segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O Tempo faz Gemer

O primeiro contato que tive com O Animal Agonizante, maravilhosa novela de Philip Roth, foi em 2007, quando li o livro pela primeira vez. Lembro que, logo após terminá-lo, pensei que precisaria voltar a ele quando tivesse 50 ou 60 anos, com a maturidade, o corpo e a alma mais prontos para absorver aquele texto que já mexera comigo e me transformara. Se com 22 anos aquelas palavras já me causaram um impacto tão grande, fiquei curioso para saber o que elas fariam comigo anos depois.

Numa única história, Roth entra nos sentimentos de diversas relações humanas (com homens, mulheres, família, consigo mesmo, com o tempo e a idade) como se tivesse uma longa pinça capaz de entrar fundo em nós, nas nossas entranhas e trazer todas as emoções a tona. Por isso, ao fecharmos a contracapa do livro, temos a sensação de soco no estômago.

De 2007 para cá, Luiz Paulo Vasconcellos tem me comentado que gostaria de montar esse texto para o teatro num monólogo em que ele viveria David Kepesh, o animal agonizante. Há 3 meses Luciano Alabarse, diretor do espetáculo, me convidou para produzir a peça junto com ele, e eu, imediatamente, topei! Li o texto adaptado pelo Luciano: mais um soco no estômago.

Quando vi o primeiro ensaio, uma leitura, com móveis improvisados, uma luz geral fria e o Luiz Paulo dizendo aquelas palavras como se fossem suas - elas eram suas! – me dei conta que já não precisava mais tanto voltar aquele texto quando estivesse mais maduro. Estava tudo ali na minha frente: vivo, forte, intenso, dolorido até o último gemido. Me dei conta que, sim, Luiz Paulo Vasconcellos é O ANIMAL AGONIZANTE.

Theatro São Pedro, de 4 a 7 de novembro - quinta a sábado às 21h e domingo às 18h

Teatro do Instituto Goethe, de 12 a 28 de novembro, sextas e sábados às 21h e domingos às 18h

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