segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Só os patéticos são felizes

Não é a toa que o Woody Allen é o Woody Allen. Saí do seu último filme maldizendo o coitado, pensando como um diretor pode alternar entre o genial e a mais infame comédia, elaborando que talvez a razão para isso seja essa obrigação que ele se impõe de fazer um filme por ano. Enfim, saí rindo sozinha daquela babaquice que eu tinha acabado de ver.

Mas é aí que entra “o cara”. Ninguém é “o cara” em alguma coisa por nada, certamente há razões para isso. Sem perceber, comecei a pensar no filme e ver que por trás daquela aparente comédia boba tinha muita coisa interessante, sim. Dos dilemas mais atuais, da descartabilidade dos relacionamentos, do que realmente se busca em um casamento, da idealização que todos fazemos, da eterna busca pela juventude que o mundo hoje nos impõe. Mas acima de tudo, o filme mostrou com maestria uma variação daquele dito que diz que “de perto, ninguém é normal”. É o que diz que de perto, todo mundo é patético! Todos aqueles que se mostravam de alguma forma racionais ou confiantes, ao serem observados com atenção vão demonstrando um dom para serem perdedores. Todos nós somos kind of loosers. E qual não é a surpresa no filme ao se perceber, no final, que aquela única pessoa que era obviamente patética, a perdedora em potencial, é a única que se dá bem? No fim e ao cabo, Woody nos deixa o recado de que às vezes racionalidade e pragmatismo não trazem a felicidade, pelo contrário: nada como uma farta dose de ilusão para seguirmos adiante na vida! Não é à toa que religiões e livros de auto-ajuda vendem muito mais do que terapia e filosofia.

É triste, bizarro, e o que mais me assusta: recorrente. Ando vendo tanta ilusão por aí garantindo uma certa dose de confiança, que chego a maldizer esses meus questionamentos constantes! Aquela velha questão que se impõe: seria a ingenuidade um caminho mais seguro para a felicidade? A contar pelo número de poetas e literatos discorrendo sobre suas angústias, tudo leva a crer que sim.

Eu, por outro lado, prefiro acreditar que não, ainda escolho a noção da verdade ruim ao apoio em uma mentira boa. Pena que cada vez mais os fatos desmentem meus credos. Os fatos e tu, Woody, que mais uma vez me pegou.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Xô urucubaca!

Passei uns diazinhos brabos de angústia na última semana. E das piores angústias. Porque é ruim quando nos agoniamos por motivos corriqueiros, daqueles que nos atormentam dia sim, dia não, como um amor não correspondido, um pé na bunda, uns quilinhos a mais na balança, uma briguinha com a mãe ou uma irritação com uma amiga, mas sempre tem solução, a vida segue. O problema é quando a própria vida fica em suspenso. E aí? Como faz?

Eu me considero uma sortuda pela quantidade de gente que me cerca! Desde o meu nascimento já dizem que foi bagunça, confusão e griatria no hospital e assim seguiu a minha vida. Para se ter uma idéia, quando eu nasci eu tinha 1 tataravó, 2 bisavós, as 2 avós e os 2 avôs, mais uma penca de tios e tias. Meu pai e minha mãe resolveram se separar quando eu era bem novinha e logo logo adicionei padrasto e madrasta pro meu rol de parentes. Além disso, toda minha família sempre foi muito próxima, primos de segundo grau são como primos-irmãos, o que acaba fazendo com que se torne mais gente ainda na volta. De qualquer forma, considero que tive três (grandes) homens responsáveis pela minha criação e que sempre foram (e sempre vão ser) minhas referências: meu pai, que é além de tudo meu grande amigo e parceiro, meu vô Telmo, minha paixão e a personalidade mais querida que eu já conheci, e o Tio Nico, que casou com a minha mãe quando eu era uma pitoca e juntos ficaram pelos vinte anos seguintes.

