrevistas rápidas, quase um questionário, uma das perguntas era: "Palavra que mais odeia:". Resposta do menino (nem tão menino assim): "Política".

Me chamou atenção. Até porque é resposta corriqueira, já ouvi inúmeras outras vezes, até mesmo em comentários de amigos, do tipo "ai, eu odeeeeio política". A pergunta é: odeia política, em seu sentido amplo, ou odeia ESTA política que é feita aqui?

Cada um com o seu gosto, mas a política como ciência, com arte, como agir, não é tão fácil de ser odiada. Uma das definições para ela no dicionário é "habilidade no trato das relações humanas". Bingo!!!!!!!! Como odiar isso?

Mesmo olhando as outras duas definições, ela ainda me parece um tanto atraente:
1. Ciência dos fenômenos relativos ao Estado.
2. Arte de bem governar os povos.


Ora, fênomenos relativos ao Estado são muitos, quase todos os fatos que interessam uma universalidade de pessoas (e não o particular) é um fenômeno relativo ao Estado. E arte de bem governar os povos, melhor ainda, quem nao quer entender desta arte, ao menos para saber se está sendo bem governado ou não?


A realidade é que estamos sempre fazendo política. Gostando ou não, se interessando muito ou nada, a nossa realidade está impregnada dela. É no trato com as pessoas no trabalho, ao lidar com uma difícil situação familiar, ao estabelecer prioridades em nossas vidas, ao tentar convencer um amigo de alguma coisa. Os clubes de futebol, paixão nacional, são feitos de política (e - difícil de admitir - acaba sendo ela quem define o quão vencedor será um time, da contratação da comissão técnica e jogadores, até o relacionamento com a torcida).

Então, em vez de sair gritando que "odeeeeia política" da próxima vez, vale a pena tentar entendê-la um pouco. Porque só com mais gente entendendo e se interessando é que se poderia mudar alguma coisa. E aí sim, transformar essa política que está sendo feita aí. Porque ESSA eu também odeio...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

100% de aproveitamento

Uma constatação que eu fiz em uma das inúmeras tardes ensolaradas da época em que trabalhava em um escritório de advocacia na beira do Guaíba: cada minuto livre pode ser aproveitado de inúmeras - e deliciosas - maneiras. Ali, na hora de buscar um cafezinho, eu olhava pela janela e via o rio, o Marinha, ambos como que me provocando: "vem, Mariana, dá uma escapadinha pra correr vendo o pôr-do-sol na orla... tomar um chimarrão na grama, que tal, hein? Vem!". Eu ignorava com muita dificuldade, acabava voltando logo pra outro cafezinho, e daí a dependência de cafeína que me acompanha desde então.
Nos dias de chuva, não pense que a tentação não existia. Ela começava antes, na minha cama. Ao longo do dia, ressurgia, na forma de pequenos lampejos: "quantos filmes imperdíveis estão passando no cinema, mesmo?". Ou "quantos cafés estão abertos neste momento, com uma cadeira reservada especialmente pra sentar-se por longas horas, terminando de ler aquele livro viciante, ou começando a ler aquele outro?". By the way, "quantos livros não lidos empilhados na mesa de cabeceira, hein?".
Mas eu seguia lendo (processos, leis, pareceres,...), escrevendo (petições, relatórios, correspondências,...), telefonando, indo ao Foro, à Justiça, ao Tribunal, ao diabo a quatro... e por mais que meu dia-a-dia fosse agradável, a sensação era de que eu não pertencia àquela vida, que poderia ser muito diferente. E tanto poderia, que assim foi.
Ultimamente, o tempo livre anda sobrando, mas isso não é mais um problema. Afinal de contas, além dos livros, dos filmes e das corridas, meus dias são preenchidos com receitas na cozinha, e nessas horas eu me sinto, finalmente, fazendo o que eu deveria estar fazendo. E plenamente satisfeita com isso. Meu horário de trabalho não é fixo, e jamais coincide com o da maioria dos meus amigos: escolhi pegar no batente na hora em que o resto se diverte. Sem problemas quanto a isso, adoro aproveitar os parques e cinemas vazios, quando eu ainda não comecei a minha jornada e 90% da população está em plena atividade. E sempre dá-se um jeito de encontrar quem a gente ama, a exemplo do Pato, nosso ator-boêmio e amigo-amado. (Ainda que eu não veja a cara do ser aquático há muito tempo.)
Sinto falta da regularidade de um emprego, não vejo a hora de entrar em um restaurante, mas sobre isso eu já falei. E pelo menos pelos próximos dias, a necessidade está suprida: até sábado, bato ponto na Mostra ZH Nacional Gastronomia. A programação tá maravilhosa: Alex Atala, Fabrice Lenud, Erick Jacquin, João Leme, Jordi Roca, Neka Menna Barreto, Sérgio Arno, Emmanuel Bassoleil, Luigi Tartari... Para aqueles a quem esses nomes não dizem lhufas, o equivalente é: comida deliciosa, de todos os tipos, criatividade, sabores surpreendentes... uma delícia! Quem puder prestigiar, não vai se arrepender. 5º andar, estacionamento do Shopping Iguatemi.
E agora eu vou correr, que o dia tá lindo e eu só começo às 18h... Bom apetite!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

