segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Sentir - Senti - Sem ti

Ontem recebi uma carta de uma amiga querida, porém muito distante que nunca me escreve. Pois quando eu a abri, lá estavam as suas histórias tão bem escritas e tão bem contadas que seriam capazes de comover qualquer leitor mesmo sem conhecer o remetente. E no fim, a frase que mais me chamou a atenção:
- Estou triste e precisava colocar alguns dos meus tantos sentimentos para fora, nem que fosse numa folha de papel para ver se me livro de alguns e/ou se, pelo menos, os organizo.

Fiquei pensando nas emoções em geral e principalmente na tristeza. Depois de ler a biografia das principais cantoras do mundo, pelo menos para mim, que não sou nenhum crítico de música, mas que, sim, aprecio a arte feita com alma: Elis Regina, Billie Holiday e Édith Piaf. O que estas três mulheres fenomenais teriam em comum? Uma vida desgraçada? Não exatamente. O que percebi foi que todas elas acumularam durante suas trajetórias uma tristeza pela vida, mas, ao mesmo tempo, uma vontade tão grande de viver. Talvez e provavelmente sejam as trapaças que o destino de um o aplica e a sua fantástica habilidade de amar. Tudo em um só corpo e alma. É isso. O que falta na arte e no mundo são emoções e a sabedoria de senti-las e degustá-las.



Esses dias ainda ouvi nosso grande poeta Vinícius de Moraes me dizer que não se faz samba sem tristeza. Mas justo samba que é tão animado? Pois é assim mesmo. De certo para se fazer arte é preciso ter os sentimentos a flor da pela, exalando sensibilidade por todos os poros de nossos corpos. Talvez não seja também só uma questão de arte. A tristeza é uma qualidade inerente ao ser humano. E com ela evoluímos e vamos nos transformando aos poucos em pessoas melhores. De repente, quando ela vier é bom deixá-la fermentar e amadurecer dentro de nós como o vinho em um barriu de carvalho. O carvalho também há de ficar melhor.

Todas estas frases acima que estão em forma de afirmações, são apenas indagações que surgiram conforme fui observando o meu infinito particular. Aceito críticas, doam o que doer. Afinal: “...no fundo, toda a dor tem uma pontinha de prazer...”

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