sábado, 4 de julho de 2009

Precisava?

Neste exato momento eu sinto um misto de raiva, e dor, e incompreensão e... sono, por isso não vou me demorar. Já aviso de antemão que ninguém vai se beneficiar minimamente da leitura, portanto, se você tem mais o que fazer, não perca seu tempo lendo mais um desabafo estúpido.
Mas tu, tu pode ler. E não, não vou usar o português correto das nossas últimas correspondências. Soube recentemente que de vez em quando tu dá as caras por aqui, então se existe um mínimo de curiosidade quanto ao que eu senti depois dessa noite, é assim que eu pretendo te contar.
Nunca pensei que tu fosse sádico. Não costumo te ligar nas madrugadas - ou em momento algum. Acredito que no 6º ano de faculdade já esteja claro que eu freqüento o caarbaré, em todas as suas edições. Te escrevi, há pouquíssimo tempo, uma carta na qual derramei tudo o que eu sinto e penso, sem pudores, sem orgulho.
Tu? Continuou me tratando bem. Me convidou pra almoçar no lugar onde a gente tinha o hábito de comer juntos. Me perguntou duas vezes sobre o maldito caarbaré. Não mencionou tua namorada nem ao responder àquela carta.
Pequenas coisas que me deixavam feliz. Não animada, nem esperançosa, só feliz. Por te ver, interagir contigo, sentir que muito da nossa sintonia ainda existia. E quem saberia o que esperar do futuro? Eu já tinha deixado de ter expectativas. Pelo menos a curto prazo - como que me acostumei à idéia de que a gente acabaria se reencontrando pela vida.
Cheguei na faculdade faceira. Com as minhas amigas, na festa que eu adoro, uma das últimas antes da formatura, sabendo que tu poderia estar lá. E tu foi a 1ª pessoa que eu vi. Me veio aquela inquietação adolescente que não me envergonha nem um pouco, mas me deixa as bochechas mais vermelhas do que já são. Dei uma volta, e quando retornei, perguntei pro César se tu tava sozinho. Era quase uma pergunta retórica, pensava ser óbvio que tu não traria a menina justamente pro caarbaré. E a resposta foi negativa. "Não tá sozinho". "Veio com a namorada?". "Veio".
Naquele momento, a música parou na minha cabeça. O quentão perdeu o gosto. Minha visão ficou turva. Não demorei pra constatar com os meus olhos o que me parecia incompreensível, inacreditável.
Não vou entrar em detalhes sobre como eu me senti dali pra frente. Tu já me viu sofrer, chorar, sentir dor... desnecessário descrever o quadro.
Mas vou falar um pouco da dor além da dor: como na mensagem que eu mandei, o sentimento de inadequação. De ter me sentido próxima de ti ainda que nada de mais acontecesse entre a gente, de ter tomado coragem pra ser absolutamente sincera contigo. Há poucas horas percebi o engano. Nós somos estranhos e acho que foi isso que tu quis deixar claro. E é por isso que eu escrevo aqui. Não saberia usar um tom mais confessional e falar com clareza, só pra ti, do que eu senti ao te ver com uma guria na festa da nossa faculdade depois dos últimos acontecimentos. Seria persistir na inconveniência.
Enxerguei canais que não existem entre a gente. Nossos olhares não se reconhecem, vi errado. Redimensionar tudo o que eu achava que nós tínhamos e teríamos pra sempre talvez demore um pouco.
Meu deus, como esse semestre demorou pra acabar...

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