assim é, se lhe parece

Por alguma razão ignorada, no sábado à noite, em um bar barulhento, conheci um psicólogo e engatei um típico papo-cabeça, com ele e com a minha amiga Rafaela. Pensando que na manhã seguinte eu pouco me lembraria do que foi dito, fui surpreendida pela quantidade de vezes em que o assunto voltou à minha cabeça de lá pra cá, e agora ando até meio incomodada com a pulga que se instalou atrás da minha orelha.
O rapaz trabalha com uma linha chamada psicoterapia cognitivo-comportamental. Nunca tinha ouvido falar, leiga que sou, então fui ao google, depois de já ter ouvido a explicação do meu interlocutor. Basicamente, a PCC (não confundir!) parte da premissa de que os comportamentos indesejados são fruto da maneira como os indivíduos interpretam os fatos e eventos que vivenciam combinada com a forma como a pessoa se vê. Assim, esses comportamentos podem mudar rapidamente, se o cidadão se re-condicionar, com a ajuda de um terapeuta. Meu conhecimento é raso, e meu espeço é curto, mas foi mais ou menos isso que eu entendi. Enfim, meu novo amigo Paulo (o psicoterapeuta em questão), em termos mais sutis, disse que a PCC vem sendo comprovadamente eficaz, e que a psicanálise anda ultrapassada, é história pra boi dormir, Freud viajou na maionese, etc...
Me caiu os butiá do bolso! Eu, que bato ponto três vezes por semana no divã! Que atribuo à psicanálise a superação dos meus transtornos mais cabeludos! Segundo o Paulo, os psicanalistas já começam a se tornar suspeitos justamente aí: indaga ele, "por quê submeter uma pessoa a um tratamento longo, caro, criando como que uma relação de dependência analista/paciente?". Um tratamento sob as diretrizes da PCC seria muito mais rápido, eficaz e barato! Será?
Ele falou dos atrativos da psicanálise, de todos os paralelos estabelecidos com a mitologia, com as artes e com a filosofia... disse que justamente em função disso é que a psicanálise é tão forte em lugares como Paris e Buenos Aires. Mas que por mais interessante que seja enquanto tema de livros e debates, é ba-le-la. Não serve pra nada. Cheguei a ler em um site da PCC que para os casos em que a psicanálise foi considerada eficaz, não se pode afirmar se o sucesso decorreu do tratamento ou se o problema desapareceu em função da simples passagem do tempo! Ooohh, meus sais!
Não engoli muito, mas não pude deixar de pensar. Acho pouco provável que em poucas sessões com outro profissional eu pudesse ter chegado aonde cheguei até o momento com a minha analista. Segundo o Paulo, os temas que com ela eu custei a conseguir falar, na PCC teriam vindo à tona muito mais rápido. Mas é aí que eu pergunto: sem uma escarafunchação (é essa a palavra, se não existe eu acabei de inventar) constante, sem dar muita bola pro passado, pras experiências da infância, como é possível mapear a maneira como uma pessoa enxerga seu mundo e a si própria? Pra mim, tá tudo ligado! Essa coisa do aqui e do agora, pra mim, não funciona, e isso vai de McDonald´s a tratamento psicológico.
Porém, eu me questiono. Comecei a seguir essa linha de pensamento segundo a qual a PCC me pareceu muito superficial, muito fast-food, muito manual de auto-ajuda. E e aí que entra a pulga: será que realmente é assim? Ou será que as próprias críticas que eu já faço ao método são um espelho da aceitação da psicanálise entre pacientes e psicanalistas? Explico: como eu já mencionei, a psicanálise faz sucesso em pólos de cultura, entre pessoas intelectualizadas, que se recusam a enxergar o tratamento psicológico como algo que pode ser simples. A rejeição à PCC sria, então, um sinal de arrogância, e de amor a todas as interpretações estabelecidas por Freud e por tantos que vieram depois. Seria eu, então, uma resistente, que prefere rechear seu passado com figuras mitológicas, relacionando fatos e experiências segundo uma lógica toda particular, em vez de buscar um tratamento menos sofisticado, ainda que mais eficaz?
Acho que não vou parar de divagar tão cedo... Meu novo amigo ficou de me emprestar um livro a respeito do assunto, não vejo a hora de ler! Mas por enquanto, sigo (resistente? arrogante?) paciente - sim, porque na PCC é cliente. Não gostei disso também.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Saudade de acordar de manhã e não saber como o dia vai acabar... Escolher a linha de metrô com mais nomes curiosos e andar por ruelas desconhecidas... Esquecer a fome, ignorar os pés doloridos, caminhar, caminhar... aceitar o convite de gramados ensolarados e bancos solitários a um dolce far niente... Aprender mapas, línguas, pessoas...
Me fazem falta também os dias cheios, compromissos cronometrados, quando sentar em um café, parar alguns instantes sob o sol e cantar uma música a plenos pulmões têm um gostinho de pequenas e deliciosas transgressões.
O que anda sobrando: um curso cada dia mais insuportável onde eu devo dar as caras diariamente, de segunda a SÁBADO; ter que pensar nas compras pro almoço às 8 da manhã; o trânsito (leva e traz das crianças, hora do rush, horário eleitoral, impossível de ler um livro no trajeto); TPM (nunca fui disso...); reclamações e caras feias (dos outros, as minhas eu guardo pra mim); tempo (quanto mais se tem, menos se faz); filmes em cartaz (como posso não ter visto nenhum ainda?); conforto incômodo.
Transições. São assim mesmo, né? Vai passar, em breve, eu sei. Ciente do que deve ser feito, e devidamente abastecida de cafeína, com licença, que eu vou à luta. Um bom dia!

domingo, 24 de agosto de 2008

ressaca

Preciso parar de beber tanto... Não excluir o álcool da minha vida, não sou - mais - tão radical. Mas a primeira frase é dita e pensada a sério, não é o discurso vazio e mentiroso que a gente faz quando acorda como se um hipopótamo estivesse sentado sobre a nossa testa. Até porque o hipopótamo curiosamente não senta mais sobre a minha testa nas manhãs pós-bebedeira. Ou ele perdeu peso. Não tenho mais ressaca! "Mas que maravilha", me dirias tu. Beber litros, misturar de tudo um pouco, e acordar pronta pra corrida matinal: parece o melhor de dois mundos!
Acontece que não é bem assim. Quando se deixam de perceber os sintomas do trago, é porque o corpo já anda tão acostumado a ser inundado por vinho, cerveja, mojito e afins, que não dá mais a mínima. Comporta-se normalmente, como se na noite anterior o proprietário da carcaça tivesse tomado um copo de leite morno, assistindo à Noviça Rebelde no dvd.
O resto do quadro pós-etílico é mais ou menos igual: acordar de manhã e se ver com a roupa da noite anterior; encontrar um pé da bota ao lado da cama, e o outro um lance de escadas abaixo; conferir o celular com medo do estrago eventualmente feito (nem foi tanto assim... erros de ortografia teriam me incomodado mais); e passar as primeiras horas do dia meio sem saber o que fazer. Hoje, em particular, eu pretendia sair pra correr logo que levantasse, mas Porto Alegre tá em seus dias de lousy weather... talvez ainda vá caminhar a esmo com minha sombrinha-marquise, já tava mesmo sentindo falta de caminhadas chuvosas. Por ora, fiquei no computador lendo blogs, baixando músicas, ouvindo Piaf e pensando que eu não quero acabar como ela...

sábado, 23 de agosto de 2008

CARA NOVA

Mudei a cara do blog.


