segunda-feira, 9 de abril de 2007

tudo é uma questão de perspectiva

Tudo na vida depende do ângulo do qual se observa.
3 dias habitando um barraca, com direito a chuva torrencial, ventos uivantes, e despertar ao lado de um escorpião, por exemplo: a tradução perfeita da expressão "programa de índio", muitos diriam. Já eu, a cada vez que entoava o mantra "melhor que a Páscoa passada", estava sendo profundamente sincera! Mesmo quando minha tenda parecia a ponto de levantar vôo, mesmo enquanto eu contava os minutos pro amanhecer de uma noite tenebrosa, mesmo quando esqueceram de trazer nossa comida no restaurante... Nesses momentos eu podia juntar as mãos e rezar, me abraçar nele com mais força e esbravejar contra o garçom, respectivamente. E foi exatamente o que eu fiz! Na volta pra casa, entre um alfajor e outro, contrariando (quase) todas as impressões de quem estava à minha volta, eu sentia que a experiência tinha valido a pena, after all. E olhando pro lado, eu sentia que o cara no volante concordava comigo...
Não acredito que isso aqui vá ser lido por alguém que já não saiba dessa história de trás pra frente, mas com licença, se tem hora pra exorcizar demônios, ei-la:
Na Páscoa de 2006, eu estava numa cama de UTI, semi-paralisada, sem conseguir articular uma frase, usando fraldas e dependendo dos outros pra comer, tomar banho, etc. Na de 2007 eu fui capaz de fazer xixi num buraco no chão, valendo-me da força das minhas pernas! Gente, viva a latrina do camping, ela foi símbolo da minha recuperação!
Ih, já vi que falhei em manter o espírito que motivou o início deste tópico. Foi uma emoção que quase me levou a chorar há poucos minutos, mas não adianta: é eu começar a falar sobre isso que já tento pintar um quadro cômico. Sempre achei que fosse pra evitar que o ouvinte ficasse constrangido, compadecido... mas vejo que nessas tentativas acabei me esquecendo de como se faz pra deixar doer...
Realmente, este ano tem sido muito melhor do que o que passou. Mas agora que tá fazendo um ano, eu preciso parar pra pensar em tudo o que mudou dentro de mim (se é que eu mantive alguma peça de fábrica), e pelo menos pra começar, vou me aliar à minha velha amiga Introspecção. Tenho a impressão de que o teclado vai me ajudar bastante, ainda mais agora que a minha psicóloga tá saindo de licença-maternidade!
Ou seja, preparem-se pra uma Mari mais quieta do que de costume... ou mais eloqüente do que nunca... tudo é uma questão de perspectiva.

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