sexta-feira, 26 de junho de 2009


Eu tenho tantas coisas para comentar por aqui, mas o trabalho me raptou e ainda nem deu sinal de que há a opção de resgate... Acontece que esse início de inverno me deixa muito mais pensativa, faz a minha cabeça fervilhar e todo e qualquer assunto me parece ser digno de comentários. Pelo amor de Deus, até o Michael Jackson morreu, quer assunto com mais pano para manga?

Mas na real por enquanto eu vou passando esse papinho-astro-pop, deixo para os Globo Repórter da vida. Enfim, o assunto hoje é uma coisa na qual eu venho pensando. É sobre relacionamentos. Ih, fudeu – alguém deve ter pensado.

Há uma corrente de pensamento que é um encontro entre a Teoria de Darwin e a psicologia que é a chamada Psicologia Evolucionista. É um modelo que explica os fenômenos psíquicos a partir da genética e da evolução. Pois bem, opinião de leiga: nada poderia se encaixar melhor na explicação da busca permanente do ser humano – e principalmente do jovem – pelo seu par “ideal”.

A Teoria da Evolução de Darwin diz que os indivíduos mais adaptados prevalecem no ambiente. Assim, muito provavelmente todos nós, inconscientemente, buscamos no parceiro as características que acreditamos mais aptas a “vencer”, para que passem para uma eventual prole. Não adianta, nós somos programados geneticamente para reproduzir e possivelmente a nossa busca é conduzida, claro que involuntariamente, por essa simples função genética. Que romance o quê, no fim é quem dá as cartas são os nossos genes mesmo!

Somado a isso, ainda somos programadas desde crianças (as mulheres, no caso) a acreditarmos em conto de fadas e que o nosso “end” só vai ser “happy” se um príncipe vier nos resgatar em seu cavalo branco. Sonho, devaneio? Por incrível que pareça, de um jeito ou de outro, é o que todas esperam. E o pior é que a gente cresce e segue vendo que o príncipe é a única opção de final feliz... ou alguém lê outro recado nos contos de fada disfarçados de filmes de Hollywood e novelas da Globo que consumimos avidamente?

Resultado: Darwin + Hugh Grant + pitadas de Gianechinni = estereótipo do par ideal.

É fato que toda mulher idealiza um tipo de homem como aquele que seria o seu ideal. Seja darwianamente, procurando um bonito e saudável para gerar bebezinhos idem; seja freudianamente, buscando a figura do pai no par; seja romanticamente, esperando um príncipe para dar início ao seu tão esperado final feliz. Não interessa o que cada uma idealiza, o fato é que a gente efetivamente idealiza. E muito.

Eu sempre notei isso em mim e me questionei o quanto essa idealização me fazia perder. Porque eu já embarquei em paixões com quem eu não tinha a mínima sintonia, pura e simplesmente por achar aquele O cara, do jeitinho que eu queria. E também já deixei outras tantas de lado por não suprirem esses requisitos aí, que eu nem bem sei quais são. Depois que a poeira da paixão baixa, dá para perceber claramente que foi a minha própria “seleção natural” que fez eu me apaixonar ou largar alguém de mão.

Do mesmo jeito, tenho notado esse fator influindo claramente nos relacionamentos de duas amigas minhas ultimamente: em sentidos opostos, elas estão sucumbindo ao “estigma do homem perfeito” e deixando que ele fale muito mais alto do que a força dos fatos. Eu digo em sentidos opostos porque uma se dá extremamente bem com um que teoricamente não seria o perfeito imaginado por ela e a outra mantém uma relação que talvez não valha a pena, simplesmente por achar que aquele seja o perfeito. Complicado?

A amiga 1 está com o cara que supostamente não é o ideal - pelo menos não conforme o imaginado – mas eles se dão incrivelmente bem, tem uma sintonia absurda, nada parece faltar ali. Só que ela reluta. A amiga 2, ao contrário, tá com o cara que ela sempre idealizou como o ideal, que parecia que viria a se tornar rapidamente o marido perfeito, pai perfeito, companheiro perfeito. Só que, numa dessas rasteiras que a vida dá, ela percebeu que não existe tanta perfeição assim. Ainda assim preferiu manter a relação com ele - ou será com a imagem que mantém dele?

O complicado de tudo isso é que me parece que a gente acaba seguindo a linha errada de raciocínio. O que a gente tem que entender – eu, inclusive – é que não existe um par ideal pré-concebido. Senão quando acabassem os ricos, bonitos e não fumantes ninguém mais casava! O par ideal é aquele que dá certo com cada um, que tem química, que se prova certo com o tempo. Pré julgamentos só nos confundem e nos fazem perder coisas boas. Ou insistir nas ruins.

Espero que eu, a Amiga 1 e a Amiga 2 consigamos ultrapassar essa imagem pré-concebida. Que Darwin seja posto de lado, que Nothing Hill seja esquecido, que só os fatos e os sentimentos sejam analisados. E que assim, da idealização passemos à efetiva realização.

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