Como a Mari e o Pato não estão dando as caras por aqui ultimamente, me senti à vontade para tanto.

Do outro jeito tava muito cheio de coisas, estampas, elementos de mais. Como eu tô numa fase mais clean, que assim seja.
Escrever.



Como eu queria escrever bem. Porque escrever, passar para o papel (ou para a tela) desordenadamente pensamentos, teorias, reflexões, qualquer um faz (como eu, aqui neste blog). Agora escrever BEM...ah, isso é outra coisa. Definitivamente.

O mesmo que eu comentei uma vez aqui sobre a arte, se aplica à escrita para mim.: não sei analisar técnica. Aprecio um texto quando ele me toca e principalmente quando ao ler, eu penso: "é isso mesmo! é verdade! como é que ele pôde perceber isso?".

Sensibilidade. Aí está o segredo de um bom escritor.

Cada um a sua maneira, em romances, poesias ou em crônicas do cotidiano, os bons escritores para mim são aqueles que tem a sensibilidade de transcrever coisas - triviais ou profundas - que todos notamos, mas que não temos o dom de perceber que sabemos. Eu gosto muito de um texto, quando ao ler penso que aquilo que está sendo dito É ÓBVIO, como é que eu nunca tinha pensado????

Dando uma bisilhotada pelos blogs, me deparei com o da Carol Teixeira. Filósofa e figura conhecida aqui de Porto Alegre, entrei só para ver uns lances do casamento dela que tinham me contado e não consegui mais sair. Fiquei h-o-r-a-s lendo, lendo, lendo. Amei os textos, amei as citações, amei as dicas. Tudo que eu lia, pensava: "putz, é mesmo", "bah, beem assim", "comigo também", "meu deus, como é que ela se deu conta disso?", "lindo isso", entre outras milhares de constatações do tipo. Ou seja, pela minha definição de bom escritor, só tenho a dizer: MUITO BOM.

Vai lá: http://www.carolteixeira.com.br/

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Telona verde-amarela

Adoro, amo, gosto muito de filme brasileiro. Acho que, quando bem feito, a gente se identifica, recnhece a nossa realidade na tela, se espelha nos atores e acaba se emocionando em dobro. É claro que tem muita porcaria, mas os bons são MUITO BONS. Cidade de Deus, sem dúvidas, está entre meus dez filme favoritos... de TODOS que eu já assisti. Dois filhos de Francisco e Ônibus 174 (é documentário, mas entra na lista), são outros dois que eu gostei muito. Porque emocionam - emocionar é um dom dos bons filmes brasileiros - além de retratar a realidade como poucos. Tem ainda Central do Brasil, Casa de Areia, Abril Despedaçado,Não por acaso... E agora assisti um que, apesar de alguns probleminhas técnicos pequenos, me tocou muito, muito mesmo. Ainda não estreou em Porto Alegre, então por enquanto só vendo o trailer (MAS QUANDO CHEGAR, VEJAM CORRENDO!!!!!!):

ERA UMA VEZ



Ainda tô na expectativa de mais três filmes brasileiros que eu acho que vão ser muito bons também: Linha de passe, que ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes e é do já consegrado Walter Salles, Os desafinados, que conta um pouquinho da história da Bossa Nova e Nome próprio, baseado no livro da Clarah Averbuck com a Leandra Leal no papel principal (vale a pena ver o blog do filme: http://nomepropriofilme.blogspot.com).




Heath Leadger




S - E - N - S - A -C -I -O -N -A -L
Não sou a maior fâ de filmes de super heróis, nem desses filmes americanos de ação, com muitas perseguições, efeitos especiais, malabarismos técnicos. Sempre fui da opinião que um bom roteiro vale muito mais que um orçamento gigante e pirotecnia... todo o poder de um filme, na minha opinião, está no roteiro.
Só que "Batman - The dark knight" me fez concluir que um bom ator também tem esse poder.
Heath Leadger está incrível como Curinga. Ele entrou no personagem, desviando com destreza do provável erro de torná-lo caricato demais e tornando-o palpável. Foi, sem sombra de duvidas, o maior responsável pela qualidade do filme.
Ficaram duas certezas: um, que perdemos um ator magnífico. Dois, que filmes do Batman não terão mais o Curinga - ficou impossível alguém interpretá-lo agora.
Foi uma daquelas poucas atuações para entrarem na história do cinema.
E a frase do filme:
"Ou você morre herói, ou vive o suficiente para se tornar o vilão"

É de pensar, não?


