domingo, 1 de junho de 2008

once

Nunca fui muito fã de musicais... Superproduções, gestos escancarados, gritaria, brilho, maquiagem, ui! Não vejo sentido em tanto investimento a fim de descrever situações e sentimentos que seriam muito melhor apreendidos pelo público se a câmera pudesse focar uma lágrima, ou qualquer expressão mais sutil.
Nesse caso, acho que a exceção se deve ao fato de não se tratar exatamente de um musical... Mas quem se importa, no meu mundo os musicais seriam assim!
O filme conta a história de um músico de rua/reparador de aspiradores que conhece uma vendedora de flores/pianista nas ruas de Dublin. Desde o primeiro contato entre os personagens eu fiquei na dúvida se se tratava mesmo de personagens ou se o diretor tinha resolvido filmar uma aproximação espontânea entre duas pessoas do mundo real.
A guria e o cara (eles não têm nome mesmo, reparem nos créditos) estabelecem uma química tão delicada, que eu passei os 85 minutos entre ansiosa e enternecida, me perguntando se era mesmo necessário que as coisas entre eles evoluíssem ou se aquela parceria já era o suficiente, tão bonita e verdadeira que nem teria como evoluir.
O tempo todo eu ficava com a sensação de que alguma coisa tinha ficado por ser dita, ainda que a guria tenha se feito notar, no início, justamente pela cara-de-pau. Na medida em que a estória anda, no entanto, fica combinado que aquilo que realmente importa será dito em silêncio, ou em celta (língua que ela fala em casa - e que ele obviamente não entende), ou por meio da música. E é nesses momentos que a dupla se mostra tão afinada que é difícil não ficar pensando "e se..."...
Saí do cinema pensando que a gente sempre vai ter uma vozinha na cabeça nos perguntando "e se...?" (a não ser nos musicais da Broadway e nos blockbusters de Hollywood, onde a escolha certa é uma só, óbvia. Chato...). Can´t help it, sempre vou me perguntar como teria sido... mas sempre vou saber que o que foi, por si só, já valeu, e o que será também vai ser bom, sem dúvida. Ou com dúvida, que é muito mais interessante.
Enfim, quis falar do filme através da minha ótica, já que a história é tão intimista, mas já comecei a divagar, então vou parar por aqui. O título em português é "Apenas Uma Vez", vai lá.
P.S.: At last, but not at least: já que vai no cinema, aproveita pra ir também ao teatro ver Édipo, no São Pedro! Vou hoje, mas antes de assistir já recomendo, não tem como não ser ótimo, com o Pato no elenco e trilha sonora dos Stones!

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