terça-feira, 4 de agosto de 2009

enjoy the silence

Chego de férias e me deparo com uma produtividade intensa aqui no Purfa. Luiza e Pato a todo vapor: cabeças fervilhando, dedos tinindo, uma loucura! De cara quis escrever algum texto perspicaz, à altura, mas ôxi, que me deu uma preguiça...
Habituada que eu sou a escrever textos-manifesto, percebo que voltei pra frente do teclado sem ter uma idéia que eu quisesse muito compartilhar. Sabe como é voltar de uma viagem em que muitas coisas aconteceram e não ter o menor saco de contar como foi? É isso. Em parte. Porque resumir vários dias espetaculares durante um almoço fatalmente banaliza a experiência...
Mas tem outros detalhes, e agora eu começo a me preocupar ao me dar conta de que talvez eu escreva um bocado sobre a minha falta de vontade de escrever...
O que essas férias tiveram de diferente foi o fato de eu ter voltado com outro estado de espírito, e isso ser a grande novidade. Claro que o roteiro incluiu também paisagens deslumbrantes, personagens pitorescos, festas, indiadas, camaradagem... Mas falar dessas coisas todas sem mencionar o bem que elas me trouxeram me faz sentir como se estivesse lendo um guia turístico, ao mesmo tempo em que contar da viagem explicando o porquê de eu ter voltado tão zen me transformaria numa mala sem alça, tipo aquelas pessoas que querem converter todo mundo à dieta macrobiótica, à Bola de Neve Church, ou a qualquer roubada que traga a promessa de "mudar sua vida".
Então serei breve, pra evitar o tom de profetisa do apocalipse, mas vou ter que falar um cadinho da Bahia... Dias de sol e mar, noites de forró... aquele povo debochado, o sotaque contagiante (mesmo!)... o cansaço de um dia bem aproveitado, curtido como a vida deve ser... aquela atmosfera conseguiu o que parecia impossível: me desacelerar. Relaxar cada músculo do meu corpo. Ver graça no que antes andava me enervando. A ausência de um itinerário apertado, cheio de atividades programadas, foi fundamental: nossa única preocupação era que fizesse tempo bom, e com isso o dia se resumia a estender as cangas na areia e ali ficar até o dia acabar. Dava pra sentir a paz chegando e se instalando, ocupando todos os espaços, sintonizando minha freqüência e eliminando os ruídos.
Esses dias por lá como que prepararam o terreno pro que veio depois: fui a Campo Grande, MS, visitar minha família paterna, que eu não via há mais de 15 anos. Conheci uma irmã, revi primos que brincavam comigo e agora são casados, têm filho, ou simplesmente cresceram consideravelmente, meus tios envelhecidos, meus avós mais ainda... Passei um espanador na minha história, e me surpreendi com o que encontrei sob o pó.
O que ficou desses dias? Eu ainda não consigo dimensionar. Só sei que cheguei aqui praticamente desprovida de convicções, e muito mais interessada em observar do que em me manifestar. Porque tenho a nítida impressão de que meu modo de enxergar o mundo mudou drasticamente, e agora eu acordo de manhã curiosa pra saber como vai ser o dia, visto daqui.
Não descrevo as primeiras impressões pela mesma razão de umas linhas acima, mas posso dizer que a nuvem negra do meu último post já voou pra bem longe daqui...
E não virei macrobiótica nem crente, caso alguém tenha ficado apreensivo.

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