sexta-feira, 15 de agosto de 2008

MARAVILHOSA

Eu sempre fui muito bairrista. Adoro o Rio Grande do Sul e sou extremamente ligada com as minhas "origens". Morro de saudades de Porto Alegre, Mostardas e São Simão quando viajo e é só alguém falar mal de qualquer um desses lugares para eu ficar no mínimo irritada.
Eu gosto de me sentir "em casa" nos lugares, e aqueles em que eu cresci e que eu conheço cada cantinho me proporcionam isso.
Acho que por isso eu nunca ambicionei muito morar fora. Enquanto minhas amigas sonhavam em morar na Europa, em Santa Catarina, na Austrália, eu sempre quis ir, mas voltar para cá. Viajar sim, viajar muito, mas voltar no final.
Amo viajar, se eu posso coloco o pés na estrada, mas gosto de saber que a minha cidade, as minhas coisas, minha família e meus amigos me esperam na volta. Pode ser uma viagem longa, de mais de ano, mas preciso saber que eu vou voltar.
Apesar de eu ser louca por praia e verão, gosto das estações do ano bem definidas, como é aqui. Não sei bem, mas sempre tenho a impressão de que a gente precisa do inverno para dar o devido valor ao verão.
Bom, discorri bastante só para dizer que todas essa convicções caem por terra quando o assunto é o Rio de Janeiro.
Porque eu gosto tanto do Rio????
Já conheci muitos lugares na minha vida, mas poucos me tocam como o Rio me toca.
É por ser praia? Com certeza ajuda, mas definitivamente não é só isso.
Já conheci praias incríveis, mas nenhuma me deu vontade de ficar para sempre. Nem é preciso ir muito longe, Santa Catarina, aqui do lado, repleta de praias estonteantes, adoro visitar, mas - ao contrário de 99% dos gauchos - não tenho vontade de MORAR em Floripa.
Mas amaria morar no Rio. E eu acho que é porque eu sinto o Rio como uma cidade VIVA.
Fiquei parecendo meio viajandona???Isso porque é meio difícil explicar uma sensação, vamos ver se eu consigo: o Rio exala vida. Há vida nas ruas, se caminha muito, apesar de toda violência que a gente acompanha pela TV. Muito comércio "de calçada", coisa que não se vê mais por aqui - a não ser no Centro. Uma lojinha de sucos naturais a cada esquina, calçadão,lagoa, a cidade te chama para a rua, a cidade chama saúde, exercício, boa alimentação, alto astral! E tudo isso sem muito esforço.

Se pararmos para pensar, nos "bairros nobres" de Porto Alegre não há vida nas ruas. Se não for especificamente com o intuito de se exercitar, as pessoas não caminham, só saem de carro, todos os prédios são gradeados.
Para comprar alguma coisa ou buscar algum lazer, normalmente temos que nos enfiar dentro de um shopping.
No Rio não. As ruas são cheias, caminhar é sempre uma opção. Se quiser fazer compras, tem lojas nas ruas por todos os bairros. No Leblon tem cinema "de calçada", tu sai dele e está na rua, toma um sorvete na sorveteria da frente, passeia pelo bairro com aquele solzinho de fim de tarde maravilhoso.
Quiosques na beira-da-praia, muito esporte ao ar livre.

Além disso, tem as OPÇÕES: é difícil não ter o que fazer por lá. Uma programação cultural intensa, muitas peças de teatro em cartaz. Cinema então, nem se fala, além das noites, com coisa boa em qualquer dia da semana.
Somado a isso tudo, é claro, está a natureza estonteante, suficiente para se passar do stress à contemplação em segundos, somente por se deparar com um pôr do sol em Ipanema. Uma praia mais linda que a outra, cada uma com a sua característica peculiar. Dias lindos.
Nunca se sabe o que a vida nos reserva, mas se eu pudesse escolher, com certeza moraria um tempo no Rio. Seja para desfrutar disso tudo que eu falei, seja para desmistificar essa visão que já se tornou um sonho na minha cabeça.

domingo, 27 de julho de 2008

Recomendo!!!

1 - Pra quem não vai ao teatro por achar caro, ou por achar chato, aí vai a dica: A comédia dos erros, peça do Studio Stravaganza. Texto do Sheakespeare, engraçado, diferente e fica só R$ 9,00 para estudante.

O charme extra fica por conta do local, bem diferente de um teatro tradicional... dá até para comprar em um mercado improvisado antes da peça, ou tomar um vinho durante...

Fica em cartaz até setembro e vale a pena!!! Vale dar uma olhada no site deles:
http://www.ciastravaganza.com.br/

2 - Legal essa função do Boteco Bohemia, que está rolando em Porto Alegre... menos pela eleição do melhor petisco propriamente dita e mais para as pessoas ficarem sabendo dos lugares legais que tem por aqui para se fazer um happy hour, tomar um chopinho e jogar conversa fora... quantas vezes na hora de sair dá aquele branco ao pensar onde ir e em seguida a gente pensa "putz, falta lugar para ir em Porto...". A real é que de repente o que falta é informação.

Confiram lá:

http://www.botecobohemia.com.br

Dos que eu fui, eu recomendo mesmo ir no Natalício tomar o chopp e comer qualquer petisco (todos são uma delícia!), tomar um chopp e comer um provolone à moda do chef em uma noite agradável, em uma mesinha na rua no Churrasquinho do Cheff, ou ir no Santíssimo antes de alguma noite lá pela Cidade Baixa mesmo, pelo ambiente delicioso, escurinho, música boa e numa altura que dá para conversar sem gritar.

3 - Tenho uma certa implicância com esses best sellers que ficam semanas e semanas na lista dos mais vendidos, mas ele estava há horas aqui em casa, de vez em quando me olhava, todo mundo lia e dizia que gostava, até que eu decidi dar uma conferida... estou A-M-A-N-D-O: "A menina que roubava livros".

Sensível sem ser pedante, logo de início já me parece ser um daqueles que dá um vazio quando acaba... então aí vai a dica.

domingo, 20 de julho de 2008

- A casa do lago-



Quando eu vi o trailer do filme "A casa do lago" não me deu muita vontade de ver... achei que deveria ser meio viajandão, fantástico demais, enfim, que eu não ia gostar. Mas fui ouvindo um comentário aqui, outro acolá e resolvi conferir.

Gostei muito. É uma história de amor linda, linda, linda!!! Aqueles que acham que tudo nos filmes deve ser muito bem explicado, que nunca pode deixar questionamentos, perguntas sem repostas, provavelmente não vão gostar. Mas é só assistí-lo com um mínimo de boa vontade, não se prender ao que é ou não plausível e se deixar levar pela história, para descobrir um grande filme.