Pois bem, nesse findi meu vô e o Tio Nico foram parar no hospital e não estavam muito bem não. Pois é, amigos, com o perdão da palavra: putaqueopariu! Não sei nem descrever o cansaço psicológico que foi. Porque nessas horas a nossa vida inteira começa a passar pela cabeça, bate uma nostalgia desgraçada, mais um medo terrível do futuro e, somado a tudo isso, tem aquele climinha de hospital, que não levanta nem o astral da Poliana!

Era engraçado que quanto mais angustiada, mais vontade eu tinha de escrever sobre, mas eu simplesmente não conseguia! Era só pensar no que escreveria e na segunda palavra uma lágrima safada já tava escorrendo do meu olho. Só agora, que a poeira baixou, tudo melhorou, meu vô já está pedindo sorvete e o Tio Nico conversando feliz da vida que eu consegui escrever (um pouquinho) sobre essa função toda. Não, é claro, sem a insistente lagrimazinha nos olhos - ela está sempre presente - mas pelo menos agora com um belo sorriso no rosto!

Xô urucubaca!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Verão taí!!!

Definitivamente o verão chegou. Para mim isso equivale a alegria. Cerveja gelada. Ânimo. Sol. Piscina. Praia. Corrida. Pés descalços. Havaianas. Hmmm....

A arrancada para o verão desse ano traz ainda alguns bônus para a elevação dos ânimos, com um monte de eventos legais para obrigar até os mais caseiros a observarem as calçadas floridas pelos nossos belos Jacarandás e se depararem com as formosas vaquinhas que andam espalhadas por aí!

Só nesse fim de semana tem programação para todos os gostos: hoje é dia de estréia de "O animal agonizante", com direção do Luciano Alabarse, produção do meu amado Fernando Zugno e encenado pelo Luis Paulo Vasconcellos, no sempre belo Teatro São Pedro (texto sobre a peça CLIQUE AQUI).

Esse foi o primeiro livro que eu li do americano Philip Roth e posso dizer que terminei em uma tacada, sem fôlego e impressionada com a habilidade com que ele constrói seu texto. Ele, inclusive, é sempre cotado para receber o Prêmio Nobel de Literatura (comentário para que corram lá para conhecer sua obra para poderem discorrer sobre ela quando - e se - esse prêmio chegar! Hehe).

Amanhã e sábado é dia de stand-up comedy com o CQC Marco Luque no Teatro Bourbon Country. Segundo um amigo meu conhecedor desse tipo de espetáculo, o Luque é um dos melhores. Eu vou conferir.

O fim de semana ensolarado chama ainda uma passeada pela nossa Feira do Livro, quem sabe com uma salada de frutas da Banca 40 do Mercado Público antes e um chopinho no Chalé da Praça XV depois? E até uma passada no Santander Cultural para conferir a vídeo-instalação do Bob Wilson que está rolando por lá desde o Em Cena e fica até dezembro. Já dá para aproveitar e comer por ali mesmo, no Restaurante do Cofre, que tem coisas deliciosas.

Já domingo é dia de Paul McCartney no Beira-Rio, reunindo portoalegrenses de todas as idades, grupos, profissões. Da minha casa, por exemplo, vai todo mundo (só não vai o cachorro porque ele foi morar no sítio). Chance única de ver um beatle cantar de frente para o Guaíba, um pouco depois de cantarolar com Kleiton e Kledir que deu pra ti, baixo astral, vou pra Porto Alegre e tchau.

E as programações não acabam, a tendência é "piorar". Mais um feriadão em vista, Groove Armada por aqui no dia 11/11, e dizem que até David Guetta dia 12... E depois função natal/ano-novo começa a bombar.

Por isso que eu seguirei no meu período zen-budista-caseira-relax, saindo sempre que o evento pede. Ou que o tempo pede. Ou que a sede pede. Enfim, saindo sempre que necessário.

É, peguem um pouco de fôlego: o verão chegou e ele não tá para brincadeira.

...pensamentos, teorias e devaneios...