sábado, 18 de abril de 2009

Divã


Acabei de sair do cinema, fui ver Divã. Nossa, coisa boa quando um filme brasileiro é bom! Eu já defendi essa tese aqui algumas vezes, mas sou repetitiva mesmo: quando os nossos filmes são bons, na minha singela opinião, eles são melhores do que qualquer blockbuster de Hollywood. Porque, para mim, nada melhor do que se identificar de alguma forma com o que estou assitindo, me sentir tocada. E filmes que tem a nossa linguagem, nossos costumes, nossas paisagens, permitem isso mais do que todos os outros.

Bom, fui ver Divã sem grandes pretensões. Já tinha lido o livro da Martha Medeiros alguns vários anos atrás e tinha gostado. Gostado e ponto. Não sei se fui eu que amadureci e passei a ver as coisas com outros olhos ou se foi a adaptação do roteiro e mais a maravilhosa atuação da Lilia Cabral os responsáveis pelo up grade na minha opinião, mas eu sei que eu realmente gostei MUITO do filme.

A começar e principalmente por ter uma protagonista CRÍVEL. Ela não é nenhuma super mulher, tem seus defeitos, não está acima de tudo e de todos. Ela é extremamente HUMANA. Como eu gosto quando a ficção consegue fugir das idealizações e ainda assim nos cativar. Ninguém precisa ser perfeito para ser admirado. No mundo real, aliás, ninguém é perfeito mesmo.

No mais, pela história fugir do conto de fadas tradicional. Por ser que nem a vida, permeada de momentos felizes, outros tristes, alguns cômicos, outros de questionamentos constantes. Isso tudo sem uma ordem pré definida: a tristeza não tem que vir antes, para no fim se atingir a redenção e ser feliz para sempre. Podemos ser felizes agora, tristes amanhã, voltarmos a ser felizes depois e por aí vai. Maduros hoje e infantis amanhã, porque não? A vida é cíclica, não existe um começo, meio e fim. Aliás, até existe: nascimento e morte. Mas o que acontece aí no meio não é previsível: casar não significa atingir um objetivo e pronto, felicidade eterna. Ter alta da terapia não significa ser bem resolvida para sempre e em alguns anos podemos estar batendo na portinha do analista novamente. Ter filho é um lindo "happy end", mas é o início de outras inúmeras preocupações. E alegrias. A perda de uma pessoa querida pode significar uma tristeza profunda... mas mais dias de alegria virão depois disso também e daqui a pouco se perderá mais alguém. Como diz a Mercedes, protagonista do filme, "não adianta procurar definições, com o tempo aprendemos que na vida tudo é transitório".

Enfim, o filme me tocou e isso basta para eu admirá-lo e recomendá-lo. Então tá dito: vai lá.

Um comentário:

Junior disse...

eu tb vi!!! tb acabei de sair do cinema (aliás, acho que vimos no mesmo horário, quiça mesma sala!!).

Admito que fui meio contrariado... "filme brasileiro", e "de mulherzinha".

Mas me surpreendi. Real, engraçado, triste, tudojuntomisturado.

Gostei muito também.

Ah, e, como sempre: parabéns pelo texto.

Bjo!

...pensamentos, teorias e devaneios...