Uma das coisas mais legais nele, na minha opinião - eu já tinha lido em uma crônica de um amigo meu e concordei plenamente - é o que fica nas entrelinhas: a relevância do tempo quando o assunto é amor. Eu sempre penso sobre isso, nem tenho opinião muito formada, mas gosto de divagar...

Uma vez eu li uma crônica da Martha Medeiros sobre a idade em que as pessoas casam. Ela dizia que se fizerem uma pesquisa, provavelmente vão concluir que em média 70% dos casamentos os noivos têm entre 25 e 35 anos. É a idade ideal, em que já há uma certa maturidade, mas ainda juventude para se construir uma vida a dois, filhos, casa na praia, conta conjunta. Não seria isso um balde de água fria naqueles que acreditam em cara-metade, em achar a pessoa certa para casar??? Explico: não parece meio improvável que a maioria das pessoas encontrem seu verdadeiro amor justamente na idade perfeita para o casamento? É meio difícil que, entre todas as pessoas do mundo, o nosso "grande amor" apareça exatamente na idade em que ele TEM que aparecer.

Provavelmente o que acontece é que vários outros fatores, além do tão buscado amor, contam - e muito! - na hora de decidir se casar: afinidade, situação financeira, vontade da família, objetivos comuns. Porque o amor, amor verdadeiro, se existe, pode aparecer aos 11, 51, 85. E o que acontece com aqueles que o encontram nessas idades???? Não parece difícil que esperem para casar, ou que larguem uma vida já construída??? Será que o garotinho de 13 anos não vai pensar "calma, tu ainda tem muito a viver, muita gente a conhecer..."? Não parece plausível que a senhora de 59 pense "deixa de ser maluca, não existe a possibilidade de largar a família e uma vida estabilizada para viver essa loucura..."??? Assim, não acaba parecendo o amor mais uma questão de SORTE? De estar no lugar certo, na hora certa??? Não se mostra o TEMPO fator fundamental para se dar bem nesse quesito???

Opinião parecida dá Miranda, em algum episódio do Sex and the City. Ela diz que homens são que nem táxis, que andam com a luz acesa (quando está ocupado) ou apagada (se está vago). Vai da sorte de cada uma encontrar um táxi vago - ainda mais em Nova York - a perder tempo chamando os ocupados. Ceticismo à parte, de repente é mais ou menos por aí.

A gente pode encontrar alguém com quem nos daríamos incrivelmente bem enquanto namoramos outro alguém, que no momento parece ótimo, mas na realidade não tem nada a ver. Ou quando essa pessoa está encasquetada por outra e não nos olha com "aqueles olhos". Ou então quando já estamos casadas, em um casamento aparentemente perfeito. Ou durante uma viagem para a Turquia, quando tudo que se quer é conhecer o lugar e romance é a última coisa em que se pensa. Quanta gente já falou que conhecia alguém há um tempão e que, de repente, deu um "clic": "hmmmm, ele até que pode ser interessante...". Mas e se esse "clic" não vier, ou vier tarde demais, ou vier em "timings" diferentes???.

É mais ou menos essa a moral do filme. O que será que prevalece, o tempo ou o amor? Será que adianta amar muito quando não se está no mesmo "tempo", na mesma "sintonia"? O amor espera e prevalece sobre qualquer dificuldade que o tempo impor???????

Bom, o filme dá a sua resposta, mas acreditar ou não vai do grau de romantismo de cada um. Eu não me acho das mais românticas, me acho meio que realista demais e sonhadora de menos, mas no fundo, lá no fundinho eu fico torcendo que a resposta seja SIM, SIM, SIM!!!! Ia ser tudo tãão mais fácil...

domingo, 13 de julho de 2008

Porque eu amo Porto Alegre...

Domingo em Porto Alegre em um parque...


Dia lindo, clima ameno...


Essa vista...



Chimarrão, bergamota e pôr-do-sol, lagarteando...





Poucas coisas me deixam mais de bem com a vida.
Motivo para já começar a semana bem humorada.


quarta-feira, 2 de julho de 2008

Tão querendo acabar com a boemia.

Não adianta, eu sou boêmia.

Adoro um buteco, uma cerveja bem gelada, um cigarrinho e ir noite adentro conversando...

Tenho certeza quase que absoluta que tá no DNA, deve ter um gene butequeiro que passa de geração em geração, porque vou dizer: são poucos os que não sofrem desse mal na minha família!

E agora estão querendo acabar com a boemia. Primeiro é o cerco ao cigarro: achar um lugar em que se possa fumar está virando missão impossível, nem área de fumante tem mais! Depois veio a restrição à bebida: começaram proibindo cerveja nos jogos de futebol, agora não dá para tomar uma gotinhazinhainha de álcool e dirigir, porque se parar em blitz e fizer bafômetro fu...

Eu não estou dizendo que sou contra essas proibições. Tirando a proibição de beber nos estádios, que eu acho um absurdo, porque não tem fundamento nenhum, as outras se eu não concordo, eu ao menos entendo.

O cerco ao cigarro vá lá, ninguém tem que ficar aguentando fumaça alheia. E além disso, está dando tanto trabalho fumar, as pessoas estão tendo que se excluir de tal forma, que eu realmente acredito que nessa nova geração serão muito menos os fumantes e que esse número tende a diminuir cada vez mais. Ou seja: é bom.

Em relação a essa nova lei que proíbe qualquer quantidade de álcool eu também não sou de todo contra. Talvez ela seja um pouco exagerada, concordo com o argumento de que o ideal seria aumentar a fiscalização, mas a real mesmo é que se não fosse assim as pessoas iam continuar levando na boa...bebendo e dirigindo...e os acidentes continuariam. Eu falo isso porque se aplica a mim: já cansei de voltar de festa de carro, mesmo tendo bebido. Não adianta, a gente sempre acha que não vai ter problema, que está bem. Com essa lei é a primeira vez que eu estou vendo as pessoas se preocupando mesmo, pegando táxis, deixando o carro em casa quando têm a previsão de beber. E isso é bom.

