segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Humores

Quando se espera muita coisa, quando há possibilidades demais em um horizonte não muito distante, é obviamente gostoso, mas ao mesmo tempo se carrega uma ansiedade e agitação constantes, super difíceis de dominar, que até incomodam. Por outro lado, quando a vida está estabilizada, a rotina está seguindo seu curso normal e tudo está acontecendo dentro do planejado, a tranqüilidade impera, mas há uma monotonia chata lá no fundo que atucana, como um micro-pedregulho no sapato. Qual dos dois estados de espírito eu prefiro? Difícil, hein?

A minha ansiedade é algo normalmente discreto e controlado, pelo menos para quem vê de fora. Porém, quando em contato com doses cavalares de expectativas, não há mais qualquer controle ou racionalidade que a segure, eu sinto fisicamente: coração acelerado, adrenalina liberada gradualmente, agitação constante. Até um certo ponto é bom, riso fácil, animação geral, mas ela sempre passa desse limite e chega naquele em que não se sabe mais o que fazer, sendo que uma pessoa ansiosa SEMPRE tem que ter o que fazer.

Já a rotina bem vivida de uma vida estabilizada é uma maravilha para o corpo e para a mente. Entretanto, nada pior do que a total ausência de expectativas – pelo menos pra mim.

Dá até para fazer um paralelo com a paixão. Que maravilha é estar apaixonada, aquele início, a paixão avassaladora, o pensamento parando na pessoa o dia inteiro, de cinco em cinco minutos. Todo mundo busca isso, inevitável. Mas se pensarmos racionalmente – expressão obviamente ausente do dicionário de alguém apaixonadaço - não tem fase com mais alterações de humor do que esta. Vai-se do riso bobo ao ciúme infantil em um estralar de dedos, da felicidade plena à tristeza profunda em uma tarde sem o telefone tocar. Ao contrário, quando já se está naquela fase do namoro/casamento que a paixão enlouquecedora passou, o humor já não muda mais tão fácil, é muito mais difícil chegar na tristeza profunda... mas aquela felicidade plena, aquela alegria infantil, as inconfundíveis borboletas na barriga, também não dão muito sinal de vida não. E aí, o que é melhor?

“Cada escolha, uma renúncia”. Frase manjadíssima, e não à toa. Qualquer escolha traz inevitavelmente uma renúncia e talvez o grande desafio seja descobrir o melhor caminho a pegar. Eu acho que sempre tenderei ao caminho dos excessos, com ansiedade e paixão, foda-se. Quedas bem maiores, sem dúvida, mas provavelmente alegrias inigualáveis. Assim espero.

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