quarta-feira, 3 de setembro de 2008

100% de aproveitamento

Uma constatação que eu fiz em uma das inúmeras tardes ensolaradas da época em que trabalhava em um escritório de advocacia na beira do Guaíba: cada minuto livre pode ser aproveitado de inúmeras - e deliciosas - maneiras. Ali, na hora de buscar um cafezinho, eu olhava pela janela e via o rio, o Marinha, ambos como que me provocando: "vem, Mariana, dá uma escapadinha pra correr vendo o pôr-do-sol na orla... tomar um chimarrão na grama, que tal, hein? Vem!". Eu ignorava com muita dificuldade, acabava voltando logo pra outro cafezinho, e daí a dependência de cafeína que me acompanha desde então.
Nos dias de chuva, não pense que a tentação não existia. Ela começava antes, na minha cama. Ao longo do dia, ressurgia, na forma de pequenos lampejos: "quantos filmes imperdíveis estão passando no cinema, mesmo?". Ou "quantos cafés estão abertos neste momento, com uma cadeira reservada especialmente pra sentar-se por longas horas, terminando de ler aquele livro viciante, ou começando a ler aquele outro?". By the way, "quantos livros não lidos empilhados na mesa de cabeceira, hein?".
Mas eu seguia lendo (processos, leis, pareceres,...), escrevendo (petições, relatórios, correspondências,...), telefonando, indo ao Foro, à Justiça, ao Tribunal, ao diabo a quatro... e por mais que meu dia-a-dia fosse agradável, a sensação era de que eu não pertencia àquela vida, que poderia ser muito diferente. E tanto poderia, que assim foi.
Ultimamente, o tempo livre anda sobrando, mas isso não é mais um problema. Afinal de contas, além dos livros, dos filmes e das corridas, meus dias são preenchidos com receitas na cozinha, e nessas horas eu me sinto, finalmente, fazendo o que eu deveria estar fazendo. E plenamente satisfeita com isso. Meu horário de trabalho não é fixo, e jamais coincide com o da maioria dos meus amigos: escolhi pegar no batente na hora em que o resto se diverte. Sem problemas quanto a isso, adoro aproveitar os parques e cinemas vazios, quando eu ainda não comecei a minha jornada e 90% da população está em plena atividade. E sempre dá-se um jeito de encontrar quem a gente ama, a exemplo do Pato, nosso ator-boêmio e amigo-amado. (Ainda que eu não veja a cara do ser aquático há muito tempo.)
Sinto falta da regularidade de um emprego, não vejo a hora de entrar em um restaurante, mas sobre isso eu já falei. E pelo menos pelos próximos dias, a necessidade está suprida: até sábado, bato ponto na Mostra ZH Nacional Gastronomia. A programação tá maravilhosa: Alex Atala, Fabrice Lenud, Erick Jacquin, João Leme, Jordi Roca, Neka Menna Barreto, Sérgio Arno, Emmanuel Bassoleil, Luigi Tartari... Para aqueles a quem esses nomes não dizem lhufas, o equivalente é: comida deliciosa, de todos os tipos, criatividade, sabores surpreendentes... uma delícia! Quem puder prestigiar, não vai se arrepender. 5º andar, estacionamento do Shopping Iguatemi.
E agora eu vou correr, que o dia tá lindo e eu só começo às 18h... Bom apetite!

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