Mas concordar e entender não quer dizer que eu goste. Já não dá mais para sair da aula e decidir tomar uma cervejinha, porque eu vou de carro pra aula. Já não dá mais pra ir para qualquer bar conversar, tem que analisar antes onde pode fumar. Não dá mais pra seguir um ritual nos dias de jogo do Inter e tomar a ceva de sempre no mesmo lugar da superior, vou ter que inventar inventar um novo ritual, sei lá... amendoim e Coca Light?

O que eu sei é que as mudanças até podem ser boas, podem dar mais segurança, mas será que adianta tanta segurança sem um mínimo de divertimento?

É...tão querendo acabar com a boemia.

domingo, 29 de junho de 2008

Interim

Primeiro semestre acabando, aniversário já passou, férias chegando... como são bons os fins de ciclos! O meio sempre é mais chato, a rotina, a repetição. Apesar de ser no "meio" que a vida realmente acontece.



Terminar as coisas dá aquela sensação boa de dever cumprido, nos permite ponderar sobre fatos e atos, nos faz planejar o futuro próximo e sonhar e sonhar e sonhar...



E tem coisa melhor do que sonhar?

segunda-feira, 23 de junho de 2008

My blueberry nights

Poesia, pura poesia.

Louca para que saia em DVD para ver de novo e de novo e de novo...

domingo, 22 de junho de 2008

A influência das estações do ano

Por que será que as condições climáticas mantêm tão estreita relação com as oscilações internas de um ser humano? Vejamos o caso dessa personagem: uma jovem de seus vinte e poucos anos, morando na cidade de Porto Alegre. Ela será nosso hamster nessa experiência. Desnecessário dizer que todas as constatações advirão de método empírico, baseadas na observação dos eventos já ocorridos e de suas conseqüências na vida de nossa cobaia, já que de nada adianta chorar sobre o leite derramado.
Inverno/2007: um relacionamento estável (e também cheio de amor). Um estágio promissor (e muitas horas de trabalho). Vida acadêmica medíocre (tempo e disposição comprometidos pelos itens anteriores). Uma rotina sem muitas variações (feliz, e também esgotada). Dilemas: como conciliar casamento e carreira diplomática? Como ser vegetariana e continuar comendo peixe? Como conseguir trabalhar 8 horas por dia, estudar à noite, namorar, ter vida social, fazer esportes E dormir sem entrar em colapso?
Primavera/2007: flexibilização da carga horária (trabalho, só à tarde); aulas pela manhã (e que desempenho!); namoro de bem a melhor (será o hamster da vida dela?); excelente alimentação (saúde de ferro); roedora saltitante pela gaiola! E começa a esquentar - muito - na capital gaúcha. Inicia-se uma leve inquietação... Nossa pequena cobaia passa a manter sua rodinha na casa do 170 giros por minuto. Inserção de evento atípico: viagem a cidade onde o verão já se havia instalado, acachapante. Alterações bruscas nos gráficos, avaria de uma série de aparelhos medidores. Conseqüências catastróficas no retorno à gaiola. Saldo: fim do namoro. Pedido de demissão. Férias. Pane no laboratório.
Verão 2007/2008: hamster apaixonada, ainda sob efeito da exposição precoce ao calor... reformou a gaiola pra abrigar uma cozinha com vista para o mar. Freqüentemente ausente, vista nos arredores do Rio de Janeiro. Mas saltitante do que anteriormente, ainda que alternando momentos de culpa e incerteza.
Situação-problema: temperaturas elevadas prosseguem, nova rotina instalada. Alguns lugares são os mesmos - a cidade é a mesma -, algumas pessoas são as mesmas. Ela, não. Agora, reveza-se entre a rodinha e o túnel, ocasionalmente roendo a gaiola. Transtorno aparente.
Outono/2008: algumas chamas apagadas com a brisa, seguem em brasa. Outras com baldes de água gelada. Uma arde, alheia às chuvas. Lágrimas proporcionais às águas de março. Incômodo no veranico - o calor traz reminiscências que a menina quer apagar. Pelo menos por enquanto. Dias que amanhecem gelados, entardecem quentes e anoitecem frescos: é um chorar-sorrir-ouvir funk-ler nietzsche-meditar-tomar um porre, tudo, muito, ao mesmo tempo, agora. Impõe-se uma intervenção, a fim de evitar que o hamster entre em burnout. Diante da constatação de que a água gelada só fez instalar a quase-histeria, parte-se para o método oposto, já estando o cientista prevenido quanto às manifestações iniciais.
Inicia-se a convalescença, e pouco a pouco, a calma. Introspecção. Companhia dos hamsters de fé. Gaiola aconchegante e convidativa. Hamster híbrido, troca de pele. E sai a caminhar no 1º dia do inverno. Sem pressa, sem dor, sem ressentimentos.
"Je ne regrette rien", cantarola a pequena roedora, pensando que Porto Alegre deve ser uma cidade-mulher, com tantas oscilações... Pelo menos ela se identifica com a cidade: no verão, não cabe em si, nenhuma sombra traz alívio, e à noite o castigo escaldante parece quase doce, nas mesas de bar, bebida gelada e amigos rindo alto. E assim como a cidade parece caótica, ainda que cheia de árvores em flor, ela parece ter dificuldade em lidar com esse clima que deixa todo mundo muito mais exuberante. Nos dias frios e chuvosos, Porto Alegre convida pra entrar, pra vinho, lareira, amor... ou alguma leitura, um pouco de melancolia e outro tanto de chocolate. Quando São Pedro não se decide, o cabelo não se define, o humor não se estabiliza, e assim como faz calor quando devia fazer frio, ela mete os pés pelas mãos com mais freqüência do que de costume.
Mas como é fácil acreditar que tudo vai ficar bem nos dias em que Porto Alegre fica gelada e ensolarada. E linda.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Maquinações

Emails, emails.

