quinta-feira, 1 de abril de 2010

BBB


Tá, podem me xingar, me achar fútil, podem até fechar essa janela do Explorer agora mesmo, mas eu PRECISO fazer isso: vou falar sobre o Big Brother.

Eu não tenho vergonha nenhuma em dizer que eu adoro Big Brother. Aliás, eu até me orgulho um pouco de não ter vergonha nenhuma de dizer isso, enquanto um monte de gente que propagandeia aos quatro ventos o quanto é contra o programa, corre pra ver o que anda acontecendo assim que se vê sozinho com o televisor. Óbvio que tem futilidade ali, muita bunda, muita gente sem nada para falar. Mas, vazias ou não, as pessoas que estão ali são exatamente isso: pessoas. Reais. E isso é o que torna o programa tão atraente.

A questão toda, ao meu ver, não é o voyerismo inerente à coisa toda, como muitos acreditam. O “invadir” a privacidade alheia é o de menos. A grande sacada do esquema é a observação, em tempo integral, da personalidade humana, das reações dela a todo tipo de prova (convivência, ambição, resistência, vaidade). E isso não só em relação aos que estão confinados dentro da casa, mas também aos que estão aqui fora, votando e escolhendo quem “merece” ficar ou não.

Assim – e pra mim agora vem a grande moral da coisa toda - do BBB se tira, muito mais do que uma idéia da personalidade de cada jogador (e, consequentemente, das diferentes personalidades do ser humano), a noção de moralidade geral – e isso é o que mais me encanta. Analisando cada eliminação e cada vencedor do Big Brother – tendo acompanhado os programas, claro – dá para se ter a exata noção do que o público em geral acha certo, errado, o que admira e o que repudia nas pessoas e nos seus atos. Gente, isso é filosofia pura! Aristóteles baseou sua obra buscando definir o que era ética e a gente acaba tendo uma noção geral do que o público entende por ético de forma simples assim, num reles programa infame de televisão! Calma, não estou sugerindo que se troque a leitura dos clássicos pelas pílulas de sabedoria do Bial, só estou dizendo que, se despindo dos preconceitos, muita coisa que se teoriza lá, se exemplifica aqui.

Nessas 10 edições de programa, é fácil perceber o que encanta o público, Na minha opinião: sensibilidade, integridade e autenticidade. Sensibilidade para construir vínculos na casa (Bambam e Maria Eugênia; Sabrina e Dhomini; Jean e Grazi; Alemão, Iris e Fani; Lado B do Max, Priscila e Fran; Lia, Dourado e Cadu), integridade para assumir suas atitudes (vale dizer que nada obsta que essa integridade venha de forma “malandra”: pode jogar sim, pode até arquitetar coisas, desde que seja verdadeiro) e, por fim, autenticidade, característica rara nos dias de hoje, onde todos - querendo ser diferentes - são tão iguais.

Até concordo com aquela máxima de que toda unanimidade é burra, mas não consigo aceitar que um dos poucos programas que mobiliza o país (e não, isso não é exagero, basta acompanhar o twitter em dias decisivos do programa) não tenha seus méritos. Acho que nesse caso, a maioria que descarta o programa por puro pré-conceito acaba sendo muito mais tola do que a maioria que o acompanha. E é por isso eu seguirei acompanhando... podem me chamar de fútil, mas eu já fiz a lição de casa e li Ética a Nicómaco, só me resta agora buscar os exemplos.

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