Uma coisa boa dessa nossa época é que ninguém pode negar a existência de democracia. Não necessariamente a democracia do ponto de vista político, no dicionário “forma de governo na qual o poder emana do povo e em nome dele é constituído”. Essa realmente ainda não existe em muitos lugares e é, sem dúvida, um objetivo a ser constantemente buscado. A democracia de que eu falo é no outro sentido, mais amplo: “soberania popular; igualdade”. Nunca se viu um tempo de tanta igualdade, principalmente em relação a liberdade de expressão. Em tempos de internet, blogs, emails, you tube, quem quiser ser ouvido será. Para mostrar para o mundo sua opinião, basta meio duzia de cliques.

Falei, falei e não disse a que vim. Na verdade entre os emails que recebo, um em particular chamou a minha atenção e me deu uma vontadezinha de comentar. Pra quem tiver paciência, lá vai:



Credibilidade (se é que um dia houve) de pesquisa interativa da RBS é posta em dúvida
Muitas reclamações sobre a pesquisa interativa realizada na noite da última quarta-feira, 11/6, no programa Conversas Cruzadas (TVCom/RBS) sobre a ação da Brigada Militar na manhã de terça-feira. A pesquisa perguntava se a ação dos policiais foi correta ou exagerada. Muita gente ligou para a opção "exagerada", no número 3299-2362 e não conseguiu completar a chamada. Ora recebiam uma mensagem dizendo que o número não existia, ora a ligação não era completada. No final, a interativa deu 84% a 16% a favor da ação da Brigada, com direito a entrevistas ao vivo realizadas com empresários na sede da Fiergs.
Um dos milhares de telespectadores que tentou diversas vezes e sem sucesso ligar para a opção "exagerada", no número 3299-2362 do programa, foi o assessor da Secretaria de Políticas Sociais do Sintrajufe, Caio Britto. Em e-mail ao programa enquanto este estava no ar e a interativa valendo, Caio informava o ocorrido e cobrava providências. Em resposta, a produção do programa informava que "o problema técnico que tivemos impossibilitou chamadas para os dois telefones. O resultado divulgado é o computado das ligações do período que o sistema estava funcionando" , dizia a mensagem, que também pedia a "compreensão" do telespectador.

Mais manipulação - Na mesma noite, mas antes do programa dos Sirotsky, o Jornal Nacional, dos patrões e sócios da RBS, ao noticiar "os conflitos de rua ocorridos em Porto Alegre", o telejornal "informou" que se tratou de uma invasão da Via Campesina a um supermercado para protestar contra a alta do preço dos alimentos. Isso e nada mais. Omitiu-se, entre outros, o pequeno detalhe de que se tratava de um protesto contra a corrupção no governo Yeda Crusius e que os policiais agiram para evitar que os manifestantes chegassem perto do Palácio Piratini.
Enquanto isso, ao cair da noite, no Palácio Piratini, uma imagem e uma frase ilustraram também qual é solo no qual trafega a "informação". Soldados a cavalo da Brigada Militar vigiavam a entrada da sede do Executivo. Ao ver uma equipe de TV gravando um boletim ao vivo, um dos soldados aproximou-se e disse: "aproveitem, que a partir de amanhã não tem mais gravação ao vivo na frente do palácio".
Questão de ponto de vista - Manchetes da Folha de São Paulo e da Zero Hora (12/06) sobre o mesmo fato:
- Folha de São Paulo: Governo do RS reprime ato contra a corrupção
- Zero Hora:Confronto entre manifestantes e Brigada Militar leva 12 à prisão



O que me deu vontade de comentar, que gerou essa coceirinha nos dedos para escrever não foram os fatos relatados em si. Via Campesina, Brigada Militar, Governo Yeda, whatever. O que capturou minha atenção foi o autor do texto (???) e sua percepção. Será que ele realmente acredita em tudo que questiona?? Ele realmente acha que existe todo esse complô??

Eu não estou aqui para defender direita, esquerda, MST ou RBS, só fico impressionada que as pessoas realmente pensem que uma emissora de televisão vai perder seu tempo bloqueando linha de telefone de pesquisa de opinião. Se fosse pesquisa eleitoral ainda, vá lá, mas pesquisa sobre a percepção de um fato??? Será mesmo que é tudo uma diabólica maquinação para fazer as pessoas acreditarem que as outras pessoas são contra determinada coisa e assim induzir aquele que está vendo a ser contra também??? Ai, só de escrever isso já me confundi, imagina maquinar essa estratégia toda!

Veja bem, eu não estou dizendo que não acredito em manipulação de informações por parte da mídia. Acredito sim, e de forma convicta. Não existe isenção total, ninguém é completamente imparcial, todo mundo conta uma história sob sua própria perspectiva, por mais neutro que queira parecer. E digo isso me referindo à mídia, aos livros de história, à discussão com o namorado que uma amiga está lhe contando.

Agora, daí a acreditar que tudo é conspiração, que o tempo todo os "donos do poder" estão planejando formas de nos induzirem, de nos educarem, de nos enganarem??? Nada me irrita tanto como aqueles que acreditam que tudo é culpa do sistema! Pelo amor de Deus, quem é esse "sistema"? Onde mora?? Me apresentem!!!!!!

O maior defeito do ser humano, na minha opinião, é a teimosia. Porque não ler a Veja? Porque não ver a Globo? Leia a Veja, mas leia também a Piauí, a Carta Capital. Adquira perspectivas sobre os fatos para daí formar sua própria opinião. O contrário disso é puro pré-conceito.

E e relação ao Conversas Cruzadas...será tão difícil acreditar que o público da TV COM, que não é canal aberto e muito menos popular, não veja com bons olhos o MST? Porque me parece bem razoãvel. Esquisito e digno de investigação ia ser se esse público, o mesmo público que assiste ao Tatata Pimentel em eventos sociais e a Fernanda Zaffari comentando "estilo de vida", visse com bons olhos uma invasão de fazenda. Aí sim, eu diria que é tudo conspiração!!!!!!!!!!!!

Menos confabulações e mais ações, por favor. Só pra variar.

domingo, 15 de junho de 2008

Édipo



Fui finalmente assistir a peça do meu amigo-irmão-único-representante-masculino-desse-blog Pato, Édipo, no Teatro São Pedro e só quero comentar que adorei. Admito que as peças do Alabarse, terceira que o Pato participa, sempre me dão uma preguicinha prévia pela longa duração e os textos antigos, mas elas nunca me decepcionam. Sempre que vou ver adoro. Pena que fui assistir no último dia e portanto minha dica não vai valer muito pra quem ler aqui e quiser assistir, mas como provavelmente voltará a entrar em cartaz em breve, fica a sugestão.

Ah, e que orgulho de ver Mr.Zugno falando, falando, falando, lindo, indo, lindo!

sábado, 14 de junho de 2008

Nesta data, queri!

Lowes,

queria só fazer um comentário ao teu post, mas quando vi a coisa já tava se estendendo além da conta...
Ontem na festa de vocês conversava com um menino sobre pessoas com trajetórias de vida não-lineares, como é o teu caso. Concluímos que esse tipo de gente é infinitamente mais interessante do que aqueles que nascem e crescem com um itinerário traçado, convicções firmadas e pouca margem pra erro. Há exceções, claro, aqueles que ficam vagando errantes, sem nunca saber bem o porquê de estarem onde estão, mas quem te conhece sabe que esse não é o teu caso. De todas as Luízas que já passaram por aí, a essência sempre se manteve: uma guria - opa, mulher! - com uma capacidade absurda de interagir (e se divertir, e aprender) com as mais variadas situações e criaturas, uma amiga pau-pra-toda-obra, uma disposição permanente pra se questionar, a coragem de mudar de opinião, de direção, essa inteligência tão brilhante quanto despretensiosa, e todos os atributos que eu acredito que tu saiba que possui.
É estranho mesmo quando a gente se dá conta de que finalmente chegou aonde queria chegar (nesse momento, porque que o caminho pela frente ainda é muito longo). É bom, muito bom, ver que o esforço valeu e que a recompensa é mesmo gratificante como se esperava. Mas também dá uma agoniazinha perceber que agora não tem desculpa pra não levar o estilo de vida que parecia o ideal, afinal de contas, é assim mesmo que a vida vai ser por um tempo. Mesmos horários, mesmos ambientes, a tal rotina. Isso gera uma ilusão de permanência que é tão falsa quanto incômoda. Faz pés-na-jaca eventuais parecerem hábitos dos quais a gente pre-ci-sa se livrar. Semanas de calmaria ficam com cara de todo-dia-ela-faz-tudo-sempre-igual, rotina aprisionante. O fato é que custa mesmo encontrar o tal equilíbrio, que eu nem sei se existe na vida real...
Queri, não comecei isso aqui com a pretensão de te dar uma luz, pelo contrário: acho que me identifiquei com os teus anseios e por isso mesmo quis te dizer que não há de ser nada (é um mantra que eu preciso repetir de tempos em tempos). Relaxa, curte a paisagem, não exige tanto de ti mesma, que lá pelas tantas tu vai ter encontrado teu ritmo. E principalmente: não te lança a essas divagações em dias nublados de ressaca, na finaleira do tal inferno astral!
De minha parte, eu te digo que te amo e tenho muito orgulho de ser tua amiga! Feliz aniversário adiantado, e que venham as Luízas em versão 2008, 2009, 2010... eu faço questão de estar por perto pelo menos até lançarem o modelo sênior, quando a gente for de bengala tomar clericot e falar dos assuntos que só a equipe traz à baila, em alguma área de fumantes por esse mundo afora!

Presente

E está chegando mais um aniversário... é sempre nessa época que eu me dou conta de como o ano tá passando rápido, como parece que foi ontem o ano novo, natal, aniversário do ano anterior. Daí pra começar a ponderear sobre como a vida tá passando rápido, como parece que foi ontem que eu fiz dezoito, quinze, treze, enfim. Nostalgia?? Sei lá. Só sei que tá chegando o dia de completar mais uma primavera e a cabeça já começa a analisar, analisar, analisar.

Eu sei que esse ano tá engraçado. Não engraçado tipo dar risadas enlouquecidamente, mas engraçado tipo esquisitice total. Se eu começo a analisar meus anos anteriores, parece que foram várias vidas diferentes, em cada um uma Luiza...coisa de geminiana talvez. 2005 foi Austrália, nossa, parece anos luz atrás!!!!! Era a Luiza dúvida e agonia em relação ao futuro. Viagem com as amigas, trabalho, festas e muitos questionamentos: que faculdade eu ia fazer afinal? Aaai, precisava decidir!!!Será que meu namoro ia resistir à distância? Eu devia voltar pro Brasil ou devia ficar por lá mais um tempo? Um monte de incertezas para descobrir na volta. 2006 foi calmaria. Pé no chão e olhar pro futuro. Vida de casal total, muito estudo para passar na UFRGS, emagrecimento punk, nunca vi uma Luiza tão disciplinada como aquela de 2006! Aí veio 2007 e com ele parece que outra vida, quase que oposta àquela: de volta à solteirice e com tudo! Muita festa, viagens, novidades. Faculdade nova, trabalho, outras responsabilidades. Era a Luiza animadaça. E depois disso tudo chegou 2008 e nele eu tô me sentindo meio perdida. Tô na berlinda, meio sem saber se sou a certinha de 2006 ou a transloucada de 2007. Resolvo pirar, sair, dançar e me arrependo porque vejo que não era bem isso que tava afim. Aí me proponho a ficar mais em casa, estudar, acordar cedo para malhar e canso da rotina rapidinho. Tá difícil de achar o tom, definir meu ritmo, encontrar o caminho que me deixe tranquila. Acho que é isso que eu quero de presente de aniversário.

...pensamentos, teorias e devaneios...